Primeiro dia da lua de mel

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Assim que terminei meu café fui procurar por Lian. Como ele pode dizer para agirmos como um casal apaixonado e sumir de repente? Um homem apaixonado por sua esposa deve esperar ela acordar e então enchê-la de beijos e… ele obviamente não precisa fazer isso! Tomara que nunca na vida ele invente de fazer isso! Mas enfim… a ideia é fingirmos e não dá para fingir com uma pessoa que não está aqui.
   Eu ando furiosa pelos corredores até que me dou conta de algo.
   Ele não está aqui, quer dizer que eu sou livre por esse curto período de tempo. Será que realmente há espiões aqui? E se tiver, será que eu posso pedir ajuda para eles? Talvez eu nem precise falar com um espião, eu posso simplesmente avisar um criado e aí… Não! Essa ideia não é boa. E se Lian descobrir? Ele sabe de algumas coisas que certamente não deveria, então só pode ter um infiltrado no castelo. E como pode ser qualquer um… Ah! Mais que droga! Esse homem vai ser um encosto pelo resto da minha vida!
   Eu olho pela janela e então avisto o homem que procurava, não sei se isso é uma vitória ou uma derrota, mas finjo que estou animada e vou até o estábulo. Há uma égua de nome Amora, branca com manchas marrons claras. Papai sabe que é minha égua preferida e deve ter ordenado que a trouxessem. Eu sei que está não é a roupa certa para a ocasião mas depois de tudo que passei eu mereço um mimo. Ponho minha cela e preparo tudo. Monto em minha égua e então começo a cavalgar. Amo esse vento que sopra em meus cabelos, eu deixo um sorriso me preencher de orelha a orelha e escuto as árvores balançarem as folhagens enquanto os pássaros cantam. Por alguns momentos, não há mais nada além de mim e a natureza. Paz e liberdade.

– Não sabia que cavalgava.

   Infelizmente meu momento de alegria não dura muito tempo. Meu sorriso se desfaz assim que escuto a voz de Lian invadir meus ouvidos com aquele tom debochado de sempre. Sinceramente, eu chamo de tom debochado mas esse é o tom normal dele.

– O que foi? Não está feliz em ver seu companheiro?

   Ele me lança um olhar sutil e eu entendo. Devemos fingir que nos amamos. Mas pra quem? Além de nós só tem passarinhos, árvores e cavalos aqui!

– Desculpe meu amor.

   Caramba, como eu sou falsa! Que tom melódico é esse que estou usando?

– Eu apenas fiquei um tanto… incomodada quando acordei e não te vi.

– Estava dormindo tão lindamente que eu não quis acordá-la.

   Lian pôs o cavalo dele ao lado do meu e nós passamos a cavalgar lentamente, lado a lado.

– Sabe, minha cara felina, você não tinha me dito que cavalgava.

– Claro que eu disse.

– Não, você disse que aprecia cavalos, e isso não significa necessariamente saber cavalgar.

   Por que ele tem que encontrar erros em tudo? Aparentemente eu não me expresso tão bem quanto pensei que expressava, pois Lian adora me corrigir. Que tara é essa que esse cafajeste tem em corrigir os outros?

– Desde nova eu sempre tive aulas de música, etiqueta, pintura, artesanato e equitação. E você?

– Eu sei de tudo um pouco e já lhe disse meus hobbies antes.

– Sim, mas eu realmente não sei como puxar assunto nessa situação.

– Eu tenho uma ideia.

   Lian acelerou seu cavalo e eu o segui, imaginei que ele quisesse isso. Então ele parou em uma clareira e desmontou do alazão. Eu desmontei minha égua assim que o vi descer.

– O que foi-

   Eu estou de costas para uma árvore e Lian me pressiona contra ela. Lá está aquela sensação de perda de ar novamente. Meu coração palpita forte enquanto eu tento pensar em algo, mas minha mente está em branco. O que esse homem está fazendo? Ele vai me beijar? Vai fazer algo a mais? Mas ele disse que não faria nada se eu não quisesse. É só outra brincadeira para me deixar desconfortável? Tenho certeza que deve ser isso, por qual outro motivo ele colocaria os lábios tão perto do meu ouvido. Ele vai sussurrar alguma coisa pra me deixar irritada, tenho certeza.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSWhere stories live. Discover now