Tell Me Lies (DUSKWOOD)

rival

28

Já dentro do carro, às vezes eu conseguia perceber Jake me observando de relance, ele com certeza já teria notado a minha inquietação. Meus dedos batucavam contra a minha perna, que se manteve frenética durante todo o caminho até o centro.

— Por que está tão nervosa? — ele me perguntou de repente, tirando a minha atenção da janela do carro para ele.

— Não estou nervosa.

Jake não era a única pessoa a quem eu queria enganar, eu também tentava me convencer das minhas próprias palavras. Ele balançou a cabeça e voltou a se concentrar na estrada, mas ainda continuava aproveitando as brechas para me encarar.

— Você sabe que pode conversar comigo, não sabe?

— Eu sei, Jake. Eu só estou... Não sei, ansiosa?

— Pra conversar com a minha irmã?

— Não será uma conversa se ela não disser nenhuma palavra, o que você já sabe que vai acontecer.

— Está sendo pessimista.

A velocidade do carro foi reduzindo aos poucos assim que chegamos em frente a casa da Lilly onde Hannah também estava. Jake e eu descemos do veículo juntos, e segui logo atrás dele até a entrada da casa.

— Lilly não está em casa agora — antes de entrar, Jake se virou para mim e avisou. — Será apenas nós três, assim é bem melhor.

— Se você acha.

Todo o lugar estava silencioso quando fui para dentro da casa, aquele silêncio predominante me incomodava. Caminhei sem pressa até o meio da sala e olhei ao redor, curiosa para saber onde Hannah estava.

— Venha comigo — chamou Jake.

Seguimos juntos por um corredor no canto da casa até que chegássemos em frente ao quarto que, provavelmente, Hannah estava. Jake deu alguns toques antes de entrar, mas não recebeu nenhuma resposta vindo de dentro do cômodo.

— Acho melhor você entrar primeiro — aconselhei. — Não quero deixá-la assustada, é melhor que ela te veja antes de mim.

— Você deve ter razão. Então fique aqui, eu vou entrar e falar um pouco com ela, depois venho te chamar. Ela vai gostar da surpresa.

— Tenho certeza que vai — me esforcei muito para colocar um sorriso falso em meu rosto, Jake logo assentiu e passou pela porta sem um aviso prévio.

Ao ficar a sós no corredor, comecei a andar de um lado para o outro e batucar minhas mãos contra as minhas pernas, tentando lidar com a ansiedade. Tentei procurar algo que prendesse a minha atenção, então olhei para trás e me deparei com algumas molduras pregadas na paredes, todas continham fotos de família. Rabiscos também estavam presentes na parede branca, pareciam aquelas marcações que acompanham o crescimento das crianças.

Rabiscos rosas e roxos, todos feitos por Lilly e Hannah. Jake nunca fez parte daquela família, e aquilo apertou o meu peito.

Acompanhei cada foto que ali tinha, Hannah e Lilly na infância até atualmente, todos eles juntos. Os pais delas realmente pareciam próximos e amorosos, me perguntava como Jake surgiu em tudo isso e cresceu longe de todo esse amor.

Escutei a porta do quarto se abrindo novamente, minha atenção se prendeu ao Jake saindo dali. Ele fechou a porta atrás de si, depois se juntou a mim em frente a longa parede. Jake permaneceu em silêncio por alguns segundos, apenas olhando as fotos com uma expressão de angústia em seu rosto, por mais que forçasse um sorriso.