CAPÍTULO 19

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   Quando o horário de partirmos chegou, Emily e eu tivemos que deixar as fontes termais e nos vestir. Isac ordenou a alguns servos que carregassem nossas malas direto para o novo navio e assim que deixamos a colina em que estávamos, fomos em direção a embarcação, onde todos nos aguardavam.
   Estava tarde e de dentro do convés, nós observamos o sol se pôr e as estrelas pintarem o céu, uma a uma conforme o laranja avermelhado se tornava cada vez mais escuro até ser iluminado pela lua e as estrelas.
   Emily e eu apenas olhávamos para o horizonte que parecia infinito quando ela finalmente falou.

– Vai mesmo cumprir com aquela promessa louca?

– Claro! Se foi algo que prometi, certamente cumprirei. Mas de qual promessa você está falando, exatamente?

– De que me daria qualquer coisa que eu pedisse. Eu pedi o céu e você concordou. Vai mesmo me dar um pedaço do céu?

– Claro que vou!

– Mas isso é impossível!

– Para mim, nada é impossível! O impossível, minha felina, só existe para aqueles que são fracos.

   Ela sorriu, tenho certeza que me chamou de convencido ou egocêntrico em sua cabeça.

– Vamos dormir.

   Nós caminhamos até a cabine e nós aprontamos para deitar. Foi uma viagem tranquila. Os três dias se passaram sem qualquer problema, mas assim que chegamos ao reino de Peridot, tive que me segurar muito para não deixar transparecer minhas verdadeiras emoções. Nós fomos recebidos por uma grande comitiva e do navio, nós fomos direto para o castelo, onde tive que lidar com algumas questões políticas antes de todos serem preparados para o funeral. Várias pessoas compareceram, mas apenas Emily estava completamente desolada com a morte do imperador.

– Meu pai era um grande homem…

   Quando Emily fica à frente de todos, ela soluça antes de conseguir continuar seu discurso. É tão estranho vê-la de preto.

– Ele fez de Peridot, um império gigantesco. Repleto de riquezas de todos os tipos e… me desculpem, eu…

   Vejo que Emily passou a me encarar, buscando algum conforto em meu olhar e eu o entrego a ela, com um sorriso e olhar encorajador. Ela respira fundo e então continua.

– Tudo começou com meu bisavô, que depois de ver o caos que havia nas nações próximas, decidiu que era sua obrigação levar paz a essas nações e começou a conquistar cada uma delas. Esse legado continuou com meu avô e com meu pai. Meu pai se tornou o maior imperador de todos os tempos e era um bom homem. Ele foi um bom pai para mim, mesmo que não me desse muita atenção, pois estava sempre ocupado cuidando do reino. Ele amava muito todos os seus súditos e fará falta não só para mim, mas para todos. Eu sentirei imensas saudades e meu único conforto é saber que enquanto nós estamos lamentando sua partida, minha mãe e irmã estão felizes ao recebê-lo.

   Travo minha mandíbula e escuto Isac tossir enquanto Niara revirava os olhos.
   O funeral segue normalmente e todos partem, exceto Emily, que fica depois de todos para encarar a lápide do pai enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.

– Quer que eu te faça companhia?

– Não… não agora… no momento eu só quero ficar só com meus pensamentos…

   Eu lhe dou um beijo na testa e a deixo, mas não vou muito longe, não consigo. Eu saio do cemitério real e fico a observando de longe, atrás de uma árvore.

– Como você está?

   Minha irmã surge de algum lugar e segura em meu ombro, o apertando de forma reconfortante.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSWo Geschichten leben. Entdecke jetzt