CAPÍTULO 6

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   Sou trazida de volta à realidade quando Sekani se aproxima com seu clássico sorriso descontraído e um vaso de cerâmica. Estava tão distraída que não notei que por todo o trajeto ele carregava este vaso com uma bela e exótica planta. Era uma flor ornamental  grande e pomposa, repleta de belas pétalas vermelhas.

– Para não perder o costume…

   Ele disse descontraído enquanto me entregava o vaso com a planta.

– Essa aqui leva o nomes de crisântemo.

   Fiquei completamente pasma com a beleza da flor,

– Seu nome significa flor de ouro e simboliza otimismo, vida longa, fidelidade e alegria.

– Ela é muito bela, Sekani! Muito obrigada! São tão belas quanto aquela orquídea rara que me trouxe na última visita.

– Que bom que gostou, como é nosso reencontro depois de tanto tempo pensei em lhe dar algo belo, único e especial. Algo tão delicado e preciso quanto você.

   Não pude deixar de sorrir da indagação fofa de Sekani seguida por seu sorriso doce e acolhedor. Ele sempre foi tão gentil comigo.

– Você é sempre um amor. Muito obrigada Sekani.

   Lian interrompeu o momento ao limpar a garganta mais alto do que normalmente fazia e meu pai usou o silêncio que fizemos como deixa para falar.

– Minha filha, normalmente é contra o protocolo real a princesa ser vista sozinha com outro homem que não seja seu marido, porém, você e Sekani são tão amigos que abrirei uma exceção. Por que não passeia com ele pelos jardins e o atualiza de todos os ocorridos destes quatro anos em que ficaram separados?

   Acenei para meu pai e me despedi de todos. Foi só aí que notei o olhar de Lian. Ele disfarçava bem, mas eu conhecia aquele olhar. Com certeza ele está com raiva de algo.
   Será que ele ficou com ciúmes?
   Sekani e eu caminhamos pelos jardins e logo depois entramos novamente no castelo para vagar sem direção enquanto jogávamos conversa fora. Ele sempre me faz rir. Nós atualizamos um ao outro sobre os ocorridos em nossas nações e então debatemos assuntos sem importância antes de simplesmente lembrar de histórias passadas que são engraçadas de se contar e terminar falando sobre como meu casamento o pegou desprevenido.
   Caramba, não acredito que depois de tanto falarmos, voltamos à estaca zero. Eu realmente não me sinto confortável para falar sobre meu casamento com ele. Sua mãe se ofendeu comigo por não tê-la convidado e isso de fato me magoou, para não dizer que eu muito possivelmente teria me casado com Sekani se nunca tivesse conhecido Lian.

– Emily, será que nós podemos conversar a sós?

   Eu hesitei por um momento, o que será que ele quer me falar que os guardas não podem ouvir? Apesar de o assunto não me agradar, fui vencida pela curiosidade. Eu o guiei até a sala mais próxima e dispensei os guardas. Logo que entramos ele se aproximou de mim e segurou minhas duas mãos.

– Emily, você e eu nos conhecemos desde que éramos bem pequenos, não é?

   Eu sorrio quando lembro que o conheci com 10 anos. Eu simplesmente o vi no palácio e interagimos normalmente, foi apenas quando eu fiz 12 anos que ele e eu de fato começamos uma relação de amizade verdadeira. Minha mãe já tinha morrido e era bom ter Sekani por perto para me fazer rir mesmo quando parecia impossível.

– Sim, nós sempre fomos melhores amigos.

– Sabe Emily, eu sei que agora já é tarde para isso mas… a verdade é que eu sempre te amei.

   Meu coração parou por um momento. Foi como se minha alma deixasse meu corpo e então voltasse de uma única vez. Tenho certeza que meus sentidos ficaram entorpecidos com a revelação.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSWhere stories live. Discover now