Bastidores.

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Capítulo 30: Annabeth.

É difícil para mim ver Percy atravessar Frank Zhang com uma espada. A expressão em seus olhos quando olha para o corpo e todo aquele sangue no chão faz com que meu peito doa. Uma dor física.

Não é justo um ser humano tão puro de coração ter que fazer algo assim. Ele é bom, e as pessoas boas são obrigadas a fazerem coisas horríveis às vezes. Ele não é um assassino, simplesmente não é. Eu sei disso. Percy não é como Luke.

Percy não é como eu.

Acho a estratégia de Thalia inteligente até certo ponto, mas não consigo prever suas reais intenções. Talvez Reyna saiba, por isso faço uma anotação mental para perguntar à ela mais tarde. Sei que ela quer conversar comigo, de qualquer forma.

O grupo combina os próximos passos e Percy se afasta deles, vasculhando uma mochila antes de se sentar no chão, claramente frustrado. Enfia o rosto entre os joelhos e começa a tremer. Acho que ele está chorando e isso me devasta. Ele não pode quebrar agora.

Quero puxá-lo nos meus braços, beijar o topo de sua cabeça e dizer que vai ficar tudo bem.

Estou tentando convencer a mim mesma de que vai ficar tudo bem.

Todos os mentores ficam dispostos numa enorme sala muito semelhante a um cinema. Com isso quero dizer que temos poltronas de estofado dispostas em fileiras bem espaçadas e um telão onde há várias outras telas pequenas mostrando imagens diferentes de vários lugares da arena. Também temos mesas em outro extremo da sala, com pranchetas, papéis e uma tela individual, além das pulseiras vinculadas aos rastreadores de cada respectivo tributo. A minha era, obviamente, vinculada à Percy. A finalidade dela era de administrar os recursos enviados pelos patrocinadores. E eu tinha muitos recursos para administrar.

Digamos que Perseu Jackson era considerado a grande potência da edição pelos cidadãos da Capital. Não seria exagero me referir a ele como o favorito, ele realmente era e isso, em partes, me deixava atormentada.

Sempre odiei expectativas, mesmo tendo elas direcionadas a mim a vida inteira. Na verdade, esse é um dos motivos pelo qual as odeio. Quando você vive sob os holofotes contra sua vontade e por causas que não te trazem nenhum orgulho, a tendência é passar a nutrir certa amargura e antipatia por tudo que diz respeito a aquilo. Eu não quero isso, nunca quis, mas tenho que lidar.

Estou lidando. Há anos, e ainda não sei como superar.

Rachel se junta a Percy e logo as vozes dos dois tomam conta do meu campo auditivo. Estou sentada na minha mesa assistindo pela minha própria tela enquanto anoto algumas informações na folha da prancheta. Observações. Nomes de tributos mortos.

Estou fazendo um levantamento e estou muito concentrada.

Nove baixas, o que significa que restam quinze.

Quatorze pessoas separam Percy do final.

Inclusive a ruiva.

Sou péssima por querê-lo de volta e sei disso. Sou péssima por querer que ele passe por tudo isso quando eu mesma já passei e conheço a sensação. É pedir demais. É pedir demais de alguém tão jovem e que conheço a tão pouco tempo. Não é justo, não é certo.

Mas não consigo pensar diferente. Não consigo ser racional quando se trata dos meus sentimentos.

"Eu matei uma pessoa! Como você espera que eu fique bem com isso?", a voz meio alterada de Percy chama minha atenção, fazendo com que eu pare por um segundo para prestar atenção na tela aberta em minha frente.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora