Entrevista.

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Capítulo 25: Percy.

Não consigo olhar para Annabeth. Quando ela surge no corredor ao lado de Reyna Ramírez, sou obrigado a encarar o chão.

E é tudo culpa daquele maldito vestido.

Piper me questionou sobre ela enquanto me arrumava e procurei me desvencilhar da maioria das perguntas, mas não deu muito certo. No final da conversa eu já havia confessado tudo, recebendo um sorriso como resposta. Piper era, provavelmente, a melhor pessoa que conheci desde que me voluntariei para os Jogos.

Me livro da mentora por segundos, indo para o lado de Rachel quando o primeiro tributo é chamado pelo apresentador. Todos estão formando uma espécie de fila muito desorganizada nos bastidores ao lado do palco. Há uma televisão na parede por onde conseguimos ver a garota do 1, Drew Tanaka, sendo entrevistada por um sorridente Apolo.

Mas não estou prestando atenção. Meus olhos estão na ruiva ao meu lado.

—Você está linda. —sussurro perto do ouvido dela.

A reação de Rachel é franzir o cenho, o que me intriga. Suas reações aos meus elogios costumam ser positivas.

—A Chase também. —devolve, olhando na direção onde eu havia vislumbrado Annabeth mais cedo. —É difícil de saber se quem mais está chamando atenção é ela ou a Ramírez.

Não respondo. Cruzo os braços e encosto o lado na parede, fechando os olhos enquanto suspiro. Não quero nem pensar em Annabeth. Pensar nela deixa meu peito estranho e faz meu estômago revirar. Não gosto dessas sensações e gosto menos ainda de saber que uma pessoa pode ter a capacidade de me deixar assim.

—Você está bem? —o tom da ruiva parece preocupado agora.

Balanço a cabeça de um lado a outro lentamente.

—Não.

O barulho de aplausos ressoa do palco, indicando o fim da primeira entrevista. Rachel espera até que o garoto do 1 seja chamado para falar:

—Sabe, as garotas daqui são loucas por você. Acho que por conta do desfile. —uma pausa curta. —Isso vai te render um bom time de patrocinadores, com certeza.

—Não estou preocupado com isso. —devolvo, muito mais seco do que deveria. Tenho plena consciência de que estou sendo um idiota com ela desde o teste.

Não estou vendo, mas tenho certeza de que posso ouvir Rachel revirando os olhos.

—Você frita meus neurônios, Perseu Jackson.

Ela não diz mais nada e eu muito menos. Os minutos parecem se arrastar, e só me forço a prestar atenção na televisão quando Rachel é chamada para o palco. Ela é ovacionada pela multidão e Apolo a reverencia de maneira exagerada, conduzindo-a pela mão até as poltronas de veludo vermelho.

—Rachel, me fala, qual a sensação de se estar nos Jogos Vorazes? —ele pergunta, bem-humorado.

Minha melhor amiga abre um largo sorriso e a câmera fecha em seu rosto.

—Assustadora.

A plateia ri, acompanhada pelo apresentador, que prossegue:

—Você tem família no 4, Rachel? Alguém com quem se importe?

Era uma pergunta simples na teoria, mas não para Rachel. Os pais nunca se importaram verdadeiramente com ela, ao menos aprovavam sua amizade comigo. Eram realmente péssimos, foi possível notar isso nas poucas vezes em que estive na presença deles.

O sorriso da ruiva diminui um pouco quando responde:

—A única pessoa com quem me importo veio pra cá comigo.

Sacrifice Games - (percabeth)Where stories live. Discover now