➵ 31: I'm devoted to you

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Calina Sartori
Dias atuais...

Eu não me lembro quantas vezes estava repassando aquele vídeo, ouvindo todas as suas palavras ao ponto de decorar cada uma de suas pausas, cada uma de suas respirações e até mesmo como seus olhos estavam vagos. Não havia seu brilho habitual que eu me lembrava, nenhuma vez seus lábios se curvaram em sorrisos calmos e doces. Ela parecia exausta, cansada demais até mesmo para falar aquelas palavras e parecia tirar forças de onde não havia nada.

Mas sempre que chegava no final, meus olhos voltavam a arder e as lágrimas desciam pelo meu rosto. O forte gosto do whisky misturando-se com meus pensamentos bagunçados, fazendo tudo parecer letárgico demais.

A primeira coisa que eu quis fazer foi sair daqui e correr para Bristol, apenas para ter certeza que ela não estava lá. Tentar ver sua imagem diante dos meus olhos e descobrir que ela estava viva, mesmo tendo sua autópsia em minhas mãos. Como... Como isso tudo aconteceu embaixo do meu nariz?

Eu pensava que o motivo de vê-la distante do meu pai era por suas traições, acreditava que ela evitava Willian por ele talvez assustá-la. E agora eu estou reformulando toda a nossa vida, tentando encaixar as peças desconexas e enfim parecendo que tudo clareava.

"Minha única filha."

Como eu não havia percebido toda a nossa diferença? Como Willian não tinha nada de seus traços e muito menos traços do nosso pai, mas agora eu consigo vê-lo idêntico a Lúcia. Por Deus... Isso tudo aconteceu antes mesmo de seu casamento com o meu pai. Em que tipo de cilada minha mãe acabou caindo ao se casar com ele. Talvez toda sua vida teria sido tão diferente e com isso, minha vida.

Afoguei minha dúvida com o álcool, deixando o líquido rasgar minha garganta e meus lábios vacilarem tremendo. Eu os destruirei. Não importa quem são todos eles que minha mãe disse, nem mesmo se eles forem as maiores escórias do universo. Os destruirei por a terem machucado, por a terem matado, por terem tirado sua chance de felicidade. Tudo poderia ter sido tão diferente...

— Bunny? — Elevei meu olhar e observei Hunter ainda mantendo seu olhar quente sobre mim.

Sorri levemente tentando parecer bem, mas ele sabia o quanto isso havia me destruído. E no segundo em que sua mão tocou o topo da minha cabeça, afagando meu cabelo entre seus dedos em carícia leve, eu tive que morder meus lábios piscando repetidamente evitando chorar ainda mais, enfim me levantando e dando espaço para que ele continuasse seu trabalho.

— Desculpa... — Murmurei com a voz baixa me afastando com as mãos na cabeça.

— Desabe o quanto quiser, Bunny. Nós estaremos aqui. Você não está sozinha nessa. — Todo meu esforço foi em vão no segundo em que Aiken se pôs ao meu lado, fazendo-me virar e abraçar seu corpo.

Confiança, dessa vez eu realmente estava entregando tudo aos pés dele. Porque exatamente como minha mãe disse eu não estava mais sozinha. Eu tinha um hacker capaz de abrir portas, um psicótico capaz de explodir o mundo e um stalker capaz de acertar um tiro em uma mosca a 5 quilômetros de distância.

— Hum... Bunny? Eu sei que eu sou um poço de afeto, mas será que dá pra dar uma afastadinha? — Suas mãos tocaram minha cintura e me afastaram com um sorriso amarelo e logo após fazendo uma careta. — Você precisa de um banho, está fedendo pior que um defunto em decomposicao.

— Por Deus, Aiken! — Hunter rosnou, mas no instante em que meus lábios abriram-se em uma risada seus ombros relaxaram.

— Fica quieto Slender man, estou tentando fazê-la sorrir.

O homem de olhos azuis agora furiosos pelo apelido quase se levantou, prestes a acertar um soco no amigo, mas foi impedido por um tapa leve na cabeça desferido por Bugsy que apontou para o computador e rapidamente mesmo irritado atendeu a ordem do líder da equipe.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora