Capítulo 19

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Sina Deinert

O que aquele imbecil tem na cabeça, como pode esquecer-se de algo tão importante. Isso é para que eu aprenda a deixar de ser idiota, mas também poderia ter percebido.
Coloco outro travesseiro em cima da cabeça pensando que isso vai fazer alguma diferença. Quer saber, não ficarei aqui na cama me auto depreciando, mas não vou mesmo.
Levanto-me, pego o meu notebook. Não preciso esperar ele trazer os exames se eu mesmo posso entrar no sistema da clínica e descobri tudo.
Entro no sistema da clínica e procuro todos os exames que ele já fez e nada, nem uma glicose alta. Impressionante ele estava certo, não tem nenhuma doença.
Mesmo assim ele é um irresponsável, para falar a verdade eu também sou, mas não, estava ocupada demais tendo um orgasmo melhor que o outro.
Esperei esse tempo todo para perder a virgindade, para ser sincera esperei porque nenhum outro homem me despertou esse interesse que tenho por ele, é errado eu sei.
Levanto-me, já é quase meio-dia, tomo um banho e me visto com um vestido simples rodado na cor amarela.
Saio do quarto e vou para a cozinha procurar algo para comer. Pego uma caixa de cereal. Coloco em uma tigela acrescento leite e pego uma colher. Sento-me na sala, ligo a televisão e coloco Game of Thrones. Tenho que admitir, o Jon Snow seria perfeito se fosse só um pouquinho mais alto, só um pouquinho.
Já são quase cinco horas e continuo nesse mesmo sofá — que droga. Ouço alguém abrir a porta.
O Noah entra, olha para mim e começa a subir as escadas.
Ah, mas não vai mesmo!
Quem ele pensa que é? Nem um oi ou é aí como você está? Melhor ainda, aqui o remédio para você não engravidar, qualquer coisa.
Levanto-me e vou atrás dele. Ele vê que estou atrás dele, mas continua a seguir o caminho do seu quarto.
— Tem como você esperar?
— Tenho muita coisa para fazer, não tenho tempo para ficar conversando com você.
— Você tinha tempo ontem.
Ele para e se vira em minha direção, já estamos no corredor a essa hora.
— Só porque fizemos sexo ontem não quer dizer que tenho que ficar conversando com você, eu disse para você é apenas sexo nada mais que isso.
Dentro de mim, tem uma voz falando — não é apenas sexo, não sei se percebeu, mas você foi o meu primeiro. Tranco essa voz dentro de mim, engulo essa merda de dor que estou sentindo agora e coloco um sorriso falso no rosto.
— Sei disso, só quero o remédio só isso.
Ele se virar e começa a andar de novo.
— Que inferno Noah, o remédio, porra... — falo gritando. Ele me pega pelo braço e começa a me arrastar em direção ao seu quarto. Joga-me em cima da cama, o meu coração se acelera ainda mais com ele tão próximo.
— Para de ficar gritando comigo. Posso gostar de trepar com você, mas se você gritar de novo arrebento a sua cara.
Fala passando a mão na lateral do meu rosto.
— Não tenho medo de você, já deveria ter percebido isso.
— Percebi que você é petulante, isso sim.
— Sai de cima de mim, Noah.
— Você gostou quando eu estava em cima de você ontem.
— Ontem, não hoje, sai — falo tentando retirá-lo de cima de mim.
— Podemos terminar o quê começamos ontem.
— A única coisa que quero de você é a merda do remédio.
— O meu soldado já deve estar trazendo.
— Ok. Agora sai.
— Tem certeza disso?
— Sim, saí.
Ele se levanta e faço o mesmo.
— O que você tem de tão importante para fazer, que seja melhor que fazer sexo comigo?
Já estou saindo quando olho para ele.
— Tenho que ver Jon Snow.
— Quem é Jon Snow?
— Uma personagem de uma série de TV.
— Você não quer fazer sexo comigo, por uma personagem que nem existe.
