CAPÍTULO 23

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Tinha bebido tanto que quando me dei conta eram 03:00 da manhã. O que havia acontecido com o tempo? Parecia que eram 21:00 da noite a menos de um minuto atrás. Estou de fato bebendo à tanto tempo assim? Bom... Isso não importa, se depender de mim eu ficarei neste chão e me embriagarei até que acabem as bebidas deste lugar. Não ligo se Lian se irritará comigo. Este era o castelo do meu pai... Ou melhor dizendo, este é o meu castelo. Não me importo se Lian é o novo governante e dita as regras no momento. Quero beber até não me lembrar mais do meu nome.

– Não creio que a esposa do imperador deva se portar de tal forma.

   Eu reconheci a voz de meu odioso marido assim que a escutei. Talvez estivesse bêbada ou simplesmente cansada demais para me assustar e simplesmente virei minha cabeça calmamente na direção em que seu corpo alto e completamente Trajano de preto se encontrava com os braços cruzados e recostado na parede do corredor, bem ao meu lado.

– Você está péssima.

   Eu odiei aquele tom calmo que ele usou. Por que ele sempre tem que ser tão sereno e tranquilo? Isso me dá ódio! Como se não bastasse o maldito queixo e as maçãs de rosto quase esculpidas e essa maldita barba por fazer que me dá nos nervos, esse desgraçado erguia o clássico semi sorriso onde apenas o lado direito de seu lábio se levantava. A luz do fogo das tochas fazia as sombras se mesclarem a figura imponente de Lian. Como se ele já não parecesse uma assombração. Mais que ódio tenho desse homem! Eu odeio sua existência e ódio mais ainda o fato de gostar dele, de sentir empatia e de sentir pena... Não. Mais do que isso! Eu o odeio por me tirar do meu mundo perfeito onde tudo era bom e meu pai era maravilhoso e me arrastar para essa maldita realidade onde o mundo é horrível, as pessoas são cruéis e meu pai era um maldito genocida desgraçado que mentir para mim a minha vida toda e pior! Depois de passar tanto tempo defendendo aquilo que eu acreditava como certo, acabei de desistir de tudo que me foi dito como verdade e concordando completamente com o desgraçado do vilão! Mais que ódio!

– Você está me ouvindo?

   Como queria contrariá-lo eu tirei a rolha da garrafa de um dos vinhos que estava do meu lado com os dentes e dei bons goles antes de encará-lo bem fundos nesses malditos e belos olhos cor de âmbar e responder.

– Ouvindo? Sim. Ignorando? Também.

– Não acha que está se comportando muito mal para alguém que desde sempre recebeu a mais fina educação.

– Ah! Cala a boca!

   Eu me levantei tão rápido que quase caí. Ou será que só quase caí por conta da bebida? Tanto faz, o importante foi que eu me estabilizei a tempo. Não. Espere um pouco. Eu não me estabilizei. Lian me segurou em seus braços.

– Acho que chega de álcool para você.

   Indagou ele enquanto calmamente tirava a garrafa das minhas mãos. Fiquei com mais ódio ainda, por que ele está tão calmo? Niara e Isac conversaram com ele e o tranquilizaram?

– Devolve!

   Disse tentando pegar a garrafa.

– Não.

   Respondeu enquanto me segurava com apenas uma mão.

– Me devolve!

   Gritei enquanto começava e tentar me soltar desesperadamente.

– Talvez a bebida a tenha feito se esquecer, mas não é você quem manda nesta relação.

   Novamente aquele tom debochado de sempre. Ele está mesmo brincando com a minha cara?

– Devolve! Devolve! Por favor!

   Eu comecei a chorar enquanto gritava e tentava me desvencilhar mas ele pôs a garrafa em um lugar da adega e me imobilizou, pondo meus braços para trás e me prensando contra a parede. Senti a pedra fria na minha bochecha e o hálito quente dele em meu ouvido.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSOnde histórias criam vida. Descubra agora