➵ 39: The Pact of Destruction

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Calina Sartori
Dias atuais...

O vento atingiu meu cabelo, enquanto meus dedos circulavam o volante com tanta força ao ponto das dobras ficarem brancas. Trevor se manteve na liderança desde o instante em que entrou na pista, seguido por mim, depois Aiken e Hunter que vez ou outra nos ultrapassava.

Para falar a verdade, ele sequer parecia interessado na vitória, mas pela primeira vez através do capacete eu podia ver seus olhos brilhando. Não pelo fato da visão realmente, mas como o seu corpo se tornava apenas um com a moto.

Os braços se abriram tirando as mãos da direção e mesmo em alta velocidade, ele jogava o corpo de um lado para o outro fazendo zig zag na pista. E se o vento estava cortante do lado de dentro do carro, eu sequer queria imaginar a sensação na moto.

Por um instante eu pisei no freio, não sei por qual motivo, mas lentamente diminui a velocidade enquanto observava eles passarem à minha frente. A nostalgia era o único sentimento capaz de atingir cada um dos meus poros. Os carros se alinharam e a moto entrou no meio deles. A uma curta distância eu conseguia enxergar eles conversando, principalmente quando Hunter esticou a perna para chutar a porta do carro de Aiken.

Um riso frouxo passou por meus lábios e aproveitando a distração, girei o volante e entrei em um beco. Não que eu realmente quisesse fazer jogo sujo, mas na noite passada eu sabia que isso aconteceria, então procurei alguns atalhos. Londres ter várias ruas estreitas e outras sem saída, me fez encarar o mapa até encontrar uma rota que me garantiu 5 minutos de vantagem.

Então enquanto atravessava o beco em alta velocidade, apenas via as paredes que passavam rapidamente rente às laterais do carro e me virei para Loiry que tinha um sorriso nos lábios.

A mesma expressão que eu tive anos atrás quando entrei em um carro e tive a sensação de adrenalina correndo por cada uma das minhas veias. Ela pode ter experimentado isso dezenas de vezes, seja em um relacionamento conturbado com o tal Draven ou nas brigas com o Noah, ou talvez até mesmo com a arte, que às vezes nos proporciona picos de adrenalina. Mas isso aqui é um tipo diferente. E quando você usufrui da pequena parcela que a noite te proporciona, o vício de repente está batendo em sua porta, implorando por mais.

— Então é isso que você tem feito esse tempo todo? — Sua voz alcançou meus ouvidos e eu sorri levemente.

Pisei ainda mais fundo no acelerador quando enfim saímos do beco voltando para a pista. Estamos a menos de 2 minutos do ponto de encontro e eles não apareceram na minha visão. Apenas no instante em que eu segurei o freio de mão e girei o volante completamente em um giro de 180° graus, escutando os pneus chiando contra o asfalto, que eles apareceram. Pisquei os faróis em divertimento e acionei a ré, acelerando o máximo que o motor aguenta, enquanto os via com os meus próprios olhos se aproximando rapidamente.

Levantei a minha mão para o lado de fora, erguendo meu dedo do meio e deixando uma risada rouca passar por meus lábios no instante em que cheguei ao ponto planejado. Sem demora, eles também chegaram, mas ao invés de pararem seus carros como eu, os dois idiotas começaram a derrapar ao redor do meu carro formando um perfeito 360°, queimando o pneu no asfalto e jogando a fumaça para cima. Hunter desceu da moto e com seu celular começou a gravar enquanto dava risada e apontava em nossas direções.

Arqueei as sobrancelhas quando o carro de Bugsy parou ao lado do meu, nossas janelas coladas uma na outra e agora a máscara em seu rosto. Senti o calafrio percorrer toda a minha espinha e o choque ir até minha boceta. Meu estômago tornou-se gélido e as famosas borboletas sobrevoam não apenas o espaço, mas passava também por cada canto da minha pele. Um formigamento, um choque ou a sensação de liberdade... Era uma mistura de tudo.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora