➵ 30: Secrets revealed

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Calina Sartori
Dias atuais...

A temperatura gélida da água me envolveu como um abraço indesejado enquanto eu submergia na escuridão. Meus pulmões queimavam, implorando por ar, e meus músculos ardiam em meio a luta para encontrar a superfície. E quando finalmente, minha cabeça rompeu a barreira líquida fui recebida pela noite, o ar cortante me invadindo e um ofego desesperado saiu dos meus lábios em forma de vapor. Retirei meus cabelos colados a máscara, que cobriam a minha visão, arregalando os olhos, a mistura de adrenalina e pavor inundando minha mente.

Ao meu lado, Trevor emergiu também respirando ofegante, o ar atravessando a tela onde deveria estar sua boca, em forma de névoa. Encarei o culpado da minha loucura momentânea, o motivo pelo qual eu me vi saltando daquela ponte para o abismo. Seu rosto virando na minha direção por um breve instante, eu podia senti-lo me encarar aquecendo meu sangue apesar da temperatura negativa da água.

Sua mão tocou minhas costas, empurrando-me levemente em direção a margem onde uma sombra em forma humana nos esperava, na terra firme balançando as mãos. Puxei o ar com força, lutando para recuperar o fôlego, as palavras se perdendo em um suspiro. Cada parte do meu corpo tremia, tanto pela temperatura da água quanto pela adrenalina que ainda pulsava em minhas veias.

Trevor tocou minha cintura me empurrando em direção ao seu amigo que estendia seus braços. Alcancei a mão estendida na minha direção, antes de encarar o olhar preocupado, mas agora exilando alívio. Não sabia como ele havia chegado aqui tão rápido. Tudo isso já era parte do plano? Droga, pouco me importa, eu apenas queria tirar a máscara molhada que me sufocava.

— Você está bem? — Os olhos azuis vagavam entre mim e Trevor, perguntando assim que começou a ouvir minha tosse desenfreada. — Vamos, nós temos que ser rápidos.

As mãos de Hunter me ergueram só parando de me puxar quando eu já estava segura em seus braços, praticamente me carregando consigo. Olhei ao nosso redor, percebendo que estávamos em uma parte escondida da ponte. Antes na verdade, era realmente escondido, mas agora o turismo já tinha praticamente tomado conta, então algumas pessoas desciam para tirar suas fotos memoráveis da Tower Bridge sem que tivesse dezenas de pessoas também aparecendo. A alguns metros de distância do nosso esconderijo, as sirenes iluminavam o céu em vermelho e azul enquanto as cabeças vasculharam a superfície da água.

Desviei minha atenção dos policiais, temendo que fossem atraídos apenas pelo meu olhar e me alertei sobre a possibilidade de ter câmeras de vigilância nesse local e quando o hacker da tríade passou por nós indicando com um meneio de cabeça, a tampa de um bueiro, entendi que isso tudo já estava em seus planos.

— Nossa... — No mesmo instante em que ele a abriu, parei de respirar pelo nariz. O cheiro de podridão, me pegando despreparada, invadiu meu olfato no segundo em que meus pés tocaram a água do esgoto. — Não tinham uma ideia melhor do que nos jogar dentro desse lugar?

Sem enxergar nada, em meio a escuridão, uma lanterna se acendeu na mão de Hunter antes que minhas pupilas conseguissem se adaptar a falta de iluminação.

— Você que nos jogou da ponte, Bunny. — Arqueei as sobrancelhas e revirei os olhos. Como se ele não pretendesse fazer isso também. — Merda... — Levei meu olhar até ele que resmungou após pular entrando no esgoto.

— O que foi? — Me aproximei prestes a levar minha mão até seu corpo, onde suas mãos pressionavam a fonte da dor, mas da mesma forma que me aproximei, rapidamente ele se afastou se apoiando no Hunter.

— E o carro? — A voz profunda ecoou em meio às trevas, fazendo Trevor dar uma risada bufada.

— Eu pretendia dar um pouco mais de trabalho para eles recuperarem a lataria, mas a Bunny proporcionou um ótimo show. — Toquei minha máscara tentando deixar ela de uma forma menos descontável para respirar, conforme começamos a andar.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora