rainy nights

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16

Meus dedos batucavam contra o vidro da janela do meu quarto, tomado pelos respingos da forte chuva que caía. Noites chuvosas sempre despertaram o melhor de mim e a minha felicidade vinha de forma espontânea. O barulho das gotas caindo sobre o telhado, o cheirinho de terra molhada, o vento gelado e o tempo nublado. Eu precisava apenas disso para ficar bem humorada.

Mas hoje, o único sentimento que passava pelo meu corpo era a preocupação. Estava preocupada pelos amigos da Jessy, preocupada pelo fato de que o sequestrador se sentia tão a vontade para deixar uma ameaça registrada mesmo estando a pouquíssimos metros da gente. E, principalmente, preocupada por saber que éramos a presa do mascarado.

Quando vimos o desenho na parede, Lilly imediatamente chamou a polícia. Um oficial gordo e com o olhar tediante saiu de dentro da viatura limpando o nariz, então relatamos tudo para ele, mas foi quase como conversar com uma porta. Ele anotou a nossa queixa, mas disse que era apenas uma pichação feita por adolescentes rebeldes, e que não tinha nenhuma relação com o sequestrador nos ameaçando.

Tudo foi inútil, ele foi embora sem nos dizer mais nada. Cleo correu para se trancar em sua casa; Thomas e Lilly também foram embora, e logo depois Dan também foi. Eles não estavam com medo, apenas não queriam se envolver. A responsabilidade de se livrar daquele marca na parede ficou para Richy e Jessy, que se recusaram a apagá-la, então a cobriram com um quadro.

Jessy quis ficar no centro e passar a noite com Richy, se recusava a ficar sozinha depois daquilo. Eles insistiram dezenas de vezes para que eu também ficasse, mas eu recusei. A minha necessidade de isolamento foi maior, eu apenas queria ficar sozinha, completamente sozinha.

Encostei a minha cabeça na parede perto da janela, ainda observando a tempestade que caía no meio da noite. Raios e trovões caíam do céu e iluminavam o meu rosto, assim como clareava as árvores que balançavam como se fossem cair. Um suspiro pesado escapou da minha boca e busquei pelo meu celular.

Jake: Você gosta de jogos de tabuleiro?

Jake havia deixado uma mensagem há poucos minutos atrás e ainda estava on-line quando eu visualizei.

Claire: Sim, mas eu não jogo há muitos anos.

Jake: Em noites como essa, ter a companhia de alguém é sempre bom.

Claire: Está querendo receber um convite pra minha casa?

Jake: Haha, sim ;)

Claire: Está convidado se trouxer um vinho e o jogo.

Jake: É como se lesse os meus pensamentos.

Ele me enviou uma foto que tinha acabado de tirar, suas mãos estavam ocupadas com uma garrafa de vinho e o tabuleiro. O mais engraçado - ou estranho - é que ele já estava na porta da minha casa.

Claire: Você é realmente impressionante.

Desci da minha cama e fui com pressa para o andar de baixo. Ao abrir a porta da frente, encontrei Jake encostado ali perto tirando o excesso de água do seu guarda-chuva.

— Oi, hacker — o cumprimentei com um sorriso, dando espaço para que ele passasse.

— Você não precisa me chamar assim — ele riu.

— Eu gosto de apelidos.

— Lilly me contou sobre o que aconteceu na oficina — Jake mudou de assunto de repente, me olhando com preocupação. — E eu sei que Jessica ficou no centro, então você ficou completamente sozinha aqui.

Tell Me Lies (DUSKWOOD)Onde histórias criam vida. Descubra agora