Capítulo 27

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Pérola

Tirei o palito da boca e joguei no chão, acendi meu cigarro e relaxei dando o primeiro trago. Não tem coisa melhor que isso. Joguei a cabeça pro lado, sentindo o vento frio e fraco.

Ares: Tu tá ligada que isso aqui é passageiro, num tá? - tomou o último gole de cerveja, jogando o copo fora.

Pérola: Eu sei. Mas e aí, o que eu vou fazer?

Ares: O que achar melhor.

Tem uma pá de gente falando que o poder tá subindo pra minha mente, e na real, tá subindo mermo. Sei que assim como tô no comando hoje, amanhã posso não tá então só tô vivendo e é isso.

Babilônia tá querendo sair da correria mas não é tão fácil assim. A família dele só cresceu por causa da nossa, ele não pode desistir da noite pro dia só porquê tá querendo fazer graça pra mulher.

Papo de filho é só migué. Ele sabe muito bem que Valentina não vai querer se envolver com bandido, aí pra fazer gosto quer sair.

Se depender de mim ela não vai se envolver mesmo, não vou perder um dos meus melhores pra agradar Valentina. Tem uma pá de playboy caído na dela, ela que escolha um deles ou então vai ter que aceitar Babilônia do jeito que ele é.

A consideração acaba à partir do momento que envolve os bagulho do meu interesse, porque antes dela voltar pro RJ tava tudo tranquilo. Ele trabalhava, esbanjava com tudo e todas e no outro dia tava firme e forte pro trampo novamente, mas agora tá de cutcharra. Ah parceiro, assim não dá!

Fora que Ares nunca foi à favor desse relacionamento, então tô sussa. Se nunca deu certo, agora mesmo é que não vai dar e se der, vai ter que ser como eu tô sugerindo.

Se ela não quiser virar mulher de bandido então que procure trabalhador e deixe Babilônia onde ele tá. Lugar dele é aqui na favela, trabalhando pra mim e ponto final.

Não sou fada madrinha e eles num tão vivendo numa história encantada. Bagulho é parar de neurose e deixar do jeito que tá.

Tem o filho dele e pá, mas eu tô nem aí pra se vai crescer com ou sem pai. Cresci até sem mãe e tô vivona e vivendo. Vida que segue e fé!

Ouvi vozes e me afastei mais um pouco ali naquele escuro.

--- Tô ligado, parceiro. Ela tá mudada demais.

--- Até os morador tá reclamando. Mas sabe o que é isso? É o dinheiro, pô. Quanto mais tem, mais que ter.

--- É, né outra coisa não.

Foram se distanciando e eu não ouvi mais nada. Falador fala mas não sabe da realidade de ninguém, fazer o quê? A vida é assim.

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