— Quem te falou que não existe?
— Sério, desisto, faça o que você quiser.
— Eu sei disso.
Saio sem me preocupar com seus resmungos. Afinal é Jon Snow. Já são oito horas e nada do Noah, ele saiu assim que terminamos a nossa discussão. Até parecer que só porque perdi a minha virgindade com ele que vou ir para a cama na hora que ele quiser, deixe que ele continue sonhando.
Continuo a assistir a minha série, tranquila ele que se exploda não estou nem aí.
Quando já são oito e meia ele aparece na sala, vem em minha direção, com sua pose de sou foda para caralho e me entrega uma sacola.
— Aí está o seu remédio.
— Ainda bem! Já era para ter tomado faz tempo.
Ele não responde apenas se senta próximo de mim, retira o seu blazer e o coloca do seu lado.
Encosta-se ainda mais no sofá e fica massageando as têmporas em um claro sinal de frustração.
— Esse tempo que estou com você aprendi na marra a me controlar se fosse em outros tempos você já estaria morta.
— Ainda bem né. Ainda tenho fé na humanidade — falo colocando os meus pés em cima do sofá.
Ele me olha e dá um sorriso sacana.
— O que foi?
— É engraçado pensar, que estou me acostumando com o seu jeito de se vestir.
— O que tem de errado com isso? — falou me observando.
Estou normal com a minha blusa do Bazinga do The Big Bang Theory e a calça do senhor dos anéis.
— Sério que não percebe o tanto que é ridículo. Você se veste muito mal.
— Ah! Desculpa se o meu jeito de se vestir te incomoda é que me visto para mim não pra você. O seu problema Noah é pensar que só porque sou uma mulher tenho que me vestir de saia e vestidos delicados, cresce, há muito tempo que não damos a mínima para o que vocês homens pensam.
— Virou feminista agora.
— Não sou feminista é apenas a realidade, você que é machista em pensar que tenho que me vestir do jeito que você quer.
Ele não responde.
— Não vai tomar esse remédio logo?
— Pensei que não ligava, já que estou esperando o dia todo para você trazê-lo.
— Não estou à sua disposição, tenho muitas coisas para fazer.
— Ah! Imagino comandar uma máfia deve dar muito trabalho mesmo.
— E roubar de pessoas que você nem conhece é uma coisa muito digna né?
— Sei que o que faço, não é uma coisa digna. A diferença é que não preciso sair matando pessoas para ter o que quero, todo o estrago que faço. Faço do meu quarto e comendo uma pipoca e outra todas as pessoas que fiz isso o dinheiro não era delas ou era de roubo, drogas ou qualquer coisa ilegal igual ao o que você faz.
— Você tem muita sorte por ninguém ter descoberto até hoje.
— Aí que você se engana, não é sorte, é competência.
— Se fosse tão competente já teria descoberto quem me roubou.
Fico em silêncio porque com essa boca grande que tenho, daqui a pouco falo mais do que é normal.
— Ou você já descobriu quem me roubou?
— Se eu tivesse descoberto você já saberia.
— Assim espero, Sina, porque se eu descobri que você sabe quem foi e não me falou, nada que esteja acontecendo entre nós vai mudar o que vou fazer com você.
Vai Sina, essa é sua chance fala para ele que foi a própria futura sogra que o roubou vai falar.
Uma voz insiste em se repetir dentro de mim.
Ignoro, no fundo, tenho certeza que vou me arrepender amargamente por essa escolha.
— Quer saber, se levanta desse sofá.
— Por que faria isso?
— Porque vamos sair.
— Não quero ir para outro restaurante metido a besta.
— Não vamos para um restaurante, vamos para uma das minhas 'boates'.
— Não, obrigada, prefiro ficar aqui.
— Em que momento você pensou que era um pedido, é uma ordem.

A Nerd na MáfiaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin