CAP 38

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CAP 38
Elisa.
. Quando finalmente acordei ainda me sentia zonza, não estava reconhecendo as vozes no local aonde estava e minha visão estava meio turva, só consigo ouvir uma voz dizendo:
- A leve para a sala de cirurgia, iremos retirar o bebê ou irá morrer os dois! - e sinto que o lugar em que estava deitada é balançado de um lado para o outro. Eu iria ter a minha filha aos sete meses de gestação, ela nasceria prematura, eu rezava para que ela pudesse ao menos sobreviver. Sinto uma lágrima rolando pela minha face, eu estava com medo e quanto tentei me levantar, alguém me puxa com tudo fazendo com que eu parasse deitada.
- O que está acontecendo? Aonde estão me levando. - digo apavorada.
- Para a sala de cirurgia, acalme-se. - uma voz masculina diz.
- Aonde está o Thiago? Eu o quero comigo... -digo.
- Pense na sua filha, apenas nela. - ele diz e deposita um soco em algum lugar que parece abrir. Ali começou todos os preparativos, eles me colocaram na cama como se eu fosse uma boneca, em seguida um deles apareceu e aplicou uma injeção bem na minha espinha, fico imobilizada, como se estivesse travada da coluna.
- Mantenha a calma e fique acordada. - uma outra voz masculina até então desconhecida diz.
. Durante aquela cesariana eu tento dormir apenas uma vez, e uma moça me dá tapinhas no rosto e dizia que era perigoso eu dormir, eu poderia morrer. E então, com muito esforço eu abri meus olhos que já estavam cansados. Depois de quase cinco minutos com os olhos parados em um letreiro desnecessário, escuto o choro...o choro da minha criança! Me emociono ao ouvir seu gritinho, não consegui vê-la pois minha visão estava turva ainda. Eu pensei que o médico diria alguma coisa como os médicos falam em filmes, mas ele fica em silencio. A enfermeira coloca a pequena para eu sentir e não demorou nem cinco minutos para que a levasse embora de mim. Me sinto só, vazia e sou encaminhada para o quarto. Ninguém até agora vem me visitar além das enfermeiras, pergunto muitas vezes pela minha filha e elas dizem que não pode me dar informações, estava nervosa, queria ver Louize.

DOUTOR.
. Quando a paciente Elisa deu entrada no hospital ainda desacordada eu pude ter certeza que aquele seria o seu fim. Depois de examiná-la fomos obrigados a tirar o bebê de dentro dela, ou os dois morreria. O parto ocorreu de forma normal, ela queria dormir mas a nossa enfermeira não deixava, a criança então nasceu. Pequena demais, sem muitos quilos e foi levada até a mãe mas em menos de cinco minutos precisou levá-la para a encubadora. Soube que a paciente no corredor chamou pelo nome de Thiago, que até então eu desconhecia. Agora eu estava caminhando pelo corredor quando uma enfermeira apareceu desesperada.
- Doutor, uma emergência...uma gestante está muito ferida, está por perder o bebê. - ela diz e eu saio correndo ao seu lado.
. Descobri que o nome da paciente era Emika e ela estava em um condição muito ruim, estava acordada e delirando, chamando por nomes desconhecidos. Estava com sete meses e meio e fui obrigado a fazer uma cesariana, retirar o bebê pois um dos dois não iria sobreviver, quase o mesmo caso que a paciente Elisa. Depois da cesariana, escuto ela me chamando, aproximo-me da cama, e ela diz praticamente em meu ouvido, ofegante.
- Doutor...eu estou, partindo... - vejo uma lágrima rolar. - grave o nome do meu...filho.
- Pode dizer. - falo prestando atenção.
- Enzo Gabriel...o entregue para a Ca...Carina. - gagueja. - ela irá saber...cuidar dele! Peça para que ela cuide do meu... - força a dizer. - meu filho doutor. - ela diz e não dá tempo de eu responder, ela vira sua cabeça como se estivesse olhando para a luz, e seus olhos vão se fechando lentamente, ela dá o seu último suspiro, uma lágrima solitária cai e ela se vai...pra sempre! A paciente Emika estava morta.

O DiretorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora