➵ PRÓLOGO

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De longe o menino observava a linda garota com olhos escuros como a noite — um contraste perfeito com o seus — o longo cabelo castanho escuro que cintilava com a pouca luz das lâmpadas ao redor da grande fonte

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De longe o menino observava a linda garota com olhos escuros como a noite — um contraste perfeito com o seus — o longo cabelo castanho escuro que cintilava com a pouca luz das lâmpadas ao redor da grande fonte. Os minúsculos dedos da garota apontados em direção à lua enquanto seu corpo rodava nas pontas dos pés. Encantado, em um transe infinito ele não conseguia desprender o olhar.

Seu corpo todo se arrepiava como se estivesse ouvindo o som de violino que ele tanto amava ou aprendeu a amar já que era a única que ouvira durante anos. Os pequenos lábios curvados em um sorriso singelo enquanto se agarrava as barras de ferro puro que o impedia de sair. Ao observar-lá nem sequer se importava com a dor que estava sentindo em seu rosto pelo ferimento grave. Apenas se irritava com tanta gaze enrolada ao redor de sua cabeça e olhos o impedindo de observá-la completamente.

Ela parecia curá-lo com sua dança magnífica... Correndo, girando, saltando igual a um pequeno coelho ao redor da fonte de pedras com musgos que ele vira quando foi enviado para o maldito manicômio. Sem um som sequer em seus ouvidos, apenas o silêncio, a escuridão e as grades entre os dois. Ele se perguntou por qual motivo ela estava lá. O que ela teria feito? Ela seria tão louca quanto ele?

O delicado rosto desconhecido que ele podia observar pela primeira vez em seus doze anos. Talvez isso fizesse parte do motivo de ele estar tão encantado, sentindo seu peito flutuar conforme ela dançava. A primeira vez que a criança sentiu o gosto da liberdade em seus lábios. E ao ver a pequena garota escorregando para dentro da fonte fazendo gotículas de água escapar para fora das pedras ele sentiu a angústia em não vê-la mais preencher seu peito.

Mas ao observar ela se levantando com um sorriso arteiro nos lábios também sorriu em um gesto voluntário. Experimentando mais uma nova sensação. A garota levantou o queixo endireitando a postura, voltando a subir na curta coluna de pedras e então se preparando para um salto. O garoto arfou arregalando os olhos sentindo seu coração disparar e as mãos suarem. Agarrou fortemente as barras mais uma vez ansiando para que ela pulasse e quando os pés da garota tocaram o chão em um salto perfeito ele soltou o ar preso em seus pulmões.

—Calina! —A voz distante de uma mulher chamou a atenção da garota fazendo ela sorrir. —Precisamos ir.

O garoto sentiu seu peito apertar, mas se sentiu satisfeito por ao menos saber o nome dela. Sorrindo ele o dizia diversas vezes como se estivesse fazendo anotações mentais para não se esquecer.

—Calina... Calina... —A garota andava em direção a mulher agarrando a barra do vestido enquanto o garoto continuava recitando seu nome como em uma canção.

E então a garotinha sentindo um calafrio percorrer por suas costas se virou em direção ao assustador castelo de pedras velho coberto por plantas e musgos. Ela deveria estar sentindo medo já que sentia que estava sendo observada, mas ela procurava por todas as janelas ansiando ver o rosto daquele que a viu dançar às escondidas.

—Nos conheceremos um dia pequena Bunny... —O garoto disse em um sussurro ao ver o rosto descontente da garota após não encontrá-lo.

Talvez ela deveria ter olhado para a última janela no topo do castelo. Mas como ela poderia saber que lá existia um segredo que jamais poderia ser exposto para o mundo? Mas naquele dia ela plantou uma pequena semente de liberdade no peito do garotinho que prometeu acompanhá-la como um devoto adorador.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora