31- Ela.

476 59 7
                                    

Hailey P.O.V

Eu suspirei sorrindo, enquanto acariciava delicadamente os cabelos da minha namorada, que estava embalada em um sono tranquilo. Os seus fios cacheados de cor castanho escuro já estão ficando bem maiores do que ela costuma deixar crescer antes de realmente cortar. Eu aposto e ganho ao dizer que a primeira coisa que ela vai querer fazer quando tiver alta do hospital, vai ser ir até o cabeleireiro para poder cortar novamente.

Eu ainda lembro do grande alívio que tomou conta de mim, quando eu soube que a cirurgia havia sido um sucesso e a minha amada finalmente estava estável. Mas, infelizmente a nossa alegria durou pouco, já que devido a grande perda de sangue, a pressão arterial dela ficou totalmente descontrolada. E sendo assim, S/n perdia e recuperava a consciência constantemente, até que entrou em um estado de coma, que se estendeu por um período de quase quarenta e oito horas.

A sensação que me consumia era angustiante e extremamente paralisante. Era como se o meu coração estivesse sendo estilhaçado em milhões de pedaços, o meu peito doía demais e eu sentia que estava sendo sufocada por aquela dor. Eu estava presa em um grande abismo, que ninguém conseguiria me resgatar a não ser ela - o amor da minha vida, a razão pela qual eu quero ser melhor todos os dias, a única pessoa nesse mundo que foi capaz de me fazer sentir o sentimento mais puro e verdadeiro que é o amor.

E, receber todas aquelas notícias ruins sobre a piora do seu estado acabou comigo. Em certo ponto, eu havia chegado no limite. Eu não conseguia mais segurar todas as minhas barreiras e, simplesmente, desabei. Por sorte, Kevin estava comigo quando isso aconteceu, o que foi bom, pois eu estava exposta, vulnerável e me sentia perdida, sem rumo.

Eu precisava dela de volta. Do meu amor. Da minha namorada. Daquele sorriso.

Eu chorei até cansar, e em certo momento acabei pegando no sono. Atwater conseguiu me convencer a ir para casa e dormir um pouco, ou pelo menos descansar, ele até se ofereceu para me levar, mas eu recusei e fui sozinha com o meu carro. Enquanto eu fazia o trajeto em direção a minha casa, alguma pessoa perturbada, que eu sinceramente não fiz questão de saber quem era, bateu no meu carro de repente.

Eu me lembro de bater a cabeça no vidro na primeira pancada, ficar zonza e sentir o sangue escorrer pela minha testa, a segunda batida veio em uma intensidade tão forte que fez o carro capotar. A partir daí, foram apenas flashes extremamente vagos. Eu sei que acordei em um dos quartos da emergência do hospital, vendo Sara e Maya aflitas, a ponto de terem uma síncope a qualquer minuto. Eu não sei como, mas não quebrei nenhum osso, nenhuma costela e sequer tive um trauma na cabeça. Foram apenas ferimentos leves, arranhões no rosto e nos braços devido ao vidro quebrado que entrou em contato com a minha pele sensível.

Fizeram uma bateria de exames em mim, apenas para confirmar aquilo que eu já havia dito a todos diversas vezes: Eu estava bem. Tratei de acalmar as minhas irmãs, pois, ficou claro que o acidente não havia sido nada demais. E mesmo a contragosto, elas voltaram para seus respectivos trabalhos, mas exigindo que eu mandasse notícias de hora em hora sobre o meu estado.

Fisicamente e emocionante, eu me sentia destruída e só queria que aquela tortura chegasse ao fim.

Quando eu soube que ela havia acordado, foi como se eu tivesse acabado de receber um antídoto para aquela angústia, que se espalhava gradativamente dentro de mim feito veneno.

E agora, eu estou aqui sentada na cama em uma posição meio desconfortável, mas, que me permite admirar o sono tranquilo da minha namorada e ao mesmo fazer cafuné nos cabelos dela. Eu me sinto tão aliviada por ela finalmente estar bem, já que nós todos passamos por um verdadeiro susto. Eu só espero e torço muito para que esse sofrimento todo tenha realmente chegado ao seu verdadeiro fim.

Simplesmente Acontece (Hailey Upton/You G!P).Onde histórias criam vida. Descubra agora