TOQUE-ME SE FOR CAPAZ

➵ 11. Dark Desire

Calina Sartori
Seis anos atrás...

"Onde você está?" — Revirei os olhos assim que atendi a chamada de Blake observando as luzes fracas do beco piscando freneticamente. — "Todo mundo está esperando por você aqui. Não me faça passar vergonha, Calina."

Um arrepio percorreu minha espinha. A lembrança da festa, da pressão para ser o "troféu" do meu pai, atormentava-me.

— Eu não vou voltar para a festa agindo como o troféu do meu pai, Blake. — Mordi meu lábio, desejando voltar para dentro. — Desculpe, mas surgiu algo...

"Qual é, Calina! Estou de saco cheio dessa merda. Você vem aqui dentro de 30 minutos ou vou achar você e lhe trazer arrastada." — Ele bufou do outro lado da linha. — "Porra, é o seu aniversario. Estão fazendo isso por você..."

Revirei os olhos assim que ouvi o barulhinho da ligação finalizando. Afastei o telefone deslizando as unhas pela tela e rapidamente mostrei meu dedo do meio como se ele pudesse ver toda a minha raiva e frustração. Puxei o ar com força jogando a cabeça para trás e observando o céu nublado, quase nenhuma estrela se alastrando pela extensão da escuridão da noite. O vento gélido me trazia calafrios, mas com certeza a sensação de estar sendo observada era o que me fazia ter tremores.

Eu deveria me sentir frustrada por ele não se aproximar. Sinto seu desejo a metros de distância, analisando minha pele como se pudesse tocá-la a qualquer segundo. Meus lábios se curvaram em um sorriso leve ao lançar meu olhar para o rapaz que até então não havia retirado a máscara de seu rosto. Alguém que teve minha curiosidade como prêmio durante toda a noite. Algo nele me atrai, a sensação de calmaria exalando de seu corpo, mas também o indício de perigo. A minha intuição gritando no fundo da minha mente que eu deveria afastá-lo, mas ela grita tão baixo que eu nem sequer me importo em tentar ouvir. Ele é viciante. O mistério que ele exala é quase obsessivo.

— Qual é o seu nome? — Umedeci meus lábios me escorando na parede de pequenos tijolinhos gelados.

— Bugsy. — Minha risada escapou, provocando-o. — Meu nome é engraçado?

— Qual é... Você já sabe o meu nome. É justo que eu também saiba o seu, não é? Isso é educação básica.

Seus ombros se balançavam conforme a risada abafada saia de seus lábios. Inclinado contra a parede do outro lado do beco, ele segurava um cigarro entre os dedos. O que me deixou frustrada. Se eu tivesse levantado minha cabeça olhando para o lado oposto em meio a escuridão, talvez eu tivesse visto seu rosto. A curiosidade fervilhava em cada centímetro da minha pele. Ele apagou o cigarro na parede dando um passo curto em minha direção fazendo o ar dos meus pulmões escapulir em uma lufada. A cada segundo que seus pés deslizavam pelo chão o seu cheiro invadia minhas narinas. Em um reflexo involuntário meus olhos se fecharam absorvendo a fragrância de whiskey e tabaco. Sempre odiei quando meu pai ou irmão emanava esse odor, mas porque nele tem que ser tão viciante?

— Estava falando com seu namorado? — Meus olhos se abriram levemente em surpresa por ele saber sobre o Blake.

— Devo lhe considerar um stalker? — Sua risada rouca ecoou através da máscara e exatamente como sua voz potente, ela me trouxe tremores internos ao ponto de me fazer cruzar as pernas sentindo o interior úmido.

— Gosta de responder perguntas com outras perguntas? — Mais um passo em minha direção. Nossos corpos tão próximos ao ponto de me permitir sentir a chama ao nosso redor.

— E você gosta de evitar respostas? — Minhas unhas cravaram em parte da parede ao sentir seu peitoral se pressionando contra os meus seios que nesse ponto estavam arrepiados saltando no tecido da blusa.