Tell Me Lies (DUSKWOOD)

what is your sin?

17

Eu não sabia em que momento da noite anterior eu tinha caído no sono, mas sabia que tinha dormido como uma pedra e acordado com dor de cabeça. A primeira coisa que fiz assim que despertei foi procurar Jake pela sala completamente bagunçada, mas eu tinha voltado a ficar sozinha pela manhã.

Preparei um chá bem quente enquanto observava através da janela da minha cozinha, admirando o novo dia. Depois de uma noite chuvosa, Duskwood amanheceu ensolarado e a claridade do sol nas árvores refletiam as últimas gotas que sobraram nas folhas.

Quando me servi com uma xícara, fui até os degraus na entrada da minha casa e me sentei ali sem me importar com a madeira gelada e ainda um pouco úmida. Com meu celular em mãos, procurei o contato da Lya e me preparei para contar cada detalhe das minhas últimas 48 horas para ela.

— Eu juro, Claire. Se você se apaixonar por ele, eu juro que mato você — eu conseguia sentir a irritação no seu tom de voz. — Você perdeu a cabeça?!

— Por que você é sempre tão exagerada? — a respondi com calma. — Não era você quem estava me dando o maior apoio pra conseguir uma "relação casual" ?

— Isso foi antes de descobrirmos que ele é o hacker. Você sabe que as chances de ele ainda ter acesso a todas as suas coisas é grande, não sabe?

— Ele não faz mais isso.

— Desculpa, mas quando nós começamos a confiar nele? — Lya continuava reclamando sem parar. Por alguns minutos, deixei meu celular de lado e só o peguei de volta quando a linha foi tomada pelo silêncio. — Ei, você ainda está me ouvindo?

— É claro que sim — menti. — Quer dizer mais alguma coisa?

— Esse hacker aí, você tem certeza que ele não descobriu exatamente tudo sobre o seu passado? — sua voz agora saiu baixa e com um misto de preocupação.

— Não, Lya. Nós tomamos cuidado com tudo, você sabe disso.

— Mas não podemos subestima-lo, principalmente agora que sabemos que ele é bom o suficiente com software para trabalhar com isso. Eu estou segurando as pontas aqui, mas não sei até quando vou conseguir manter essas informações em sigilo. Você já tem todas as documentações com o seu nome?

— Algumas. Você pode agilizar o processo? Eu já queimei todas as documentações antigas.

— Eu vou dar um jeito. Escuta, se você vai manter o Jake por perto, saiba usar as habilidades dele ao seu favor — aconselhou Lya. Respirei fundo e concordei.

— Já estou fazendo isso.

[...]

Tive que me encontrar com o grupo mais uma vez e no mesmo lugar que antes. Richy disse que passou a noite na oficina junto com a Jessy, concentrado em encontrar qualquer movimentação estranha em volta do lugar depois do sinal do corvo. Nada aconteceu, mas é claro que eu não esperava que o mascarado voltasse tão facilmente.

Jessy me explicou sobre esse sinal de uma forma breve, estava associado a uma lenda antiga que cercava a cidade, e alguém estava se escondendo atrás dela para justificar os seus crimes. Aquela informação não era relevante, pelo menos não para mim. O verdadeiro perigo está atrás do rosto de uma pessoa, e talvez essa pessoa estivesse ao meu redor.

— E você não tem sequer uma câmera de segurança na oficina? — direcionei minha pergunta para o Richy.

— Nós não temos — Jessy respondeu por ele. — E deve ser por isso que o homem sem rosto escolheu deixar a nossa porta marcada.