Beijo.

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Capítulo 16: Percy.

Eu estava podre de suor pela segunda vez no dia e dolorido em alguns pontos do corpo. Annabeth não tinha pegado leve e parecia estar descontando em mim toda sua raiva reprimida.

Ela me deixou fazer uma pausa e tirei a camiseta, me sentando no chão, encostado na mureta de concreto que ladeava o terraço. Senti seus olhos acompanharem cada movimento meu, apreciando a visão. Meu físico era algo do qual eu me orgulhava e tirar a roupa foi uma espécie de vingança por ela ter me colocado contra a parede mais cedo. Se Annabeth Chase quer brincar com a minha sanidade, não vou fazer o favor de deixar que a dela permaneça intacta.

—Temos que conversar sobre sua entrevista. —ela falou, desembainhando a faca presa na cintura e a girando entre os dedos.

A luz da lua molda sua silhueta e observo cada curva de seu corpo. Ela é a mulher mais linda que já vi e não poder tocá-la está me deixando maluco.

—Não é só responder as perguntas do Apolo? —perguntei. Eu não assistia aos Jogos, tudo que eu sabia era o que as pessoas comentavam. E por "entrevista" entendia que um apresentador me faria perguntas e eu teria que respondê-las. Não sei como poderia me preparar para isso.

—Teoricamente. Mas as entrevistas são uma excelente oportunidade de se conseguir patrocinadores.

—Pensei que o desfile já tinha feito isso.

—É melhor prevenir do que remediar. —ela guardou novamente a faca, voltando a me encarar. —Como ganhou músculos se fugia dos treinamentos?

Ergui as sobrancelhas, surpreso por sua mudança repentina de assunto. 

—Eu corria muito no Distrito. E surfava às vezes.

Annabeth assentiu, vindo em minha direção e se sentando ao meu lado com as pernas dobradas próximas ao peito e os braços em cima do joelho. A luz da lua agora refletia em seu cabelo loiro, deixando-o ainda mais brilhante. Penso em como seria tê-lo embolado em minhas mãos enquanto a beijo.

—Vamos criar uma imagem para você na entrevista. —falou. —Uma imagem que te faz parecer um bom candidato à Vitorioso e não frágil e indefeso.

—Mas eu não quero vencer. —rebati. —Você sabe disso.

—Você não tem chance de vencer, Jackson. É uma estratégia para te manter vivo até o final, contando que não seja morto por algum outro tributo. —explicou com toda a paciência do mundo, encarando um ponto fixo à sua frente. —Na entrevista, você não vai poder falar sobre essa sua rebeldia. Vai ter que agir como um Carreirista.

Fico em silêncio por um tempo, refletindo sobre isso. Ela não estava errada, eu não poderia demonstrar meu nojo pela Capital para residentes da Capital tão abertamente.

Eu teria que agir como um deles.

—E o que eu ganho com isso? —perguntei, por mais que já soubesse mais ou menos qual seria a resposta.

Annabeth respira fundo, aparentemente tentando manter a calma. Sei que não sou uma pessoa fácil de lidar e já devo tê-la irritado o suficiente por um único dia tendo agido como um idiota e sendo horrível em "defesa pessoal".

—Algumas horas a mais. Dias, se tiver sorte. —ela respondeu.

Dobro as pernas, estendendo os braços sobre os joelhos e ficando na mesma posição que ela, mas inclinando a cabeça para trás de modo a encostar a parede e encarar o céu.

—Quero um beijo seu. —digo em tom alto e claro. Não tenho nada a perder. O máximo que ela pode fazer é me rejeitar outra vez.

Ouço Annabeth soltar uma risadinha nasal. Provavelmente foi pega de surpresa, mas não demonstra isso.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora