CAPÍTULO 16

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   Já se passaram duas semanas e finalmente o barco de Lian chegou ao porto! Fico tão feliz por este castelo ser numa zona costeira! Depois de ver o barco pela janela do quarto, corro para me arrumar. Eu estou limpa, então não preciso tomar banho, quer dizer… eu tomaria se tivesse tempo, mas já que estou limpa vou só por um vestido mais bonito para receber Lian, algo casual, porém belo.
   Depois de arrumada, desço as escadas e vou ao encontro de meu amado.

– Ele deve estar na sala do trono.

   Quando chego, vejo que a porta está entreaberta e assim que a abro, noto não apenas Lian e Isac, mas uma mulher muito bonita está sentada no trono de Lian, com sua coroa na cabeça.

– Quem é ela?

   Sua pele negra contrasta tão bem com os cabelos laranja e encaracolados que descem por suas costas e busto. Ela também tem um corpo muito bonito, com busto abundante e dá pra ver, mesmo de longe, que apesar de magra, ela é forte.

– Será que é uma amiga?

   Lian parece reclamar e ela sai do trono, dando um beijo em sua bochecha assim que passa por ele. Quem é ela!? Uma amante? Não! Será?
   Não consigo ouvir direito, mas parece que ela diz algo provocador ou… de brincadeira, não o sei. Ela ri e então bagunça os cabelos de Lian, lhe fazendo um carinho na cabeça que ela parece gostar. Quem é essa sirigaita!? Sério! Posso imaginar como minha cara está nesse momento, além de incrédula, ardendo em vermelho.
   O foco da conversa deles parece ter se alterado, pois Isac fala algo e agora estão todos com feições sérias.
   Respiro fundo e tento mudar um pouco minha posição referente a porta e a brecha que há nela. Me concentro para ouvir melhor o que estão falando, pois estou curiosa. A voz de Isac é a primeira que escuto e da mulher é a segunda.

– Parem com isso, vocês dois! Isso é um assunto sério!

– Eu não disse que não é sério, Isac, mas não podemos fazer nada a respeito, pelo menos, não agora.

– Mas isso não é hipocrisia?

– Nós não criamos esses soldados! Não tiramos essas crianças de suas casas e as mandamos para o campo de batalha, mas infelizmente não há o que fazer. Se elas estão no campo de batalha, lutando como adultas, então serão tratadas como adultas. Sem misericórdia aos inimigos! Senão morremos!

– Mas elas não queriam isso, estão lutando batalhas por causas que não acreditam por culpa de poderosos que-

   Lian o interrompe.

– Chega! Isac, você não precisa torturar os inimigos que são soldados crianças, mas não pode pedir que nós relevemos por serem crianças. É como Niara disse.

   Minha nossa! Mas o que está acontecendo? Soldados crianças? Torturar!

– Isac, eu concordo com você, a guerra é uma lugar onde pessoas que não se conhecem e não se odeiam matam em nome de pessoas que se conhecem e se odeiam, mas não tem coragem de se matar. É triste, mas é. Nós vamos mudar isso, vamos mudar tudo, mas antes de mudarmos tudo precisaremos fazer algumas coisas das quais não vamos gostar. Eu entendo o seu pedido a respeito de tentar salvar as crianças soldados e de não matá-las em combate, mas terei que negá-lo.

   Minha nossa! O que eu estou ouvindo? Isso é… é… eu nem sei o que dizer ou o que pensar!
   Consigo escutar o suspiro pesado de Isac e sentir sua frustração.

– Está certo, foi apenas uma ideia, eu imaginei que pudesse ser rejeitada, mas…

– Valia a pena tentar.

   Lian completou a frase do amigo com um semblante triste e a mulher faz uma carícia nos cabelos do meu marido, os bagunçando — Que folgada! Se o Lian estiver me traindo!... — antes de ir até Isac e segurar seus rosto com as duas mãos.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSWhere stories live. Discover now