CAP 07

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CAP 07
Elisa.
. Cheguei em casa faminta e já se passava das oito da noite, antes de ir tomar um banho preparei um miojo que em cinco minutos ficou pronto, o deixei esfriando e fui para o banheiro que tinha uma banheira perfeita, fiquei por quase uma hora lá dentro e só sai quando a campainha do meu apartamento tocou, achei estranho por que nem amigos eu tenho aqui.
. Enrolei-me no roupão e coloquei uma toalha na cabeça, sequei meus olhos que ameaçavam cair uma pequena espuma e fui abrir a porta e quando vejo adivinha quem era?
- Diretor Thiago?
- Oi Elisa, posso entrar? - ele pergunta.
- Tudo bem. - abro a porta. - Espere um minuto. - falo e vou voando para o quarto, tiro uma roupa confortável da mala, só amanhã eu colocaria no lugar. Hoje comprei os móveis e as coisas de cozinha implorei para que eles pudessem ao menos vir arrumar o fogão a cama e o sofá e amanhã eles montariam o resto, assim eles fizeram.
. Voltei para a sala e o diretor estava sentado em meu sofá olhando pro teto já que nem televisão tinha.
- Desculpe não estar recepcionando o senhor corretamente, acontece que me mudei hoje e os outros móveis são chegarão amanhã. - digo.
- Tudo bem eu não me importo. - deu um sorriso fraco.
- Afinal, ao que devo a honra de sua ilustre presença? - brinco.
- Eu vim saber se você já estava melhor e falar sobre o nosso filho.
" Nossa, ele dizer nosso filho acaba sendo tão...mágico! - penso."
- Eu estou bem diretor Thiago, minha queda de pressão foi por não ter me alimentado corretamente. - dou um sorriso fraco.
- Fora da escola me chame somente de Thiago, por favor. - pediu.
- Tudo bem... Sobre o que quer falar do nosso filho? - pergunto.
- Quero saber como será quando ele nascer...
- Faltam nove meses ainda, Thiago. - digo tranquilamente.
- Mas eu me preocupo, quero muito saber como iremos arrumar a cabeça do nosso filho, como serão as visitas. - ele diz, eu estava ficando louca.
- Thiago calma, tudo irá dar certo...quero curtir ao máximo minha gravidez sem pensar tanto nisso. Quando nosso filho nascer eu penso no que falaremos mas eu acho justo falar que ele veio por meio de uma inseminação artificial. - respondo.
- Ele não irá ficar assustado? - perguntou.
- Não, pelo menos ele veio ao mundo e terá que se orgulhar disso talvez. - digo colocando os pés em cima do sofá e cruzando as pernas.
- Já pensou no nome? - ele pergunta com um sorriso.
- Ainda não, na verdade eu descobri que estava grávida ontem... - falo lembrando-me do que vi naquela sala, no que eu passei, desfaço o sorriso.
- Qual é seu status de relacionamento senhorita Elisa? - ele pergunta.
- Sou casada no papel, separada fisicamente. - respondo.
- Você é casada? Me parece ser tão nova. - ele diz surpreso.
- Fui obrigada pelos meus pais a me casar aos dezessete, hoje tenho vinte e sete e estou casada há dez mas meu relacionamento não foi um dos melhores. - lembro-me do tanto que ele me bateu nesses dez anos.
- Porque, eu posso saber?
. Respiro fundo.
- Não nos amávamos, na verdade nunca nos amamos vivemos um relacionamento de conveniência e felicidade. Ele foi a pessoa que eu beijei pela primeira vez, que eu me entreguei pela primeira vez, ele foi o único em tudo. Meus pais foram bem rígidos enquanto a isso, eu só pude transar depois do casamento... Talvez seja por isso que sou assim. - falo com lágrimas nos olhos, as seguro no máximo.
- Assim como? - perguntou.
- Talvez mais reservada, tenho medo dos homens por não ter um exemplo bom na minha vida de mulher casada.
- Ele te fazia ou faz sofrer muito? - dou um riso de puro nervosismo e deixo uma lágrima rolar, abaixo a cabeça e brinco com as mãos.
- Ele me agredia. - dou mais um sorriso. - E eu não podia fazer nada ou seria pior pra mim. Recebia nomes horríveis dentro da minha própria casa, eu não posso ter filhos Thiago por causa que tenho um problema no útero mas eu pude fazer tranquilamente a inseminação. Ele me pediu um filho e eu não podia dar por isso. Ontem descobri que estava grávida graças à você, nunca fiquei tão feliz na minha vida. Cheguei em casa e eu o peguei transando com uma garota mais peituda e gostosa que eu. - duas lágrimas desceram. - Eu pensei que ele ia dizer a famosa frase: Não é nada disso que você está pensando, mas me enganei é feio. Ele virou pra mim e rindo disse mais ou menos assim: E ai inprestavel, quer participar? Depois eu gritei com ele e ele me segurou pelo pescoço falou coisas horríveis pra mim e eu cuspi na cara dele e me tranquei no quarto disposta a ir embora daquela casa pra sempre. Ele depois de um tempo derrubou a porta com um chute e veio pra cima de mim, me deu muitas bofetadas no rosto e eu não pude me defender. Quando ele ia me dar um soco no ventre como de costume eu gritei dizendo que estava grávida e ele parou. Depois mandou eu ir para o raio que o parta com a criança que não foi feita pelo pau dele. - digo e noto que Thiago está com os olhos arregalados e com os punhos cerrados, assusto-me.
