O Caminho Ao Lobo

4.1 Eduardo

desculpem o atraso, voltei a rotina de trabalho.

deixe seu voto e comentário <3

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NÃO HAVIA NENHUMA OUTRA suíte disponível. Era de se esperar, era verão. Como meu irmão seria o tal a casar e era amigo da maldita, eles não se importavam em dividir o quarto por quatro longos dias.

Depois que me levantei da areia e ela permaneceu no chão, de quatro, com a expressão de que sabia de tudo e eu quem era um idiota, a mandei voltar para o quarto e fui direto para a recepção, não a vendo mais. Na recepção, a minha decepção em descobrir que não havia mais qualquer suíte à disposição. Eu dormiria em qualquer lugar, mas, pelo visto, o "qualquer lugar" teria que ser no mesmo quarto que ela.

Era quase seis da manhã quando eu entrei no quarto com a senha eletrônica porque não fazia ideia de onde estava o meu cartão. Todas as luzes continuavam apagadas, mas, dessa vez, a varanda estava fechada e o ar-condicionado ligado.

A primeira coisa que vi foi o vestido de noiva em cima da cama e a segunda coisa foi a porta do banheiro aberta.

Arregacei ainda mais as mangas de minha camisa e me sentei na poltrona. Esperaria ela sair do banheiro para eu finalmente poder tomar meu banho. Dormiria aqui, se fosse o caso, ou no chão. Não importava mais, eu só queria descansar um pouco...

Devo ter cochilado, porque quando abri novamente os olhos e encarei meu relógio, longos minutos já tinham passado e o quarto continuava vazio. Heloísa tinha saído e eu não tinha visto?

O vestido continuava na mesmíssima posição e a mala com suas roupas continuava em um canto do quarto, onde o rapaz, bem mais cedo, tinha colocado.

Me levantei da poltrona sentindo dor por várias partes diferentes de meu corpo e voltei a observar a porta aberta do banheiro, mas ainda estava com as luzes apagadas e o silêncio era completo. Nunca vi um ambiente com a presença de Heloísa que se mantinha em silêncio. Seria a primeira vez. Na verdade, eu achava que ela não era capaz desse dom, acreditava que dormindo ela roncasse ou se mexesse demais ou os dois.

Mexendo nas mangas de minha camisa que insistiam em desdobrar, entrei no banheiro.

- Como você é capaz de dormir na banheira? - ralhei, alto, para ver se ela acordava.

Mãos segurando a borda da banheira, cabeça inclinada no encosto e pernas abertas, com cada pé de um lado, para fora da água. Que diabos de posição era essa? Como um ser humano era capaz de dormir assim?

Vi o susto enquanto ela piscava.

- Filho da mãe! - Quando percebeu que era eu e não um pesadelo dentro de seu sonho, colocou seus pés para dentro da banheira e jogou água com as mãos em minha direção. - Que susto do caralho!

- Como você conseguiu dormir assim?

- Meus dedos enrugaram e eu tirei da água, apenas.

- Você está aí há séculos - avisei. - Também preciso usar o banheiro.

A espuma cobria todo o corpo dela e, como estava bem funda, até mesmo seu pescoço estava coberto. Quando, aos poucos, começou a subir, se sentando mais na banheira, pude enxergar sua clavícula. Seu cabelo escuro estava molhado e grudado em seu rosto e pele. O tom conseguia ficar ainda mais escuro pela água.

Com um dedo apontou para o box com o chuveiro.

- Não estou te impedindo de usar nada.

- Saia - rosnei.

Teve a audácia de colocar seus cotovelos na borda e segurar seu rosto com suas mãos.

- Se não, o que você vai fazer? - perguntou. - Se você está aqui é porque não há nenhuma suíte disponível, então... Você só tem aqui para usar e vai ter que aprender a dividir comigo.

Respirei fundo para não a tirar a força do banheiro e a jogar para fora do quarto, do resort, do estado, do país. Longe. Eu a queria longe de mim.

Comecei a abrir os botões de minha camisa e vi a surpresa no olhar dela quando me aproximei e me ajoelhei ao lado da banheira.

- O que você quer? - perguntei. - Quer que eu te foda? É isso? Toda essa cena é uma intenção de me fazer te querer?

Sorriu. Ainda havia resquícios de batom vermelho naquela boca pequena. Inclinou-se em minha direção, me fazendo sentir o hálito de menta, da pasta.

- Eu não preciso fazer nada...