➵ 18. Do you hate me?

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Calina Sartori
Dias atuais...

Meu corpo completamente nu estava preso em uma gaiola, flutuando entre as grades metálicas douradas enquanto todos me observavam do lado de fora. A vergonha estampava em meu rosto, odiando seus olhares fulminantes em minha pele. Me julgando até o último segundo possível em que eu me vi naquele lugar. Esticando meus braços tentei tocar a porta da gaiola, com as pontas dos meus dedos sentindo-a. Mas a cada vez que eu me aproximava, mais ela parecia distante. Soltei um suspiro leve sentindo a decepção crescer em meu interior.

Eu viveria presa aqui. Eternamente.

Meus olhos lentamente foram se abrindo me fazendo lembrar do terror que eu estava sentindo. Eu havia desmaiado? Olhei ao redor procurando a figura de Willian, mas eu estava apenas deitada no meio da mata sentindo minhas pernas trêmulas. Ele havia desaparecido ou isso foi apenas uma pegadinha da minha própria mente?

Abaixei a cabeça respirando lentamente sentindo o alívio percorrer por cada canto da minha alma. Mas como em um filme de terror onde por alguns segundos os protagonistas se sentem aliviados e logo em seguida o terror se instala mais uma vez, botas militares apareceram em minha visão. Meu coração começou a bater tão aceleradamente ao ponto de me fazer senti-lo doer. Não ousei levantar a cabeça, eu sabia que era ele e aquilo não havia sido uma ilusão. Willian tentaria me matar mais uma vez, mas dessa vez eu lutaria com todas as minhas garras para impedi-lo de me tocar.

Me levantei ainda mantendo meu olhar abaixado sentindo minha respiração travar em minha garganta, agora tão seca como se eu estivesse em um deserto sem fim. Dei dois passos para trás me virando e correndo entre as árvores. Meus pulmões queimando enquanto tento espaçar do seu olhar penetrante. Posso senti-lo em minhas costas, quase posso sentir até mesmo seu hálito quente em meu pescoço. Me desvencilho dos galhos retorcidos que tentam me deter, cada folha se transforma em um eco do medo que me consome. Tudo transformando-se na sua figura ameaçadora.

— Por favor, para! — Gritei sentindo quase minha garganta se rasgar.

"Por favor, irmão!"

Outro flash atingiu em cheio minha mente fazendo a floresta se parecer exatamente como naquela noite. Chuva caindo, a escuridão sem fim e minhas pernas parecendo curtas demais para fugir.

— Você não pode escapar de mim. — Escutei sua voz cada vez mais se aproximando.

"Não pode escapar de mim, Calina. Corra! Corra!"

O chão deslizava demais me fazendo diversas vezes tropeçar entre as árvores e em uma dessas deslizadas senti mãos agarraram meus quadris me puxando para baixo. Cravei meus dedos na terra forçando meu corpo a continuar, lutando até o fim para que ele me soltasse.

— Você me odeia? — Escutei seu grito entre a minha fúria.

Mesmo tentando me soltar seu corpo passou por cima do meu, me prensando contra o chão. Seu agarre em minha nuca me fazendo fincar o rosto na terra, sentindo dificuldade em respirar.

...

— Você me odeia? — Aos poucos minha visão foi voltando.

O rosto do Willian próximo ao meu de uma forma assustadora. Seus longos dedos deslizavam pela minha bochecha de uma forma leve, mas que ainda me machucava. Senti o peso de todo o seu corpo sobre o meu e a poeira do chão amadeirado invadir minhas narinas. Puxei o ar com força como se agora que meu cérebro tivesse tempo de raciocinar que eu já poderia respirar. Mais uma vez as lágrimas invadiram meu rosto, me fazendo começar a soluçar e ofegar entre minhas tentativas de respirar.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora