Adeus, Bellingham

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[ ... ]

Todos nós precisamos de um momento a sós, sabe.. com nós mesmos, nossa própria companhia, para nossas necessidades, nossas privacidades. E nem sempre as pessoas ao nosso redor entendem isso.

Agora estava muito confortável sentada no cantinho da piscina, enquanto eu olhava a água cristalina parada no mesmo lugar a vários minutos.

_ Isa? Isa? - Ouvi uma voz perguntar se aproximando e fechei meus olhos sabendo que a minha paz havia ido embora.

Não queria conversar com quem quer que seja, então permaneci em silêncio. Quem sabe a pessoa não desistisse.

_ Isa, está me escutando? - A pessoa perguntou se aproximando e percebi que era Jude.

_ Estou. - Falei mantendo meus olhos na água a minha frente.

_ Precisamos conversar. - Disse e neguei balançando a cabeça.

_ Não quero conversar, quero ficar aqui, sentada e quietinha. E de preferência sozinha.

_ É sério. Por que você brigou com a Gina? Ela está muito mal. - Fala sério, eu não briguei com ela.

_ Não briguei com ninguém. - Respondi me mantendo na mesma posição que estava antes.

_ Sei.. eu vi vocês rindo quando ela estava se aproximando. - Era sério mesmo que ele estava me acusando?

Se tem uma coisa que eu odeio nas pessoas, são quando elas culpam as outros sem terem feito nada. As únicas coisas que eu disse era poço e talvez eu ri um pouco do que os meninos haviam dito, mas eu não fiz nada demais.

Foi então que virei meu rosto olhando para ele, que estava parado como uma estátua do outro lado da piscina.

_ Já falei que não briguei com ninguém. Estávamos rindo sim, isso eu admito, mas eu não falei nada a não ser que a água vinha do poço.

_ Sei.. - Disse não acreditando e respirei fundo ficando em pé e virando na direção dele.

_ Escuta Jude, não estou afim de ficar falando nisso. Já te contei o que aconteceu, se você não acredita o problema é todo seu.

_ Isadora. - Era a primeira vez que ele me chamava pelo meu nome desse jeito. _ Estamos conversando como dois adultos, é super imaturo o que você está fazendo.

_ Eu falei que eu não queria conversar.

_ Mas vamos conversar, eu só quero saber o porquê vocês estavam rindo.

_ Caramba Jude, eu não tenho que ficar te dando satisfação o tempo todo. Estávamos rindo mesmo, os meninos disseram algumas coisas e eu também disse, mas não falei por mal. Agora não vai adiantar nada você ficar me culpando, sendo que eu não tenho culpa.

_ Ela ficou mal, Isadora.

_ Foda-se. - Havia chegado no meu limite. Não era obrigada a ficar ouvindo ele defender ela. _ Se ela está tão mal assim, vai lá e deixa ela dá pra você. Vocês se merecem.

_ Para com isso. Eu não te entendo, uma hora fala que não está nem aí para mim e na outra você fica de conversinha com o Arda e fica rindo da menina que eu estou... Pelo menos com o Arda você fica rindo, mesmo que seja dos outros.

_ Não mudou nada, Bellingham. Eu ainda não estou nem aí para você. - Dizer aquilo conserteza não estava nos meus planos, mas estava com tanto ódio dele que foi a primeira coisa que me veio a mente.

_ Eu também não estou. Quer saber, acho melhor cada um seguir com a sua vida. Você continua indo atrás das suas coisas, sua vida universitária e eu como um jogador profissional do real Madrid. - Bellingham disse olhando para mim, mas seu olhar era diferente dos outros que já recebi dele. Aquele olhar não era o Bellingham que eu conhecia, ele estava sério, parecia bravo e muito chateado, e não sei o porquê, mas senti um vazio, meu coração se apertou e meus olhos arderam.

_ Concordo. - Falei tentando não transparecer que aquilo havia me atingido em cheio no peito.

_ Ótimo, a partir de agora não vamos mais nos ver, não vamos cruzar o caminho do outro e não vamos mais ter notícias um do outro.

_ Por mim tudo bem. - Não estava tudo bem, mas ele não saberia disso.

Ele parecia muito decidido com suas falas e eu não queria mais olhar na cara dele, meu coração estava acelerado e minha cabeça estava latejando, foi então que decidi fazer o que eu era melhor. Sair dali.

_ Adeus, Bellingham. - Falei passando por ele e saindo daquele lugar.

Quando cheguei no corredor, fui até a cozinha e peguei minha bolsa que estava encima da pia, não queria ter que me despedir de ninguém e nem estava com cabeça para isso, não saberia o que dizer ou que desculpa inventar, então sai pela porta dos fundos e passei pelas outras casas que haviam ali. Quando cheguei na estrada, parei o primeiro táxi que vi e pedi para me levar para meu apartamento.

Vim o caminho todo pensando no quão idiota eu havia sido. Todos os jogadores são desse tipo e eu burra pensei que ele pudesse ser diferente.

Nunca pensei que fosse me sentir tão mal por uma briga com alguém que não tenho nada. Nem no dia em que vi meu namorado me traindo eu fiquei assim. Meu peito doía, meus olhos estavam marejados, mas tinha uma coisa que eu sabia. Eu não iria chorar.

_ Chegamos. - O motorista disse e paguei pela viagem e abri o portão, o segurança estava na porta e desejei boa noite e subi para meu bloco.

Decidi vir andando de escada e a cada degrau que subia era uma palavra que Jude dizia em meu pensamento, me fazendo voltar para aquele momento. Foi então que comecei a subir as escadas correndo, isso me fez parar de pensar nele por aproximadamente cinco minutos, até que cheguei no apartamento e fechei a porta.

Respirei fundo olhando para cima e joguei minha bolsa no sofá e fui para o banheiro.

A água quente tocava meu corpo e fazia ele relaxar, meus cabelos escorriam pelo meu rosto enquanto eu tampava a respiração o máximo que conseguia. Era o que eu fazia quando precisava de um tempo para mim.

Foi então que olhei para o chão e ao observar as partículas de água pingarem no chão, eu repeti para mim mesma o que sempre dizia.

_ Não chore, não chore, não chore, não chore. Ele não merece isso, você não pode chorar, tem que respirar fundo, levantar a cabeça e seguir em frente. Ele foi só um cara que nem ao menos entrou na sua vida e já te deixou assim. Para, volta para a realidade e não chore. - Era o que eu repetia, até que parou. Não queria chorar, não queria ver ninguém e não queria sentir meu coração se acelerar ao lembrar das palavras de Bellingham.

Então desliguei o chuveiro, troquei uma roupa leve, saí do banheiro e peguei o controle do aquecedor, já que estava congelando do lado de fora. Peguei o controle e diminuí.

Sei que pode achar estranho, afinal, estava congelando aqui dentro, mas eu não ligava, queria que estivesse congelando mesmo. O aquecedor marcava 30°graus, então diminui para 0° negativo.

Fui até ao guarda roupa e peguei a coberta mais quente que tinha ali. Uma vez ouvi em algum lugar que quando você quer dormir bem, o ambiente tem que estar bem geladinho, então foi o que fiz.

Estendi a coberta na cama e me encolhi embaixo dela. O ar começou a esfriar e me encolhi ainda mais fechando meus olhos.

Não sei exatamente em que momento apaguei, mas dormi querendo esquecer tudo, amanhã seria um dia diferente.

[ ... ]

Country on fire - Jude BellinghamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora