behind the innocence

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Mais um dia amanheceu em Duskwood, uma manhã fresca e ensolarada. O frio extremo que fazia há algumas semanas atrás estava nos dando uma trégua, felizmente. Através da janela da minha cozinha, consegui ver que o carteiro estava passando mais uma vez, me trazendo minhas correspondências e o jornal da cidade.

Saí de casa em direção à caixa de correspondência e, ao mesmo tempo que eu, Jessy também apareceu na rua com uma xícara de café bem quente em mãos. A ruiva acenou para mim de longe, o sorriso no seu rosto demonstrava o quanto ela estava de bom humor. Depois de esvaziar as nossas caixas, Jessy atravessou a rua até chegar na minha frente e me cumprimentou mais uma vez.

— Bom dia! — seu timbre soou animado.

— Bom dia, ruiva. Parece que alguém acordou de bom humor hoje.

— O dia hoje vai ser quente, eu gosto de calor. Bom, depois de quase congelar por meses, esquentar um pouco a pele é prazeroso — concordei com ela, Jessy tinha razão. A atenção da ruiva desceu até o jornal em suas mãos, e uma expressão confusa surgiu no seu rosto. — Ué, o que é isso?

— Alguma coisa errada? — tentei ver o que tinha de errado no jornal, e na primeira página havia uma notícia com uma foto do prefeito de Duskwood ao lado do chefe de polícia.

— Estão anunciando uma reunião nesse final de semana no centro da cidade com todos os moradores, aposto que o motivo é o caso da Hannah e da Amy. Não podemos esquecer que um assassino sequestrador ainda anda por essa ruas.  Eu acho que sei qual o motivo de tudo isso.

— Tem alguma coisa mais importante do que isso?

— O Pine Glade. Alguém já te contou sobre esse evento? É um festival que acontece uma vez por ano em Duskwood na época de outubro e novembro, uma festa enorme onde toda a cidade é convidada. E adivinha só? Entraremos nessa época daqui duas semanas.

— Mas e o toque de recolher? Achei que a lei ainda estivesse de pé mesmo depois da Hannah ser encontrada.

— Isso é o que vamos descobrir em dois dias. A reunião é no sábado, te vejo lá?

— Sim, é claro.

Jessy voltou com pressa para dentro da sua casa, precisava conversar com os seus amigos sobre aquilo. Segui o breve caminho até a entrada da minha casa e subi os degraus até a porta, a fechando novamente assim que entrei.

Meu celular vibrava com frequência em algum canto da casa, segui o toque até que o encontrasse e o nome da minha melhor amiga mais uma vez se destacava no identificador. Levei o celular até o ouvido assim que atendi.

— Bom dia, Lya. Tudo bem?

— Você vai precisar contar a verdade pro Jake.

Minha postura mudou no mesmo instante, Lya estava estranha e aquele tópico nunca surgiria tão de repente assim se não fosse realmente importante.

— Você nunca esteve de acordo com isso.

— Eu comecei a trabalhar com o Biggs há pouco tempo, ele montou uma empresa que "abriga" foragidos em troca de serviços cibernéticos. Ele tem a mercê dele uma quantidade boa de hackers profissionais, e é claro que um dos vários serviços que eles fazem é o rastreamento de pessoas. Posso te garantir que eles ganham muito com isso.

Tell Me Lies (DUSKWOOD)Where stories live. Discover now