23- Pertencimento.

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Hailey P.O.V

Os meus pais sempre foram super religiosos e consequentemente, conservadores. Enfatizavam desde cedo para minhas irmãs e eu, que nós precisávamos nos casar com homens. A prática da homossexualidade era o pior dos pecados na visão deles e caso fosse executado por nós, estaríamos condenadas pela a eternidade.

Contudo, eu já sentia dentro de mim que iria acabar não seguindo o padrão que eles tanto impuseram para nós três. Tanto que, foi através da adolescência, eu descobri a minha bixessualidade. Infelizmente, esse fato me rendeu várias cicatrizes permanentes, graças às agressões que sofria do meu pai, enquanto a minha mãe ficava lá só ouvindo e concordando com ele, sem fazer e nem falar nada.

Quando eu fui expulsa de casa, minhas irmãs não aceitaram ficar sem mim, como também não aguentavam mais as agressões diárias, então decidiram fugir e vir comigo para Chicago. Nós três construímos as nossas vidas aqui, sem a presença, ajuda e muito menos apoio dos nossos pais, apenas nós três apoiando-se em conjunto, sendo a nossa própria família. Até onde eu sei, os nossos pais sequer deram-se ao trabalho de nos procurar depois de todos esses anos, pelo menos até agora.

Hoje em dia, as minhas duas irmãs já têm suas vidas formadas, bons empregos e estabilidade financeira. Maya, a minha irmã mais nova é Capitã de um Corpo de Bombeiros e está namorando uma médica. Sara, a minha irmã mais velha vai se casar em breve, ela e sua noiva são professoras em uma escola primária.

Em relação a mim, a rejeição dos meus pais me traumatizou de inúmeras formas. Por todos esses anos evitei ao máximo não me relacionar com mulheres, mesmo tendo várias oportunidades de satisfazer meus desejos, eu ignorava. E era péssimo. Porque além de fazer isso, ainda fingia ser algo que eu não era, mostrando-lhes uma personalidade totalmente diferente.

Mas com a S/n, eu não fiz isso. Desde o primeiro momento eu fui sincera sobre a minha forma de agir e pensar.

Acredito que tenha sido por isso que eu tive tanto medo de admitir os meus sentimentos, eu não queria deixar mais ninguém enxergar a minha verdadeira face, já prevendo o quão doloroso seria passar pela rejeição outra vez.

Mas não aconteceu.

Ao invés disso, a S/n realmente se interessou por mim e gostou do que viu. Ter recebido flores e chocolate foi uma prova viva disso. Foi a partir disso que eu senti vontade de fazer as coisas darem certo entre nós duas.

- Você tinha razão, essa pizza é boa. - Maya falou de boca cheia. - Caraca! Por que foi que eu não provei isso antes?

- Bambina! - Carina repreendeu a minha irmã. - Não fale de boca cheia.

- Ué, mas eu tô falando a verdade. - Maya murmurou sem entender.

Neguei com a cabeça rindo baixo e voltei a terminar de comer a minha pizza.

- Ainda com fome? - S/n perguntou passando um braço pela minha cintura.

- Não, eu já estou satisfeita. - respondi deitando a cabeça em seu ombro, um beijo foi depositado na minha testa.

- Então, S/n, como foi que você se tornou policial? - Maya perguntou curiosa. - Você sempre quis fazer isso?

- Na verdade, eu não tinha algo definido. - ela respondeu. - Depois que a minha mãe faleceu, eu fiquei perdida por um tempo e me envolvi com coisas erradas.

Falar sobre esse assunto é sempre muito delicado para a S/n, mesmo que ela tenha deixado boa parte desses acontecimentos, no passado.

Entrelacei as nossas mãos debaixo da mesa, tentando transmitir conforto.

Simplesmente Acontece (Hailey Upton/You G!P).Where stories live. Discover now