EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOS

CAPÍTULO 5

   Confesso que não tinha pensado na hipótese de poder visitar minha irmã de vez em quando. A partir do momento em que contamos para todos que ela está morta, pensei que teria que deixar de vê-la apesar de saber a verdade. Pensei em fugir, pensei em contar a verdade a todos e expor Lian e pensei em várias ideias mirabolantes que jamais dariam certo, mas não pensei na solução mais simples possível e agora me sinto uma idiota por isso.
   Fiquei feliz com aquela ideia. Eu escreveria constantemente e veria minha irmã ao menos uma vez por ano. Não era o ideal, eu queria vê-la sempre que quisesse, mas ainda sim era algo significativo para mim. Realmente, talvez Lian não seja um demônio tão ruim assim. Ao que parece existe um outro lado por trás do cruel, mentiroso e convencido rei de Bismuto. Ele simplesmente me deu a opção de ver minha irmã. Ele me tem na palma de sua mão, assim como tem a vida de Amélia, ou seja, Lian não precisa ser agradável quando estamos sozinhos, ele precisa apenas encenar quando estivermos próximo a alguém, mas ele está sendo legal comigo mesmo quando não tem ninguém para presenciar. Isso mostra que apesar de poder ser um assassino de sangue frio e alguém bem assustador quando quer, Lian também pode ser alguém… descontraído e gentil. Estou curiosa para saber mais. Quem realmente é você, Lian? Qual a sua verdadeira história?

*
– Forçada ou não, você é minha e eu cuido bem de tudo que me pertence, seja meu reino ou um simples pente. Se é meu, então será bem cuidado.
*

– Bom dia minha amada felina.

– Bom dia meu amado diabo.

– Aí, mais que crueldade de sua parte me chamar de tal forma.

   Ele levou uma mão à testa e outra ao peito em uma atuação exagerada e melodramática. Quase gargalhei por conta da careta que fez.   

– Eu aqui a chamando de felina, um animal belo, feroz, elegante e inteligente e você me chamando de tal forma. Enquanto eu lhe vejo como um anjo ou criatura divina, algo tão belo quanto uma deusa, você me compara ao próprio satanás, me chamando de diabo, demônio e coisa ruim!

   Ele foi tão melodramático que não pude evitar e caí na gargalhada.

– Ué…

   Disse quando finalmente parei de rir.

– …preciso de um apelido para você.

– E entre todos do mundo, escolheu diabo?

– Sim. Combina perfeitamente.

   Uma tentação que certamente não pode vir de Deus, pois é pecaminosa em todos os níveis.

– Sou belo, inteligente, forte, bonito, entre vários outros atributos. Poderia me chamar de divindade, de-

– Não! Por enquanto, diabo é o que mais se encaixa. Isso ou agente de funeral.

– Outra maldade de sua parte, nessas semanas eu me vesti de preto duas únicas vezes. Estou usando mais roupas roxas e azuis escuras. Também usei verde uma vez e vermelho. Embora deva admitir que não foram cores agradáveis de se vestir. Odiei.

   Verdade. Ele tinha experimentado essas cores. Eu pessoalmente achei aquele tom de verde escuro muito bonito.

– Está certo então. Por enquanto será apenas meu amado até que eu pense em um apelido pra você.

   Eu terminei de escovar meu cabelo e comecei a arrumá-lo em um coque com algumas mechas soltas na frente. Depois me maquiei daquela forma sútil que gosto e passei meu perfume.

– Não acha que é muita arrumação?

   Quando me virei para encarar Lian ele estava na cama, completamente arrumado. Como ele consegue tomar banho e se arrumar durante o tempo em que eu estou apenas me aprontando? O pior é que apesar de rápido ele consegue ficar limpo, cheiroso e bem apresentável.