Sacrifice Games - (percabeth)

Conversar.

Capítulo 13: Luke.

Passei a noite com Rachel, conversando e apresentando algumas estratégias que usei nos meus Jogos. Ouvi quando o voluntário chegou, era tarde e eu já tinha mandado a tributo ruiva ir se deitar. Ele me cumprimentou com um aceno de cabeça e foi logo para o quarto. Annabeth demorou mais alguns minutos, e eu esperei, sentado no sofá, a cabeça tombada para trás encostando o estofado.

A porta se abriu e fechou quase silenciosamente e os passos dela logo ficaram evidentes no silêncio.

—Chegou tarde. —anunciei minha presença, ouvindo-a parar de andar.
—E você já deveria estar deitado. —devolveu. 

Passei um braço por cima do encosto do sofá, virando o rosto para encará-la e apoiando o queixo nele.

Havia uma sombra de sorriso no rosto dela. Annabeth Chase esteve sorrindo e não foi por minha causa.

Foi por causa do voluntário.

—Eu te trouxe para cá. Você é minha responsabilidade. —falei. Annabeth revirou os olhos.

—Não sou ingênua, Castellan.

Não gostei da forma como disse meu sobrenome, de um jeito frio, debochado. Ela não me chamava assim desde que nos conhecemos bem. Desde que deixei de ser apenas seu vizinho para me tornar um amigo. Até mais do que isso.

—Eu sei disso. 

—Ótimo. 

Ela começa a andar de novo na direção do corredor que leva aos quartos. Me levantei rapidamente, seguindo-a.

Annabeth abriu a porta do próprio quarto, se virando para mim quando apoiei uma mão nela para que a impedisse de fechá-la.

—Podemos conversar sobre aquilo? —perguntei, focando os olhos dela, que agora pareciam cansados.

—Não temos o que conversar, Luke. Eu já falei o que precisava.

—Mas eu não. —retruco. —Sou apaixonado por você, porra.

Eu nunca havia verbalizado isso antes, mas eu sabia ser verdade. Desde quando Annabeth se mudou para a casa de frente para a minha na Aldeia dos Vitoriosos, chamou minha atenção. Corri atrás dela por meses, que me ignorou e rejeitou. Nunca fomos pra cama. Ela nunca permitiu que eu fosse tão longe, mal me deixava beijá-la.

E a loira se demonstrou chocada com a minha declaração, abrindo a boca para dizer algo e fechando-a logo em seguida.

—Você terminou comigo pra pegar o voluntário, não é? —aproveitei para questioná-la. —Ele vai morrer, Annabeth. 

—Não tenho nada com ele. —disse, a voz firme. —Assim como também não tinha com você.

—Então o que nós tínhamos era nada?! —estou indignado agora. —Quem ficou com você quando os Jogos deixaram sua cabeça uma merda? Quem ouviu seus desabafos? Quem te confortou quando tinha pesadelos?

Ela se apoiou na porta, esfregando o rosto com a palma da mão e respirando fundo.

—Luke, não quero discutir com você. Não mesmo. —voltou a erguer os olhos para mim. —Você foi um bom amigo, mas acho que me precipitei em relação a algumas coisas. Eu não estava bem e acabei me apoiando em você. Desculpa, mas não damos certo. Não é justo com você quando eu não estou inteira nisso.

Ela fala com tanta calma e paciência que não acho justo. Não é justo ela estar tão tranquila quando a raiva está prestes a explodir no meu peito.

—Não é justo você fazer isso comigo! —dei um soco na parede ao lado do batente. —Merda, Annabeth, você não pode fazer isso.

—Eu posso. E eu vou. É a minha vida, e só eu escolho o que posso fazer com ela.

Ela ia bater a porta na minha cara, mas continuei segurando-a, pressionando a palma na madeira.

—Eu venci a porra dos Jogos Vorazes e ele nem ao menos quer isso. Se apaixonar por ele vai destruir você, não consegue perceber? Ele vai morrer, Annabeth.  

Ela fechou os olhos, puxando ar para os pulmões e soltando com força.

—Sou responsável por Percy nos Jogos. Estou ajudando ele com isso, cumprindo o meu papel. Ou você pensa que eu sou alguma vadia daquelas com quem você saía no Distrito? 

—Você me interpretou mal… —tentei desfazer a merda que fiz, mas percebi que já era tarde demais. Não era isso que eu estava querendo dizer. Nunca insinuaria algo assim sobre ela de propósito.

—Não, Luke, tudo bem. —Annabeth continua calma, mas posso perceber o deboche no tom de voz. —Pense o que quiser. Tenho mais com o que me preocupar do que com seu ego ferido.

E deixei ela bater a porta, ficando plantado em frente a ela, os punhos cerrados.

Quando ela falou comigo mais cedo, sobre terminar as coisas, tentei manter o máximo de calma possível. Mas agora, quando a vi sorrindo, não sei o que houve. Talvez tenha tomado consciência de que a estou perdendo. Ou mesmo de que nunca a tive e tudo foi mesmo coisa da minha cabeça. Ontem mesmo ela estava… tensa. Muito tensa. Não sei como interpretar tudo isso. Não sei como interpretar Annabeth Chase.

—Ela é difícil. —uma voz se fez presente no meu campo auditivo. Eu sabia quem era, e isso fez minha raiva aumentar. Só haviam mais duas pessoas ali além de Annabeth e eu.

E o voluntário era a última que eu queria ver.

Apertei a ponte do nariz, respirando fundo para me recompor do meu estado de completo ódio. Tanto por ele quanto por Annabeth. Eu o odiava de verdade e queria odiá-la também, na minha cabeça seria mais fácil desse jeito, cuidando apenas de Rachel.

—Quanto você ouviu? —consegui que minha voz saísse controlada.

—Pouco. —Jackson respondeu. —Mas relaxa. Não vou contar pra ninguém. Só ouvi um barulho e resolvi conferir.

Assenti, passando a mão pelo cabelo e parando-a na nuca.

—Tudo bem.

—Tudo bem. —ele repetiu, apontando para trás com o polegar. —Vou me deitar.

E me deu as costas, mas chamei-o de volta:

—Jackson.

O voluntário se virou novamente, franzindo o cenho, aparentando uma mistura de curiosidade e confusão.

Eu só continuei:

—Se eu sonhar que colocou suas mãos nela, eu mesmo mato você. —ele abriu a boca para dizer algo, provavelmente me questionar sobre o que eu estava dizendo. Mas ele sabia. Tinha que saber. Duvidava que fosse burro ao ponto de não saber ao que eu me referia. —Recomendo que mantenha o foco em cuidar da sua ruiva.

Não tinha como eu ser mais claro do que isso. Passei por ele, esbarrando em seu ombro de propósito antes de entrar no quarto e bater a porta atrás de mim.