10- Atração.

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S/N P.O.V

Isso nunca havia acontecido comigo antes e certamente não foi uma das melhores sensações.

Quando o incendiário e eu estávamos trocando tiros, dois deles me atingiram e um penetrou o colete. A velocidade que a bala percorreu foi tão alta que além de lhe tornar capaz de permear o material, o impacto converteu a energia da ação em dor tremenda, que acabou me rendendo a três costelas quebradas.

O projétil perfurou as camadas da minha pele e atingiu o lado direito do diafragma. Foram apenas alguns milímetros de distância do meu pulmão, por pouco eu não morri.

A Sylvie me avisou que iria doer bastante, porém eu confesso que não acreditei muito no início. Mas assim que os analgésicos começaram a perder o efeito momentâneo, eu senti como se estivesse indo do céu ao inferno em segundos.

Depois de realizar uma bateria de exames no hospital, foi comprovado que eu iria ficar bem e poderia optar por não fazer a cirurgia para a retirada da bala. Entretanto eu decidi ser operada, pois tive medo de surgir algum problema no futuro.

Analgésicos, repouso absoluto e compressas geladas me foram receitadas durante as duas semanas do pós operatório. E assim que a cicatrização teve início, eu comecei usar um colete ortopédico recomendado pelos médicos, que deixou a minha coluna reta e elevada, para acelerar o processo da cura.

O meu pai praticamente me obrigou a ficar afastada por mais uma semana e eu nem sequer pude trabalhar no administrativo. Mas na semana seguinte, eu já estava de volta ao trabalho.

Quando eu me dei conta, as semanas estavam passando tão rapidamente, entre casos, saídas noturnas com o pessoal do distrito e do quartel e algumas folgas, que me renderam boas horas de sono.

Agora eu percebo que a culpa que eu senti quando perdi o meu padrinho, me deixou totalmente fora de controle. Primeiro, eu destratei a Hailey daquela forma e segundo, arrisquei a minha vida sem pensar nas consequências que aquilo traria para todos ao meu redor, que realmente se importam comigo.

Eu fui uma completa babaca e passei os últimos dias tentando me redimir com a minha parceira e aparentemente obtive sucesso, já que a nossa amizade de antes retornou aos poucos. Arrisco dizer até que estamos muito melhor dessa vez, pois nós conversamos mais sobre tudo, coisa que não fazíamos antes.

- Vocês já sabem o que vão fazer depois daqui? - Kim perguntou de repente para a Hailey e eu, nós três estamos dentro do vestiário arrumando nossas coisas para ir embora. O turno de hoje acabou bem mais cedo que o esperado, tanto que não são nem 20h ainda.

- Dormir. - eu respondi o que me pareceu ser uma ótima opção para fazer quando chegar em casa, depois de tomar um belo banho quente. - E pedir um lanche, não vai dar nada quebrar a dieta só de vez em quando.

- De vez em quando? - Hailey perguntou rindo. - Você já fez isso essa semana.

- Quando? - perguntei sonsa, fingindo que não lembrava. Mas eu me lembro claramente.

- Você finge que não lembra e eu finjo que acredito. - Hailey riu, balançando a cabeça negativamente. - E respondendo a sua pergunta, Kim, eu ainda não sei o que vou fazer depois daqui. Mas queria sair para beber.

- Que tal irmos a uma boate? - Kim sugeriu. - Hoje é sexta-feira, dia de beber muito e beijar várias bocas desconhecidas.

- Eca! - eu fiz careta. - E se eu acabar pegando herpes de alguém? Que nojo!

- Deixa de ser estraga prazeres, S/n. - Kim resmungou. - Vamos lá, já está na hora de você conhecer outras garotas. Pegar alguém e quem sabe até tirar essas teias.

Simplesmente Acontece (Hailey Upton/You G!P).Onde histórias criam vida. Descubra agora