CAPÍTULO 26

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– Eu não entendo como um reino tão pequeno pode ter um castelo tão imenso!

   Reclamo enquanto ando pelos corredores confusos do palácio de Ágata. Os arquitetos que construíram esse lugar parecem ter sido peritos em labirintos, pois todos os corredores são idênticos e não há relógio algum em nenhuma parede. A quanto tempo estou zanzando como barata tonta!? Eu só queria tomar um ar nos jardins, mas agora estou completamente perdida!
   Eu paro em um cruzamento de quatro corredores e suspiro frustrada.

– Pra onde será que eu devo seguir agora?

   Enquanto penso, um grande quadro na parede me chama a atenção. É o atual imperador do reino de Ágata ao lado de sua filha e esposa. A pintura é bem genérica e não há nada particularmente especial nela, mas as pinceladas sutis, a combinação de cores, o belo uso do sombreamento… que traços belos são estes! Queria conhecer esse artista algum dia! Ele tem um talento que eu sequer sonharia em alcançar! Será que ele pintaria um quadro meu e de Lian. Seria uma ideia divertida unir Isac e Niara para que fossemos pintados todos juntos. Uma pena que eles tenham voltado para Bismuto a dois meses atrás. Treinar com o subordinado de Niara não é tão bom quando treinar com ela, embora ela mande cartas com instruções detalhadas de quais golpes eu devo praticar durante aquela semana.
   Eu chego mais perto do quadro para analisar melhor as cores, as sombras, a iluminação e principalmente, a leveza nas pinceladas.
   Um artista tão incrível assim não deveria ficar limitado a Ágata. Suas obras deviam ser conhecidas por todo o mundo!
   Sei que Ágata é um reino extremamente recluso, que sobrevive com sua agricultura, pecuária e mineração sem precisar depender de outros reinos, mas caramba! Até os artistas daqui são exclusivos!?
   Não sei por quanto tempo fico hipnotizada pela pintura, mas lembro que já passei muito tempo distante de meu marido e acho melhor me retirar.

– Já que ver os jardins parece ser impossível, melhor eu voltar antes que Lian fique preocupado.

   Eu dou uma última olhada na pintura antes de voltar por onde vim.
   Depois de passar por mais alguns corredores, chego a conclusão que devo ter me perdido outra vez, pois tenho certeza que já passei por esse corredor antes.
   Paro em frente a uma pintura e a analiso. Sim, eu já passei por aqui antes, essa é a mesma mulher que vi a minutos atrás. Não, espere, antes a mulher estava sentada e agora está em pé, acho que não é a mesma pintura. Ou será que é? Caramba, que vergonha! Meu palácio é maior que este mas eu sei perambular por ele com maestria, porém consegui a proeza de me perder neste daqui. Maldito labirinto de corredores!
   Eu poderia pedir direção aos guardas, mas eles não se mexem, não importa o que eu faça. Tenho quase certeza que são estátuas pintadas para parecer gente.
   Estou prestes a perder as esperanças quando vejo a princesa Milena entrando no corredor à minha esquerda e decido pedir referência a ela. A princesa entra em uma sala acompanhada de duas damas de honra e fecha as portas duplas atrás de si assim que estou perto de alcançá-la. Estou prestes a bater na porta, mas então ouço um nome.

– O imperador Lian é de fato alguém de extrema beleza.

   Por mais que seja verdade a afirmação da princesa, não posso deixar de me sentir irritada com seu tom indiscreto e inapropriado. Obviamente eu continuo atrás da porta para escutar mais.

– Uma pena que alguém tão belo seja casado com uma dondoca tão sem sal.

   Como é que é? Quem essa baranga tá chamando de sem sal?

– Tem razão minha princesa, se ao menos ela cuidasse mais da aparência, usasse mais maquiagem e pusesse jóias mais finas...

– Acredito que nem assim serviria, você viu o quão desprovida de atributos ela é? O que tem para ser apalpado ali?

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSWhere stories live. Discover now