Tell Me Lies (DUSKWOOD)

the unknown

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— Não saia de casa durante a noite, querida — o aviso veio da mulher já de idade ao meu lado. — Se realmente for morar nesta cidade, não poderá sair depois que o sol se pôr. É para sua segurança — ela me olhou com cautela, esperando que eu dissesse algo depois de minutos em silêncio.

Um alerta que foi emitido pela polícia da cidade recentemente ordenava que, durante a noite, todos os moradores evitassem sair de suas casas por qualquer razão. Por conta disso, sempre que o sol refletia seus últimos raios pelas ruas frias deste lugar, a paisagem se tornava como a de um filme sobre apocalipse zumbi.

Todo esse alarme era por conta do desaparecimento estranho de uma garota qualquer, o que deixou as pessoas que conheciam Duskwood como um vilarejo pacato e acolhedor assustadas. Tudo que eu sabia sobre este lugar foi fornecido à mim nas últimas cinco horas desde que cheguei por um site de pesquisa, e quanto mais eu descobria, mais estranho ficava.

— Vai fechar negócio comigo, senhorita Vaughn? — Senhora Walter voltou a perguntar, balançando os contratos que estavam nas suas mãos.

Me virei para ela, intercalando meu olhar entre os papéis e seu rosto, depois olhei ao redor da casa pouco iluminada que localiza-se nas extremidades da pequena cidade rodeada por árvores. A propriedade é grande e tem uma aura antiga, os pisos de madeira grunhem quando pisamos e o vento passando entre os forros no teto me assustavam ás vezes, mas pelo preço que ela estava sendo oferecida, não havia do que reclamar. Nada que uma reforma não resolvesse.

Estou dentro de um filme de terror. O pensamento invadiu minha mente quando minha atenção foi levada através da longa janela de vidro, me deparando com parte da floresta gigantesca se iniciando no quintal. Uma névoa densa se formava entre as árvores e um vento forte agitava as folhas, transmitindo um som alto.

Encolhi meus braços no agasalho e olhei para a senhora Walter, que ainda estava atenta no meu rosto.

— Quero cercas elétricas em volta da propriedade, não quero nenhum animal selvagem ou algum estranho perambulando pela floresta invadindo aqui — ordenei, gesticulando para onde eu queria que o trabalho fosse feito. — Pode providenciar isso o quanto antes?

— É claro, vou contratar alguém ainda essa semana. Mas não precisa se preocupar senhorita Vaughn, mesmo sendo uma área aberta até mesmo para a floresta, nunca recebemos nenhuma reclamação dos antigos moradores.

— Sou uma mulher morando sozinha numa cidade desconhecida e tão perigosa que não é permitido sair depois das seis. Então sim, eu preciso me preocupar.

Senhora Walter limpou a garganta, fazendo um leve sinal de confirmação com a cabeça.

— Você tem toda razão. Então, ficará com a casa?

Relaxei os ombros, soltando um longo suspiro. Senhora Walter sorriu satisfeita quando eu peguei os papéis das suas mãos e comecei a assinar tudo. A conheci recentemente através de um jornal, assim que ela divulga seus serviços como corretora de imóveis e proprietária de um hotel. Nos últimos dias, ela vem me ajudando a encontrar um lugar fixo para morar desde que coloquei na minha cabeça que um vilarejo afastado do restante do mundo seria um lugar ideal para mim.

— Vi a reportagem do desaparecimento no noticiário — comentei vagamente. — E também ouvi no rádio do meu carro quando estava vindo pra cá, e em panfletos espalhados pela rua.