the intruder

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— Você está tentando há quase três dias, Jake — minha irmã mais nova, Lilly, atraiu a minha atenção para ela. — É inútil. E a Hannah ainda não quer sair do quarto.

— É claro que não, uma amiga dela está desaparecida há quase uma semana e sabemos que ela não lida bem com perdas.

— Estou fora. Sabemos que as chances dessa mulher estar morta é muito maior do que qualquer outra. Você devia enxergar isso também.

Lilly se retirou da mesa, impaciente. A deixei ir embora sem contestar, a última coisa que eu estava precisando era do seu pessimismo com as minhas buscas.

Há um pouco mais de uma semana, Duskwood se chocou com a notícia de que Amy Bell Lewis, uma pintora conhecida daqui, desapareceu sem deixar rastros. Amy era como a Garota Exemplar, o que fez com que o seu caso tivesse ainda mais reconhecimento.

Hannah, minha irmã do meio, era uma amiga muito próxima da artista, e estava abalada com o seu sumiço mais do que qualquer pessoa. Por isso eu me esforçava para fazer parte do trabalho que os policiais não conseguiam fazer, mas nada adiantava. Tanto Amy, quanto seu sequestrador eram como fantasmas para mim e para todas as câmeras espalhadas pela cidade que eu conseguia acessar.

Eu não gostava de usar os meus conhecimentos para hackear com coisas assim, principalmente por estar camuflado entre policiais, uma coisa que eu deveria estar longe. Mas faria o esforço pela minha irmã.

— A conta, por favor — avisei para o garçom. Lilly e eu costumávamos almoçar juntos desde que vim morar em Duskwood há poucos meses atrás. Quando descobrimos que tínhamos o mesmo sangue em parte de pai, começamos a tentar construir uma relação fraternal, até que estava funcionando.

Mas, mesmo estando há tanto tempo vagando pela cidade, eu não havia me estabelecido num bom lugar. Na verdade, eu não podia. Foragidos da polícia não podem baixar a guarda, eu me esforçava para isso, não podia me sentir muito confortável em lugar algum.

Uma casa velha e abandonada se tornou o meu refúgio. Foi uma sorte grande encontrá-la, ficava afastada do centro e perto da floresta, sem muitos vizinhos e nenhuma movimentação. Ninguém entrava naquela propriedade há um ano, então se tornou um lar temporário muito bom para mim. Claro que, ainda assim, não me arriscava. Minhas pouquíssimas coisas ficavam na cabana dos fundos.

Eu estava invisível e gostava disso.

[...]

O que essa mulher está fazendo na minha casa?

As janelas da casa eram quase tão grandes quanto as portas, e a escuridão da noite impossibilitava que a estranha visse que eu a observava através do vidro.

Uma camisa e uma calça jeans casual era o que ela vestia, ela parecia à vontade daquela forma, isso mostrava que ela realmente podia ser a nova compradora da casa e se mudou nos últimos dias. Eu nunca a vi antes, fiquei inquieto por não saber nada sobre ela.

A desconhecida estava de costas, sentada no balcão com um pote de sorvete em suas mãos, estava tão entretida no celular que não conseguia nem sentir que eu estava apenas a alguns metros de distância dela. Que idiota.

Quando ela descruzou suas pernas para sair de cima do balcão, saí de perto da janela o mais rápido que consegui e colei meu corpo contra a parede. Mesmo sem conseguir ver, eu sentia que ela estava perto da janela e me encontraria se colocasse o rosto para fora, mas a mulher apenas fechou as persianas e apagou as luzes da cozinha. Parece que ela sentiu a minha presença, afinal.

Tell Me Lies (DUSKWOOD)Where stories live. Discover now