𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 39- 𝙲𝚒𝚗𝚌𝚘

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CAPÍTULO 39

⊰◎⊱

Cinco

Ela está paralisada. E eu não sei porque caralhos ela parou de correr quando estamos tão perto da saída.

- Vem! - chamo outra vez. Eu, definitivamente, não posso ir embora sem ela.

Eleanor olha para baixo lentamente, enquanto eu observo em volta para saber se ninguém se aproveita da nossa pausa. Ou da pausa dela.

Eu finalmente sigo seu olhar. A sacola com os chocolates cai da minha mão quando vejo a camisa e as mãos dela manchadas de vermelho.

Ela matou a Gestora, mas sua roupa não estava assim antes. Sei exatamente o que aconteceu aqui. Corro em sua direção, e incrédula, ela continua imóvel.

- Você vai ficar bem.

- É claro que eu vou - ela diz, mas suas mãos tremem.

Busco pela origem do tiro, percebendo que foi algum covarde para balear Eleanor pelas costas. Há poucos metros atrás, Lila se releva de um dos corredores. É uma distância perfeitamente conveniente, e a prova disso pode ser a arma em seus dedos com um silenciador.

- Eu li o caso 743 - diz ela.

Estou muito mais ocupado verificando se Eleanor está bem, mas tenho que responder:

- Não podia marcar uma reunião formal?

- Você matou os meus pais. E Eleanor matou a minha mãe, não foi? - Lila tem lágrimas nos olhos, e também a falta de remorso por Eleanor. Com certeza ela nos odeia agora por ter tirado seus pais de sua vida. Duas vezes.

- Não. Também fui eu. Devia atirar em mim, porra!

Transferir a culpa não vai mudar o cenário de Eleanor sangrando, mas espero que no fundo da alma dessa mulher, ela sinta arrependimento pelo que fez com a minha namorada.

- Não seja por isso - Lila levanta sua arma em minha direção.

Eu até poderia tentar tirar a arma da mão dela, travar uma luta mortal e acabar com a porra da vida dela. Mas Eleanor é mais importante. Não vou deixar ela esperando que eu a vingue enquanto suas mãos estão pingando de sangue.

Seguro o braço dela e me teletransporto para o estacionamento, antes de Lila colocar o dedo no gatilho. Ela não irá nos encontrar tão fácil agora, sem os rastreadores.

Assim que chegamos do salto espacial, Eleanor solta um grito agoniado. Eu me assusto, logo passando o braço dela por cima do meu ombro e ajudando ela a andar.

- Foi o salto? - pergunto, sobre seu grito.

- Claro que foi - ela exclama nervosa, apertando seus olhos.

Viajar pelo espaço e tempo é uma merda. Deve ser pior quando você tem um tiro na barriga.

O sangue está escorrendo muito rápido, e temo que tenhamos que viajar agora mesmo. Porra, como vou viajar com ela desse jeito? E se ela não sobreviver?

Não.
Não.
Não.
Não.
Não.
Eu preciso fazer alguma coisa.

Continuo segurando sua cintura e a ajudando a caminhar. Tenho que ir para o mais longe das câmeras, mas a cada passo que damos, mais lentos eles ficam. Ela está longe de chorar. Só sua respiração que está pesada e dolorosa demais para continuar andando.

- Quer parar um pouco?

- Não.

- Não minta pra mim.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesWhere stories live. Discover now