5.2 Heloísa

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No hall principal do resort, tomei apenas um café preto, sem açúcar, e comi algumas frutas. Queria mesmo almoçar, mas não queria pular o café porque provavelmente sentiria dor de cabeça.

Na beirada da piscina, tirei meu vestido, deixando em uma espreguiçadeira e me inclinei, procurando em meus contatos preferidos o número de Totó. Liguei algumas vezes e, como esperado, nada.

Respirei fundo, ainda querendo matá-lo, mas também começando a me preocupar. Liguei para Kênia, uma chamada de vídeo, em sequência. Ainda não queria falar com meus pais, mas a minha "cunhada", vulgo melhor amiga e irmã de Eduardo, poderia acalmar meu coração.

Kênia não demorou para atender com sua câmera aberta. Diferente de mim, ela estava em um escritório, usava óculos de grau e roupa social.

— Adorei as tranças — falei sobre o cabelo dela.

Knotless braids, gatinha — respondeu.

— Que é?

Minha amiga riu.

— Menina branca mesmo você, viu? É uma traça sem nós, começa com o cabelo natural e depois o megahair. É um negócio mais gradativo, curti a técnica. — E começou a me mostrar, mexendo a câmera antes de colocar parada no que deveria ser na bancada de seu escritório.

— Bem seu estilo — disse. — Mas aposto que você vai enjoar rapidinho.

Voltou a rir.

— Talvez sim, talvez não. E aí, como estão as coisas? — perguntou. — Você tá na beirada de uma piscina, de biquininho, óculos de sol... Só falta o drink.

— Ainda não almocei, por isso não comecei a beber... E ei, meu biquíni não é tão pequeno assim. — Virei meu celular para meus peitos, do qual o tecido da parte de cima cobria razoavelmente bem meus seios.

— Eca, não quero ver sua pepeca — reclamou quando eu desci mais o celular.

— Só queria que você visse que estou bem comportada.

Gargalhou e eu não me aguentei e ri junto.

— Você nunca tá comportada, amiga. Não se preocupe, é por isso que te amo. Vai... Me conta as novidades. Já perdeu a virgindade?

Se eu tivesse bebido, teria engasgado de tanto que ri. Ainda bem que o áudio saia pelo fone sem fio e ninguém ao meu redor entendeu qual era a piada.

Olhei ao redor, vendo que as pessoas estavam distraídas em suas próprias vidas e respondi:

— Não sei se existe mais nenhum buraco em mim que ainda é virgem, mas agradeço a preocupação.

— Sério? Não rolou uma investida?

— Kênia... Você conhece seu irmão. Ele me detesta.

— Ele te detesta e sempre detestou porque você sempre deixou claro que gosta dele. Você tinha que ser uma puta sem sentimentos.

Fechei meus olhos por um minuto e me levantei, me sentando na espreguiçadeira e pedindo meu almoço a um garçom. Não queria comer no restaurante fechado quando havia uma parte, ao ar livre, próximo a piscina, que era permitido almoçar e jantar.

Continuava na linha com Kênia e a olhei teclando alguma coisa no computador antes de voltar a sua atenção ao celular.

— Não sei o que eu posso fazer... — admiti. — Totó nada?

— Nada, mas sabemos que ele tem dessas. Some com umas mulheres aleatórias e, do nada, aparece. Ainda não voltou casado...

— Ainda — pontuei.

— Pois é. — Alguém falou alguma coisa para Kênia, fazendo-a desviar seu olhar do celular e responder que seria em dez minutos. Murmurando, ela explicou: — Minha mãe tá no meu pé desde que Dudu foi para o resort com você e Totó sumiu. — Ela era a única que o chamava de Dudu, tinha algo a ver com as primeiras sílabas que ela aprendeu a falar na vida.

— Por quê?

— Ela acha que eu não entendo o que estou fazendo na empresa.

— É um pouco complicado mesmo...

— É, mas eu sei o que eu estou fazendo.

— Mas não deixa de ser difícil.

— Mas... — Minha amiga começou.

— Eu sei, amor — a cortei, me adiantando. — Você sabe o que está fazendo. Apoio que jogue na cara da velha que você é mais eficiente que o babaca primogênito.

— Eu sou mesmo!

— Tenho certeza disso.

— Amiga...

— O quê?

— A resposta é álcool, Isa.

— Oi? — perguntei.

— Embebede meu irmão.

— Isso seria abusivo... — disse, franzindo meus olhos, tentando entender o raciocínio dela.

Eca! Não! Não tô pedindo pra você embebedar o cara e transar com ele, tô falando pra você embebedar ele que ele ficará mais... tranquilo. Sabe, menos um humanoide e mais um ser humano?

— Não sei se ele consegue deixar de ser robô — admiti.

— Com a quantidade certa de álcool, todo mundo consegue.

Eu ri e agradeci a dica.

— Se tiver alguma novidade de Totó, me avise... — comecei a me despedir, mas vendo a expressão estranha do rosto dela, continuei: — Que cara é essa?

— Não sei se quero que você embebede um irmão meu e mate o outro.

— Às vezes acho que eu poderia matar Eduardo também.

— Não sei se fico tranquila com isso. — Ela ria e eu acompanhei seu riso. — Eu mesma quero matá-lo, sabe?

— Quem? Totó ou Eduardo?

Kênia abriu a boca e depois fechou de novo.

— Não sei, os dois, eu acho. Fiquei confusa.

— Podemos organizar juntas, que tal?

— Um duplo homicídio? — perguntou ela.

— Não seria interessante?

— Amei! Topo a ideia.

Rimos ainda de mais loucuras e antes que eu percebesse, estava almoçando com Kênia ainda na linha enquanto ela trabalhava. Apenas quando precisou entrar em reunião, desligou a chamada. Terminei de almoçar e liguei para meus pais, que me mandavam mensagens.

Voltei para o meu quarto apenas no fim da tarde para tomar um banho, trocar de roupa e sair de novo. Às pouco mais de nove da noite, voltei e, dessa vez, Eduardo estava no quarto, deitando em uma poltrona na varanda.

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