Azul.

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Capítulo 24: Annabeth.

Quando Apolo anuncia a nota de Percy, demoro para acreditar no que acabei de ver.

Nove.

É melhor do que eu poderia ter previsto em qualquer outro cenário. Trite me dá os parabéns e não consigo conter o sorriso de satisfação. Fiz um garoto completamente inexperiente conseguir um nove. Definitivamente não deve existir mais nada que eu não consiga.

Mas segundos depois, Ícaro anuncia o onze de Rachel e meu sorriso some completamente. A risada de Luke ecoa pela sala e ele exclama:

—Essa é a minha garota!

—Parabéns. —falo.

Rachel maneia a cabeça, dando um sorriso que me pareceu forçado antes de desviar o olhar.

Onze foi a minha nota quando venci os Jogos. Não que essas notas signifiquem muita coisa quando entramos na arena, mas notas altas geram patrocinadores. Tivemos outro onze, da garota do Distrito 2, Thalia Grace. Seu irmão, Jason, ganhou um dez. Os dois do 1 ganharam 8. A nota mais baixa foi um cinco para a garota do 12.

Percy não está presente para o almoço e presumo que apenas deixou o quarto algumas horas depois porque o Avox encarregado de buscar os tributos e levá-los até os estilistas apareceu. Não faço muita questão de observar seu estado. Tenho certeza de que se olhar para ele, mesmo que por um segundo, as brasas mornas dentro do meu estômago voltarão a esquentar e certas memórias vão vir à tona. Rachel pode contar sobre a nota dele no caminho, não estou nem um pouco preocupada com isso.

Me enfio debaixo do chuveiro, lavo e desembaraço o cabelo e me enrolo numa toalha. Trite me trouxe um vestido e insistiu que eu usasse. Por mais que os mentores não tivessem destaque essa noite, ela dizia que eu merecia me destacar e que uma bela mulher não deve se esconder do mundo.

Ele era azul, de alças finas e acabava uns dois dedos acima do meu joelho. Justo, modelando minhas curvas. Não gostei muito no início pois deixava expostas minhas cicatrizes da clavícula, do tornozelo esquerdo e da panturrilha direita, mas prometi a Trite que tentaria ignorar esse fato. Devo me orgulhar das minhas cicatrizes e não escondê-las. Elas fazem parte de mim e provam que sou uma sobrevivente.

Meus cachos loiros caem em uma cascata até quase metade das minhas costas depois de eu me dedicar meticulosamente a finalizar cada um deles. Um salto prateado eleva minha altura em uns dez centímetros, talvez menos. Trite faz minha maquiagem, mas não é nada exagerado. Batom rosé discreto, lápis ao redor dos olhos e delineador para destacar os cílios. Ela diz que quer que eu pareça o mais natural possível.

—O sr. Jackson vai ter um ataque quando ver você. —comenta, sorrindo enquanto espalha um pouco de pó nas minhas bochechas.

Não reajo a essa fala, apenas fecho os olhos e espero Trite terminar. Pode ser que seja verdade, mas tenho mesmo medo do que Piper, a estilista de Percy, pode inventar. Se ele aparecer seminu em minha frente outra vez, não sei o que vai ser de mim.

—Vocês duas estão prontas? —ouço a voz de Luke.

A mulher mais velha guarda o pó e se vira na direção dele, me permitindo visualizá-lo pela primeira vez. Castellan já me encara e está vestindo um de seus habituais ternos de seda. Percebo que seus olhos cor de gelo ficam mais escuros conforme descem pelo meu corpo, travando ao chegarem nas pernas. Ele nunca me tocou abaixo da cintura e sinto o desejo e a raiva em seu olhar. Penso que se não estivéssemos brigados eu já teria ido para cama com ele, mesmo que não fosse a minha vontade. Nem sempre nós mulheres temos opção de escolher criteriosamente com quem nos relacionamos e Luke, querendo ou não, me passava mais confiança do que qualquer um e teria de ser o suficiente.

Sacrifice Games - (percabeth)Where stories live. Discover now