Risco.

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Capítulo 15: Grover.

Me sento na cama ao lado de Juniper, que já se encontra deitada, mas não dorme. Não consegue fazer isso há uma semana. Ela se vira de barriga para cima assim que sente minha presença, esfregando os olhos antes de piscar várias vezes e por fim me encarando com certa preocupação no olhar. Teme más notícias, leio isso em sua íris marrom escura como chocolate. Minha cor favorita no mundo todo desde que a vi pela primeira vez.

—Falei com o líder deles. —sussurrei, me ajeitando de modo a ficar deitado de lado no colchão. —Partimos assim que os Jogos terminarem.

Ela suspirou, o alívio parecendo transbordar do peito.

—Graças aos céus. —desviou os olhos para o teto. —Não sei por mais quanto tempo conseguiria esconder esse segredo deles.

—Só precisamos aguentar mais uma semana. Duas, no máximo. —a tranquilizei. —Hefesto vai fazer o possível para conseguir acabar com tudo logo.

—Vamos conseguir salvar Will e Drew? —perguntou, o tom quase inaudível agora, como se temesse muito ser ouvida, por mais que agora não fosse possível. Todos já estavam dormindo e não havia câmeras no prédio. Exigências de privacidade feitas por algum mentor em algum dos anos anteriores.

—Há algumas armadilhas falsas espalhadas na arena. Não são realmente fatais. —expliquei, também naquele mesmo sussurro cauteloso. —Os únicos que sabem são os infiltrados na equipe de Idealizadores. Se algum tributo cair em uma dessas, o canhão vai ser disparado normalmente e será como se estivesse morto. Mas não vai estar. Não de verdade.

Juniper virou o rosto novamente para mim, o alívio de antes tendo se transformado em desespero.

—E como vamos garantir que eles irão cair nessas armadilhas?

Engoli em seco.

—Não vamos. É um risco.

Lágrimas inundam o rosto da minha esposa e estendo os braços para secá-las com os polegares, segurando delicadamente seu rosto nas mãos e encostando a testa na dela.

—Não podemos salvar todo mundo, meu amor. —Juniper fechou os olhos. —Eu sinto muito por isso, mas prometo que o nosso bebê vai viver em um lugar onde a Capital jamais vai poder encontrá-lo.

—E se tirarem as pessoas erradas de lá? —sua pergunta saiu junto com um soluço que rapidamente foi sufocado pelos meus lábios quando os pressionei contra os dela.

—Você não acha que todas aquelas crianças merecem uma segunda chance para escolher o lado certo? —coloquei um cacho atrás da orelha dela quando me afastei. —São todos vítimas, Juniper. Como nós fomos. Como o nosso filho poderia ser se o deixássemos viver aqui. 

Juniper assentiu e a abracei, puxando-a contra o meu corpo e a fazendo deitar a cabeça no meu peito. Meus dedos subiam e desciam por suas costas, fazendo carinho na região da lombar.

—Grover, eu estou com medo. —ela admitiu depois de alguns minutos em completo silêncio. 

—Eu sei. —beijei o topo de sua cabeça e deixei a minha boca ali, no meio do seu cabelo com cheiro de flores e primavera. Casa. —Eu também estou.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora