5.1 Heloísa

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DEPOIS DE DITAR AS REGRAS, Eduardo foi tomar banho e eu coloquei meu pijama, um vestido, e me deitei na cama, no meio dela.

Me cobri com o lençol e encarei o teto, pensando em suas palavras, disse que não era simples que tivéssemos alguma coisa 'exatamente porque estávamos casados', ainda concluiu que não queria sequer me beijar. Tudo bem que eu senti como o corpo dele reagia a mim e não deveria acreditar em suas palavras que tinham apenas a intenção de me diminuir, mas ele conseguiu. Não porque eu achava que ele não sentia nada por mim; alguma coisa, mesmo que fosse ódio, ele sentia, mas o fato de ele tentar tão veementemente não ter nada comigo me incomodava, me incomodou ainda mais com aquela frase.

Totó e eu conversávamos sobre Eduardo. Meu amigo dizia que seu irmão era minha paixão platônica e eu sabia que ele estava certo. Eduardo era aquele homem que eu via de longe, gostava, mas sabia ser impossível, depois que seu pai morreu, o vi cada vez menos, porque, como filho mais velho, ele foi o único a cuidar de todos os negócios da família.

No entanto, agora as coisas eram diferentes. Eu era adulta. Ele era adulto. Poderíamos fazer qualquer coisa, poderíamos fazer tudo.

Ouvi quando a porta do banheiro foi aberta e, discretamente, mexendo apenas um pouco minha cabeça, o vi saindo do banheiro com uma bermuda e uma camisa de mangas curtas. Ele com certeza não se vestia assim em sua casa, no dia a dia, mas estava evitando ao máximo qualquer coisa a mais porque estava comigo.

Fechei meus olhos e me ajustei na cama, me deitando de bruços e tentando esquecê-lo. Eu poderia aproveitar meus quatro dias em um resort muito bem sem ele.

Quando acordei, estava descoberta e meu vestido tinha subido até meu estômago. Sempre me mexi muito na cama, meus pais sempre diziam. De resto, nunca dormi com mais ninguém, não apenas pelo meu mal dormir, mas porque também sempre gostei de ter meu espaço, uma cama só para mim. Quando tinha qualquer caso, eu saia antes de dormir e nunca levei ninguém para minha casa. Acreditava que se eu me casasse de verdade, eu ainda gostaria de ter um quarto reserva, meu, apenas para dormir como eu quisesse. Roncar, se tivesse que roncar. Peidar e me espreguiçar em paz.

Às vezes era estressante ter uma pessoa ao seu lado. Não sabia por vivência, sabia por tabela, por causa dos meus pais, que começaram a viver muito melhor quando separaram os quartos.

Me levantei da cama, colocando meus pezinhos no porcelanato e sentindo o ambiente gélido pelo ar-condicionado.

Encontrei meu celular por algum lugar da cama e vi que passava de meio-dia; ir dormir às sete da manhã — ou algo perto disso — fazia qualquer um perder um pouco sua noção de horário e de alimentação.

Eu precisava dizer que Eduardo não estava no quarto? O homem deveria ser um morcego. Não duvidava que tivesse acordado às nove da manhã como se não tivesse ido dormir duas horas antes.

Depois da rotina básica da "manhã", que incluía um bom banho para despertar, coloquei meus fones de ouvido e saí do quarto com meu biquíni, vestido saída de praia, que era transparente, e um chapéu em estilo de palha, artesanal. Estava descalça e preferia mesmo assim, o babaca tinha razão.

Estava distraída mexendo em meu celular e dei play na música. Nos altos falantes, sempre escolhia pop ou pop rock, às vezes música clássica apenas porque poderia ter alguém ouvindo e as pessoas adoravam julgar, então eu deixava que criassem o meu "personagem" de menina rica que ouvia músicas clássicas. Quando publicava algum story ou post também selecionava músicas que estavam em alta, mas, no dia a dia, ouvia rap. Gostava da batida e das letras, era bom para acompanhar e cantar em voz alta.

Dessa vez, dei play em Poetas no Topo 3.2, um mix com vários rappers nacionais. Não cantei em voz alta porque havia algumas pessoas que caminhavam pelo corredor. Pedi o elevador e ajustei meus óculos de sol, cantando mentalmente.

Bem que minha tia já dizia, desde pequenininho

Que eu era muito novo mas eu só fazia arte

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