Tell Me Lies (DUSKWOOD)

inside

4

Claire foi nascida e criada em Conville; completou seus vinte e cinco anos de idade no mês passado, a data foi comemorada ao lado da sua única amiga, Lya; No mesmo mês, ela se formou em Jornalismo, também passou seus anos na faculdade ao lado da Lya. Seu pai nunca foi próximo, sua mãe é egocêntrica e seus avós adoram encher sua conta bancária. E agora, ela está apenas a uma janela de distância de mim, preparando o jantar enquanto bebe o vinho que eu coloquei em suas mãos.

Ela passou o dia fora de casa, não me preocupei muito com o que ela tanto fez no centro da cidade, na verdade, fiquei aliviado. Voltei antes dela e muito satisfeito por ter recuperado o meu envelope, nesse meio tempo, descobri tudo que eu precisava saber sobre ela. Agora o único mistério que a rondava era o verdadeiro motivo que a fez sair do seu apartamento caro na cidade grande para vir sozinha no meio do nada.

Isso não é ruim, eu precisava de uma distração a mais, e Claire tinha segredos que eu iria me divertir muito para descobrir. Minha mente voltou para algumas horas atrás quando meus olhos se fixaram aos dela, e olhar para as suas íris profundas era como olhar para a imensidão do mar. Você sabe que tem milhares de coisas no fundo dele, sente curiosidade para saber tudo que tem ali dentro, mas nunca conseguiria entrar lá.

Claire parece tão perdida e, ao mesmo tempo, parece saber exatamente onde está. Eu demoraria muito para conseguir descrever com palavras aquela mulher, mas eu queria conhecê-la.

— Hoje eu dei um passeio sozinha, presenciei uma discussão estranha, fiz compras e comi um monte de coisa gostosa — Claire estava numa ligação com Lya, o celular estava no viva-voz e em cima do balcão enquanto ela mexia nas panelas. — Aqui é tão lindo, Lya, você precisa parar de pensar que todos os moradores daqui são assassinos e vir me visitar.

— Oh, não, obrigada. Vou me sentir mais segura aqui, onde tem luzes funcionando e... Segurança.

— As luzes daqui também funcionam — Claire riu, sua risada era divertida e contagiosa. — O cheiro da minha comida está ótimo, espero que Jessy goste.

— Jessy pra lá, Jessy pra cá... — Lya bufou. Se eu estivesse do seu lado, teria certeza que ela revirou os olhos. — Não acredito que vai me trocar por uma branquela sardenta de cabelo vermelho que conheceu há vinte e quatro horas!

— Espera, como sabe que ele é sardenta de cabelo vermelho?

— Duskwood é pequena demais pra ter mais de uma Jessy Hawkins. Foi fácil encontrar as redes sociais dessa...

— Meça suas palavras, por favor — disse Claire num tom divertido. — Você vai gostar dela quando a conhecer, será tão rápida quanto eu fui. Podemos mudar de assunto agora?

— O que quer me contar? Passou o dia fora do seu inferninho, aposto que aconteceu mais alguma coisa interessante além da discussão estranha.

— Um cara esbarrou em mim no mercado.

Ajeitei a minha postura no exato segundo em que fui citado, prestando ainda mais atenção na conversa entre elas. Eu me sentiria terrivelmente incomodado se o meu nome fosse o tópico de qualquer outra pessoa, mas fiquei ansioso para ouvi-la falando sobre mim. Um sorriso de canto escapou dos meus lábios.

— Como ele era? — perguntou Lya, tão sedenta pela resposta quanto eu.

— Ele era... — Claire fez uma pausa e riu baixinho. — Bem, não tem muitas coisas pra descrever ele.

— Era... Gostoso pra caralho? — Lya soltou uma risada alta e divertida. — Você nunca me disse nada sobre caras esbarrando em você, espero que não me decepcione.