29- Amar.

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Hailey P.O.V

Eu nunca amei alguém além da minha família antes. O único tipo de amor que eu já havia sentido era aquele amor fraternal, que se sente pelos pais, irmãs ou irmãos. Apesar disso, durante boa parte da minha infância, o "eu te amo" acabou se tornando um mecanismo de defesa, pois muitas vezes, eu disse essas três palavras ao meu pai, na intenção de conseguir escapar das agressões. Ele dizia essas três palavras depois de bater, sempre, como se estivesse justificando porque cometeu aquele ato horrendo, e dizendo que isso era para o meu próprio bem.

Conforme fui crescendo, percebi o quão difícil foi desmistificar o verdadeiro sentido que o amor realmente teria na minha vida dali para frente, se seria como uma válvula de escape ou um sentimento real. Eu criei medo de sentir amor por alguém, achando que eu iria acabar seguindo os passos da minha mãe. Foram incontáveis vezes em que eu me imaginei presa a esse sentimento, me sujeitando a tantas agressões verbais e físicas diárias.

Mas, o significado de amar alguém se tornou muito diferente quando eu conheci a S/n. Durante todos esses anos em que estivemos trabalhando juntas e criando vínculos, eu tive a dádiva de poder conhecer várias de suas versões, senão todas. E ultimamente, eu acabei tendo conhecimento de novos aspectos sobre ela e me encantei ainda mais.

Eu nem sabia que sentir algo tão intenso por alguém seria possível, muito menos, que conseguiria amar até mesmo seus defeitos. Obviamente que ninguém é perfeito. A minha namorada claramente tem os seus problemas de temperamento, assim como eu também tenho, e para ser sincera, o meu temperamento é muito pior que o dela.

Diferente do que eu pensei que seria, o amor não é uma coisa ruim que me mantém presa a uma pessoa. O amor me faz suspirar apaixonadamente, eu sinto desejo, sinto atração, química e uma conexão fora do comum. O meu coração dispara e eu sinto um friozinho gostoso na barriga quando ela me olha e sorri. E quando a S/n me toca e me beija, é como se o mundo à minha volta parasse.

Resumindo, o amor é lindo. Sentir esse amor é a coisa mais assustadora que eu já experimentei, mas ao mesmo tempo indescritivelmente bom. E confessar isso hoje foi libertador, melhor do que isso foi saber que é recíproco.

As coisas, de fato, estavam indo muito bem, tanto que nós estávamos planejando morar juntas em breve.

O clima ficou tenso depois que aquele Johnny apareceu de repente, preciso admitir que eu fiquei assustada ao presenciar aquela discussão. Ainda mais por não saber da existência desse cara antes, muito menos que eles se esbarraram hoje pela manhã.

- Ei, você está bem? - S/n perguntou se virando para mim e começou a me checar, como se estivesse em busca de algum hematoma ou algo do tipo.

- Estou. - afirmei, ainda tentando absorver o que acabou de acontecer aqui. - O que foi isso? Você pode me explicar?

- Eu vou te explicar tudo, mas não agora. - S/n me abraçou e eu fiquei sem entender, mas a abracei de volta. - Me promete uma coisa?

- Bom, depende. - eu já estava preocupada, antes mesmo de saber o que era.

- Eu preciso que você prometa que vai continuar me amando, mesmo depois de conhecer outro lado catastrófico do meu passado. - S/n falou. - E que permaneça comigo, mesmo eu sendo uma verdadeira bagunça. Eu não sei se aguento passar por outra tempestade sem ter o seu apoio.

- Eu também sou uma verdadeira bagunça, e você sabe muito bem disso. E mesmo assim, você não me deixou, então, é claro que eu também não vou te deixar. - eu afastei o meu rosto, para conseguir olhar nos olhos dela, a minha namorada sorriu para mim e eu pude ver as lágrimas se formando no canto dos seus olhos. - Ei, meu bem não chora. Não fica assim não.

Simplesmente Acontece (Hailey Upton/You G!P).Where stories live. Discover now