Capítulo 22

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Gael

Valentina agradeceu e fechou a porta do carro, logo tirando a chave de dentro da bolsa. Antes de entrar no prédio ela olhou pra mim e acenou.

Gael: Tchau. - acenei de volta.

Passei o dia lá em Antares e foi ótimo! Não precisei beber e nem ir pra farra pra me sentir bem, coisas que muitos não entende.

O único estraga prazeres dali é o pai de Maitê, até entendo ele, não deve ser nada fácil perder uma mulher igual Bruna. Esse deve chorar todas as noites porque nem a filha ele pode ver toda hora.

Infelizmente não sei o que é passar por isso porque eu sou o quase namorado da amada dele e quase padrasto da criança mais adorável e incrível que já conheci. Sim, eu sou o homem mais sortudo que existe no RJ. É questão de honra, meu patrão.

Estacionei meu carro na garagem do prédio e fui andando pro elevador, um outro morador que já tava indo na minha frente ficou esperando.

Gael: Obrigado. - agradeci ao entrar no elevador.

--- Nada!

Ao chegar no meu andar, tirei as chaves do bolso e fui andando até o apartamento. Abri a porta e ao ligar a lâmpada vi Santos deitado no meu sofá, fechei a mesma novamente.

Com ele é assim, basta saber onde a pessoa mora e ter uma cópia da chave que ele começa achar até que é dono da casa. Ele conheceu liberdade e deletou o limite.

Santos: Onde tu tava? - os bons modos que dona Renata ensinou ele esqueceu.

Gael: Boa noite, Igor. Eu tava na casa de Bruna. - tomei banho na casa dela, então só fui trocar de roupa.

Voltei pra sala e ele tava fumando, dessa vez não vou reclamar. Tô cansado de falar as mesmas coisas e ele só ignorar, apesar de me incomodar eu vou deixar assim.

Igor tá velho, um homem vivido, até neto e bisneto já tem mas é como se ele ainda fosse um cara da minha idade, sabe que fumo e bebida faz mal mas ele continua na mesma.

Santos: Shayla foi embora. - de novo.

Gael: Por que? - pergunto mas já sei o motivo, é sempre o mesmo.

Pelo pouco que sei, eles dois se conheceram à muito tempo atrás, namoraram e depois ele decidiu separar pela segurança dela. Aí só sei que quando eu completei cinco anos eles voltaram de novo.

De lá pra cá tiveram um filho e tão igual ioiô até hoje. Todos os dias ela vai embora e depois volta como se nada tivesse acontecido.

Santos: Disse que tava cansada da rotina, pegou as coisas e saiu. - dessa vez diferenciou das outras, porque ela sempre diz que precisa respirar novos ares e então vai.

Gael: Entendi.

Quando eu nasci meus pais já estavam um pouco mais velhos então não pude aproveitar muito ao lado deles. Com quinze anos perdi eles numa operação policial que teve na favela onde a gente morava, aí eu fui morar na casa do Santos.

Não deu muito certo a nossa convivência pois eu não queria aceitar nada que ele tivesse comprado com o dinheiro do tráfico. Arrumei um emprego e fui morar na casa de Emilly.

Ela é minha sobrinha mas pelo fato dela ser muito mais velha que eu então considero como prima. Fiquei com ela só até eu completar dezessete que foi quando voltei pra casa onde eu morava com meus pais. Na verdade, eu nunca quis sair de lá, era Santos que não deixava eu morar sozinho.

Santos: Tá bem de vida, né? Sortudo tu é demais. - falou soltando a fumaça no ar, visualizando tudo ao seu redor.

Gael: Isso se chama esforço, sorte não. - ele sabe disso mas parece que preciso repetir sempre.

Ficamos em silêncio por algum tempo e aquilo estava me cansando mentalmente. Às vezes dá pra conviver com ele, nós nos damos bem, mas hoje não.

Santos: Vai fazer o quê? - perguntou ao me ver levantar.

Gael: Vou dormir. Esse cheiro de cigarro tá me dando dor de cabeça. - falei já indo pro meu quarto.

Santos: Ok senhor certinho. - debochou.

Fechei a porta e me joguei na cama. São apenas 19:20 mas amanhã tenho que acordar cedo pra trabalhar e fora que a melancolia de Santos me faz perder até a vontade de continuar acordado.

Gael - 28 anos

(Personagens também do livro "Eu, o morro e ela" e "O morro e eu")

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(Personagens também do livro "Eu, o morro e ela" e "O morro e eu").

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