3.1 Heloísa

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ANDAMOS POR TODA ÁREA VIP do resort, sala de jogos, jardim, ao redor da piscina, cozinha, apenas para sermos vistos, como ele queria. Andamos um pouco de mãos dadas, mas também ao lado um do outro. Queria entrar na piscina, mas só reabriria às sete da manhã.

O resort era em frente à praia, afastado da cidade como os resorts normalmente eram, nada novo sobre a terra, no entanto, este, parecia até que tinha a sua praia privativa, porque, em nenhum momento, eu vi uma pessoa caminhar por ali.

Na sacada do resort, encarando a praia e vendo a faixa de luz subir, eu sorri.

— Acho que o sol se atrasou hoje.

Ao meu lado, de soslaio, notei o tédio na expressão do homem que virava seu pulso para encarar seu relógio e respondia, literal demais:

— Ele está no horário, você quem não sabe a hora que o sol nasce.

— Que horas ele nasce, Sr. Sabe Tudo?

— Cinco e vinte, mais ou menos.

Fiz um "hmmm", acenei e saí da cola dele, caminhando em direção as escadas que dava a praia. Pude ouvir os passos pesados do homem atrás de mim.

— O que você está fazendo? — perguntou ele.

— Vou me sentar na areia para ver o sol nascer, ué.

— Por quê? Podemos ver de lá de cima.

Por quê? Por quê? Porque sim! — Abri meus braços e me sentei na areia, quando vi o olhar aborrecido dele, me deitei, sujando minhas costas e cabelo. De todo, não queria provocá-lo, realmente gostava de sentir a areia e de me sentir viva, algo tão banal, quanto a areia e sol que nascia devagar, aquecendo, me trazia uma sensação de tranquilidade, de simplesmente querer viver e de querer sentir as partículas da areia e fechar os olhos para sentir o calor do sol.

O Lobo Mau tinha que relevar a Princesa da Disney em mim. Estava bêbada. Casada. Infeliz. Teria que viver por anos com ele? Havia castigo maior? Cadê o meu melhor amigo que me abandonou e me deixou no altar?

De olhos fechados, me surpreendi quando senti que ele se sentou ao meu lado.

— Você quer ver o nascer do sol e fecha os olhos?

Abri os olhos, o encarando fixado no mar e no céu. Me sentei meio torta, limpando minhas costas e mãos.

— Seu celular tá aí?

Acenou, confirmando.

— Por quê?

— Este é um ótimo momento para tirar fotos.

— As pessoas realmente se importam com isso?

— Eu tenho mais de cem mil seguidores... Você acha mesmo que eles não querem me ver casada e vendo o nascer do sol com meu marido? Engajamento puro. Devo ganhar vários seguidores depois disso. — Estendi a mão para ele e, sem hesitar muito, me entregou o celular.

Usava a aliança e estendi para o céu, tirando uma foto de minha mão aberta e do sol nascendo. Depois, me aproximei mais dele e virei a câmera para tirar uma selfie de nós dois. Eduardo, o querido, nem olhou para a foto quando eu inclinei a minha cabeça no ombro dele. A sorte do babaca era que ele era bonito demais, não precisava fazer nada para chamar atenção.

— Só isso? — perguntou ele.

— Claro que não — respondi quando ele esticou as pernas e colocou suas mãos na areia, inclinando suas costas para trás. — Tenho que tirar várias e selecionar uma ou duas. Às vezes, faço um carrossel com umas cinco fotos especiais. É legal não ter fotos demais para não enjoar as pessoas.

— Não me importo com nada do que você está falando. — Sequer olhou para mim.

Fiz um "grrr" forçado, meio Shrek puto da vida. Me apoiei com uma mão na areia e com a outra, meio segurei o celular e meio levantei meu vestido até minhas coxas. Antes que ele pensasse ou falasse ou sequer agisse, me sentei em seu colo.

Me sentei bem no meio. Bem entre as pernas. Bem no pau. E ele, assim como o sol, começava a nascer e me dar um olá.

— Que porra...?! — Eduardo passou um braço por minha cintura e começou a me colocar para longe dele quando agarrei sua pele, o impedindo.

— Fotos. Precisamos de fotos.

Me colocou sentada entre as pernas dele, não mais nele.


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Essa Heloísa, viu hahahhaha

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