- Esse cara é um maldito! - ele diz nervoso.
- Sinto que estou bem longe dele, não tenho o por quê de me preocupar. - respondi.
- Como ele pode fazer isso com você?
- Se em dez anos praticamente apanhando eu não morri, significa que ainda não é minha hora. - dou um sorriso fraco.
- Nossa, eu sinto muito por tudo isso Elisa, mas saiba que eu vou proteger você e o bebê. - ele diz dando certeza.
- Sua namorada sabe que você está na minha casa essas horas, Thiago? - pergunto mudando de assunto.
- Não, nós brigamos por causa de você.
- A meu Deus, o que eu fiz?
- Eu fui repreendê-la por não ter lhe dado a mão, ela começou a inventar algumas coisas. -bufou.
- Coisas como por exemplo...
- Ela acha que nós estamos tendo um caso. Falou que eu fui bem apressadinho na intenção de trai-la mas que isso não ficaria assim. - disse frustrado.
- Que garota louca. - falo com um sorriso.
- Confesso que estou cansado das coisas que a Emika faz. Ela comete suas gafes e depois eu tenho que corrigir, não gosto disso. Estamos junto há um ano e ela diz que vai melhorar, que não é pra eu deixá-la mas ela fica bem um dia no outro já esta louca de novo.
- Por que estão juntos então? - pergunto.
- Eu tenho medo de ficar " só" como sempre fiquei.
- Não entendi. - digo.
- Perdi meus pais quando tinha um ano de idade, eles sofreram acidente de caminhão, minha mãe ficou com 70% do corpo queimado. Não deu nem tempo de me despedir apesar de ter um ano de idade e não entender nada. Minha tia me dizia que os meus pais foram morar com os anjos e eu acreditava mas quando alcancei meus onze anos de idade ela me disse o que aconteceu com eles. Moro com essa minha tia desde que eles morreram, ela odeia a Emika e está com um câncer terminal. Ela me pediu para realizar o último desejo dela antes de morrer que era ter um filho por isso decidi a inseminação, nunca quero ter um filho com a Emika pois nosso relacionamento todo dia está por um fio. Então eu tenho muito medo sabe da minha tia morrer, de largar da Emika e não ter mais ninguém. - ele diz e as lágrimas que ele estava tentando segurar acaba caindo. Deito a cabeça dele no meu colo e até mesmo eu estranhei o que fiz, acariciei seus cabelos bem penteados e com as costas da minha mão acariciei seu rosto, ele parecia estar gostando por que até fechou os olhos.
- Não tenha medo de ficar só, lembre-se que você terá sempre Deus, os alunos para você dar uma bronca e agora o seu filho ou filha. Ninguém irá te desamparar, mesmo que seja difícil você chegar em casa e estar morando sozinho você terá o dever de sempre pensar na sua criança, nos alunos...
- E quem sabe na mãe do meu filho. - ele diz levantando e me olha com um sorriso.
- Não vale a pena. - dou um sorriso e me lembro do miojo, minha barriga ronca alto, corei.
- Preciso comer, fiz miojo você quer? - pergunto levantando.
- Não, obrigada. - ele sorri e me acompanha até a cozinha, o miojo estava completamente gelado.
- Ja que não quer comer, vou lhe dar refrigerante. - falo animada,pego o copo e o sirvo de Fanta.
- Fanta é o meu refrigerante predileto. - ele diz com um bigodinho de uva já que a Fanta era de uva.
- Você ficou marcado. - falei entregando o pano para ele limpar. - E também é o meu refrigerante predileto. - digo colocando um pouco de miojo na boca.
- Temos algo em comum. - ele diz dando um sorriso fraco.
- Posso te fazer uma pergunta? - falo limpando minha boca.
- Até duas. - deu um sorriso brincalhão.
- Por que me escolheu para ser a mãe da sua criança?
- Não sei, tinha várias mulheres... Mas você chamou muita minha atenção, gostei do seu rosto quando vi e fiquei pensando em como seria se eu a escolhesse, achei perfeito então te escolhi. - falou.
- Entendi.
- E você, por que me escolheu?
- Te achei bonito! E acho que a criança vai nascer igual a você.
- Entendi também, tomara... Pensa um Thiago Junior?
- Seria legal, ter uma cópia autenticada de você mesmo. - sorrio.

O DiretorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora