𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀ 𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco Hargreeves

𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 46 - 𝙲𝚒𝚗𝚌𝚘

CAPÍTULO 46

⊰◎⊱

Cinco

6 meses depois.

- Senhor, como eu estava dizendo... - a voz do meu representante me traz de volta para a reunião.

É muito fácil se distrair dos projetos quando tudo o que eu penso é estar com a minha noiva. Minha falta de atenção está começando a ser visível e a culpa é de Eleanor, que não sai da minha cabeça nem por um minuto.

- Claro, continue.

- A taxa de reclamações sobre o funcionamento do painel de controle infinito caiu em 36%.

- Isso é ótimo. Então já sabem que aqueles painéis precisam de manutenção pelo menos duas vezes ao ano. Não quero esse assunto outra vez - respondo, guardando os papéis originais na minha pasta.

- Ah, tem mais uma coisa. O senhor precisa aprovar a introdução de mais quatro investidores na empresa.

Arnold me passa as folhas, com um sorriso de desculpas por interromper minha saída. A minha risada acaba saindo surpresa com a conclusão da reunião.

Pego as folhas e começo a assinar. Aqueles investidores são confiáveis, mas nos tempos de crise do ano passado, quando Gestora ainda estava no comando, eles fugiram de um prejuízo.

- Me dê uma notícia ruim. Nenhum galpão explodiu e queimou todos os arquivos confidenciais? Nenhum assalto ou violações drásticas das normas? - pergunto, passando folha por folha.

- Nada. - Arnold responde - Não é querendo bajular, mas tudo mudou pra melhor quando o senhor entrou.

É claro que mudou. Eu conheço esse lugar como a palma da minha mão e duvido que alguém comande essa empresa como eu.

- Você está fazendo um bom trabalho, Arnold. Continue assim.

- Até mais, Número Cinco.

Aceno para ele e para os diretores de alas. Junto com minha pasta, levo meu café na outra mão e vou direto para o elevador.

Bebo um pouco do café, e quase engasgo quando Lila entra faltando pouco para fechar. Algumas vezes acabei encontrando ela, mas nunca próximo o suficiente para conversar.

Ela entra e fica em silêncio. Também fico, porque será bem melhor assim. Quando está perto de chegar no meu andar, Lila aperta o botão para não abrir as portas.

O que me resta fazer é escutar o que ela tem para falar.

- Parabéns por colocar elevadores na Comissão.

Eu desvio o olhar.

- Obrigado.

- É só isso que você faz agora, não é? Assina projetos. Não faz mais o trabalho sujo.

- Que bom pra mim.

- Como está Eleanor?

A pergunta me faz olhar para ela imediatamente. Meus olhos provavelmente estão cheios de raiva. Como ela se atreve a falar de Eleanor depois do que fez? Aperto o botão para abrir as portas, sem mesmo olhar para ela.

- Não vamos falar disso, Lila. Pro seu bem.

As portas se abrem e não me dou o trabalho de ficar para ouvir a sua resposta.

Meus punhos estão cerrados, mas quando penso que Eleanor ficaria irritada se descobrisse que eu a vinguei, nosso casamento sofreria um atraso.

Na minha sala, guardo a pasta numa gaveta e verifico minhas correspondências. A mesa está cheia delas, mas só uma chama a minha atenção.