Cruel.

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Capítulo 14: Annabeth.

Eu não queria passar o dia no apartamento com Luke, não depois da nossa pequena discussão. Por isso, depois do almoço, desci para a cidade com Anfitrite. A companhia dela não era exatamente agradável, mas no momento eu estava aceitando qualquer coisa para sair de perto do meu parceiro.

Fomos até uma loja de roupas já que ela queria um vestido novo para a noite das entrevistas, dali há dois dias. Eu ainda não tinha falado com Percy sobre isso, mas prometi a mim mesma que mencionaria quando o levasse ao terraço a noite para mais uma sessão, provavelmente desastrosa, de treinamento.

Estava começando a gostar mesmo dele, ou pelo menos deixando de vê-lo como um garoto irritante e uma provável ameaça a minha imagem. Ele era só um adolescente normal, que tinha uma vida no Distrito. Uma vida que foi arrancada dele pelos Jogos, porque mesmo se sobrevivesse, jamais seria a mesma pessoa.

E a coragem dele é quase… atraente. O voluntário não tem medo do perigo, e isso se mostra cada vez mais evidente para mim. Mas ele também é fácil de enganar, o que vejo como um ponto fraco. Preciso dar a ele uma aula sobre confiança.

Entramos numa loja que tinha uma vitrine com dois manequins um de frente para o outro, ambos com vestidos de seda longos, um roxo e o outro rosa. Haviam laços grudados no vidro e fitas penduradas no teto, o que para mim era enjoativo e brega, mas para Trite era esplêndido e glorioso. Nunca vou entender a mente das pessoas da Capital. Às vezes me pergunto se seria parecida com a mulher ao meu lado se tivesse nascido aqui, e por mais que presuma que não, não tenho certeza. Se os Jogos não fossem uma preocupação na minha vida, duvido que eu seria uma pessoa tão infeliz e amarga. Eu provavelmente seria uma garota que coloca laços no cabelo e namora garotos como Luke Castellan.

Mas essa não é a minha realidade. Sou do Distrito 4. Nasci e cresci lá. Participei e ganhei os Jogos Vorazes. E agora sou mentora de um rebelde.

—Devia experimentar algum. —diz Trite, me tirando do devaneio enquanto caminhamos por um corredor. —Você tem curvas tão bonitas. Ficou linda com aquele no dia do desfile.

Eu até concordava com ela a respeito da minha aparência no dia do desfile, mas aquilo só servira para chamar a atenção de Octavian Priest. Posso sentir os olhos frios dele sobre mim só de lembrar.

—Não será necessário, Trite. —abri um sorrisinho sugestivo. —Os mentores ficam nos bastidores no momento da entrevista.

—O que é uma pena. —lamentou ela. —Seria maravilhoso ver você tão incrivelmente vestida uma segunda vez.

Não respondi e nem precisei, pois uma vendedora chegou e tomou toda a atenção da mulher. Elas começaram a falar sobre roupas e a ver vários modelos de vestido. Vez ou outra Trite pedia minha opinião e eu respondia alguma coisa vaga. Nunca entendi ou me interessei por esse tipo de coisa.

Quase inconscientemente, me perguntei como Percy estaria se saindo no treinamento. O que ele estaria fazendo nesse momento? Desafiando um Carreirista? Descobrindo técnicas novas? Quem sabe até fazendo alianças?

Lembrei de tê-lo sentido duro embaixo de mim ontem à noite, quando o derrubei no chão, e quase sorri involuntariamente. Eu não tinha noção do poder que eu poderia ter sobre o corpo de outra pessoa até aquele pequeno momento de constrangimento. Nunca tinha experimentado a sensação de deixar alguém excitado antes, e parecia até estúpido aquilo ter acontecido justo nas vésperas dos Jogos Vorazes. Luke já chegou a insinuar coisas, claro, mas nunca deixei que fosse adiante. Não sei exatamente o porquê. Talvez pelo fato de eu não gostar dele como deveria, ou simplesmente por não me sentir pronta para algo assim.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora