𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 10

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CAPÍTULO 10:
Visitando Lembranças.

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𝙼𝚒𝚜𝚜𝚊̃𝚘 095:  𝙳𝚞𝚋𝚕𝚒𝚗, 𝙸𝚛𝚕𝚊𝚗𝚍𝚊
𝙴𝚕𝚒𝚖𝚒𝚗𝚊𝚛:  𝙿𝚑𝚘𝚎𝚋𝚎 𝙴𝚟𝚊𝚗𝚜
𝙴́𝚙𝚘𝚌𝚊:  2018
𝙾𝚛𝚍𝚎𝚖 𝚎 𝚊𝚞𝚝𝚘𝚛𝚒𝚣𝚊𝚌̧𝚊̃𝚘:  𝙶𝚊𝚋𝚒𝚗𝚎𝚝𝚎 𝚍𝚎 𝙴𝚡𝚎𝚌𝚞𝚌̧𝚊̃𝚘 𝙾𝚎𝚜𝚝𝚎, 𝙰 𝙲𝚘𝚖𝚒𝚜𝚜𝚊̃𝚘.

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Como eles têm a coragem de me mandar uma merda dessas enquanto eu não tenho a porcaria de uma maleta para executar o serviço?! Inacreditável.

Devolvo a mensagem, talvez rasgada, para dentro do tubo e fecho o azulejo da parede de onde ele veio. Gostaria de enviar meu dedo do meio junto, se fosse possível.

Ao contrário de mim, Cinco estava sereno, esperando seu café preto chegar enquanto me vê destruir o bolo de limão com garfadas.

Nossa, esse bolo está maravilhoso, nem sempre encontro uns tão bons quanto esse. A cobertura em cima é magnífica, e essa padaria, em 1968, não se preocupa em entupir o bolo com corante verde, que sinceramente estraga todo o sabor.

Uma garçonete deixa o café de Cinco e o meu, depois deixa a conta em cima da mesa. Cinco na mesma hora pega o seu café e toma alguns goles. Pela sua cara, dá para ver que o café é bom. Acertamos no local, a comida aqui é perfeita.

— Vai querer mais alguma coisa? — Cinco pergunta. Tenho vontade de rir, porque não costumo escutar essa frase quando estou acompanhada numa cafeteria. Na minha cabeça, Cinco até parecia um garçom.

— Vou levar uns muffins — eu digo. Não quero ter que sair do hotel para comer algo de madrugada.

Cinco pega alguns muffins e coloca junto da conta, em seguida, ele deixa seu dinheiro na mesa. Após tomarmos nossos cafés da noite em silêncio, saímos da cafeteria e voltamos a estar nas ruas de Londres, à vista de todos como um casal. Sinto enjoos só de ter que andar de mãos dadas com ele, principalmente depois do erro que foi tê-lo beijado.

— É sua primeira vez na Inglaterra? — Cinco tenta puxar um assunto quando o caminho para o hotel parecia levar quilômetros infinitos.

— É minha segunda vez na Europa — eu respondo. Minhas missões sempre foram bem locais, eles não me mandavam para muito longe, tirando a missão inacessível de hoje que seria na Irlanda.

— Eu gostaria de morar aqui. As pessoas são mais reservadas, não encheriam meu saco — ele diz com humor na voz, enterrando sua outra mão no bolso da calça. Percebo que involuntariamente começamos a andar devagar para aproveitar a conversa.

— Eu penso o mesmo sobre Nova Iorque. As pessoas não são reservadas, são mais apressadas, e isso faria eu desaparecer na multidão. Ser só uma figurante na vida delas.

— Você é tímida ou algo assim? — ele ri pelo nariz.

— Não. Eu só não quero que encham meu saco — dou uma resposta parecida com a dele.

Nós dois soltamos sons parecidos com risadas, enquanto caminhamos suspeitosamente devagar. Às vezes preciso apertar a mão dele para não perder o equilíbrio, porque para mim é novidade andar de mãos dadas e ter que acompanhar o ritmo dele.

— Como são os seus irmãos? — eu digo, só para manter a conversa. Percebo um leve sorriso que Cinco dá, abaixando a cabeça por uns instantes e observando seus pés caminharem. Não parece que foi uma pergunta inconveniente, ele só parece com saudades.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora