deciphering

307 46 33
                                    

9

— O que aquele cara é seu? — perguntei para Lilly, mas o arrependimento veio com o olhar que ela me lançou. O cara do mercado - o mesmo cara que me roubou - estava dentro da casa da Lilly, é claro que eu ficaria curiosa.

— Cuide da sua vida — ela respondeu exatamente o que eu esperava. Segui Lilly até a sala e a encarei sentada no sofá, permaneci em pé. — Você é mesmo muito descarada de vir até aqui.

— Sei que me acha suspeita, eu também acharia.

— Está tentando me consolar?

— É claro que não — retruquei. Sem receber uma permissão, me sentei no sofá em frente a ela sem me importar com a sua cara fechada. — Eu realmente conhecia a sua irmã, nós trocamos mensagens por semanas, Hannah era muito legal comigo. Então, por isso, eu fiquei disposta pra ajudar a encontrá-la. Eu não preciso que confie em mim, não preciso que goste de mim, mas preciso que você me ajude. Mas não é por mim, e sim pela sua irmã.

— Como você espera que eu contribua com a pessoa que mais suspeito? Não é questão da minha opinião sobre você, Claire, e sim com os fatos que te cercam. Todos acham que você mentiu sobre a mensagem, você foi uma das últimas pessoas que viu a Hannah e veio para o centro justo no dia que ela desapareceu. Fora que você pode simplesmente estar mentindo sobre conhecer ela, Hannah me contava sobre tudo, mas nunca citou você.

— Talvez o motivo que a fez me manter em segredo seja o mesmo que a fez confiar em mim pra mandar aquele código — Lilly não disse nada, apenas ficou pensativa. Tirei um papel do meu bolso que continha as palavras que Hannah mandou e a deixei sobre o mesa, Lilly logo o pegou. — Essas são as palavras, caso você não se lembre. E eu acho que elas são um caminho que a Hannah fez, ela deve querer que eu vá até um lugar.

— Eu também percebi isso na hora que você falou — Lilly observava as palavras com atenção. — Com certeza é um caminho.

— Por isso eu vim até aqui, imaginei que você pudesse me ajudar. É a pessoa que mais conhece a Hannah, talvez ela tenha te dito alguma coisa ou citado algum lugar que se encaixe nessas palavras.

— Eu posso resolver isso sozinha, mas obrigada.

— Acho que você não me entendeu bem — estiquei meus braços até ela, tomando o papel de suas mãos. — Não quero que resolva, e sim que me ajude. Hannah confiou em mim e não vou entregar isso nas mãos de ninguém.

— Eu sou a irmã dela.

— Então faça algo útil e coloque a sua cabeça pra pensar num lugar que se encaixe nesse código — me levantei do sofá, seguindo até a porta. Lilly me olhava com perplexidade. — Já vou indo. Você sabe o meu número se precisar.

Eu estava prestes a ir embora quando senti Lilly puxando meu braço de volta.

— Eu vou te ajudar, prometo. Mas peço uma única coisa em troca.

Fiz um gesto para que ela prosseguisse.

— Não conta pra ninguém que viu aquele homem saindo daqui. Pra ninguém mesmo. Me promete.

— O que ele é? Um amante? — ri com cinismo, me afastando dela outra vez. — Ninguém vai saber disso, prometo.

— Obrigada.

Era tão estranho ouvi-la agradecendo, Lilly era a pessoa mais antipática que eu conhecia até alguns minutos atrás.

[...]

Tell Me Lies (DUSKWOOD)Where stories live. Discover now