Todos os lances da conquista / Vol. 1

Capítulo 1: Meu irmão fugiu do manicômio.

Aspen, Colorado

Dizem que a competição corre nas veias dos Carson's. Acho que quem diz isso está totalmente certo, porque minha família é competitiva demais, entre nós, mas principalmente com outras pessoas. Mas eu acho que fui muito além disso. Meus pais costumam dizer que eu tenho tanta fome de vencer, que as vezes não sei quando parar.

—Rebatedor! —O juiz gritou, e eu sai do banco, ajeitando as luvas as minhas mãos, antes de segurar o taco e caminhar na direção da marcação, ficando de frente para o receptor. Encarei o arremessador, vendo-o abrir um sorrisinho pra mim, como se fosse impossível eu pegar a bola que ele ia lançar.

Tomei a posição, erguendo o taco, enquanto cerrava os olhos, puxando o ar com força. Rebater uma bola de mais ou menos 22 centímetros não era nada fácil. De 10 lançamentos, os rebatedores conseguiam acertar no máximo 3. Mas em um dia bom, eu conseguia acertar 5, se tivesse sorte. E eu normalmente tinha muita sorte.

O apito soou e a bola foi lançada. Apertei minha mandíbula com força quando percebi que estava numa péssima posição para acertá-la. O receptor atrás de mim a pegou, enquanto eu ajeitava o taco na minha mão e respirava fundo, puxando a concentração, enquanto escutava os gritos de Adam e das minhas irmãs

No segundo lançamento da bola, a acertei em cheio, soltando o taco no chão e disparando até as quatro bases do campo, enquanto o time adversário tentava recuperar a bola. Não tinha visto onde tinha a lançado, porque estava mais ocupado tentando tirar o sorriso sarcástico do rosto do arremessador. Passei correndo por duas bases, escutando as pessoas nas arquibancadas explodirem em gritos, enquanto eu chegava a terceira.

Olhei para o lado, tentando saber onde a bola tinha ido parar, vendo uma comoção do outro lado das arquibancadas. O grito de Adam me fez perceber que meu tempo estava acabando. Me lancei para frente, escorregando na areia até meu corpo encontrar o chão e meus pés tocarem a quarta base. O juiz apitou e eu escutei meu time comemorando, antes de ficar de pé e olhar na direção que a bola tinha caído.

—Acho que você acertou alguém, Caleb. —Um dos meus colegas de time afirmou, enquanto eu franzia a testa e corria até lá, mas ainda lancei um sorriso sarcástico na direção do arremessador, já que ele estava com o ego muito grande antes de lançar a bola.

—Tudo bem por aqui? —Indaguei, chegando na tela que separava a torcida do campo, observando a garota que estava esfregando a mão na testa, sentada no meio de outras duas garotas. Abri um sorriso quando ela olhou pra mim e corou, porque a garota era bonita e pareceu ficar super desconcertada com a minha presença.

—A bola acertou a testa dela. —Uma das amigas dela falou, tentando esconder o sorriso, antes de se inclinar e tentar me devolver a bola por uma fresta na tela.

—Desculpa. —Falei, negando com a cabeça para a menina que estava com a bola, antes de gesticular na direção da outra, que parecia tímida demais para falar comigo. —Fica com a bola. Me desculpa de novo.

Ela assentiu pra mim, com os olhos verdes quase brilhando de euforia quando pegou a bola da mão da amiga. Abri mais meu sorriso, o que fez as bochechas dela ficarem ainda mais vermelhas. Hesitei antes de ir, mas me virei e corri de volta pro centro do campo quando me chamaram. Mas ainda lancei um olhar por cima do ombro, observando a garota me seguindo com os olhos.

—Rebatedor! —O juiz gritou, não me dando outra opção a não ser correr de volta para minha base, pegando o taco do chão para voltar ao jogo.

Acertei mais algumas bolas, antes de o jogo chegar ao fim e meu time ganhar. Um suspiro de cansaço escapou meus meus lábios quando fui deixar o campo, com o taco de beisebol escorado no meu ombro. Adam estava escorado no carro dele, com o braço ao redor dos ombros de Hazel, enquanto minha irmã mais nova estava com os braços cruzados e uma expressão fechada.

Ele era nosso primo. Praticamente nosso irmão, porque havíamos sido criado juntos desde crianças. Nossas mães eram irmãs, além da irmã mais velha de Adam ser casada com o meu irmão mais velho, Zack, filho do primeiro casamento do meu pai. Hazel parecia incomodada, mas Adam estava falando alguma coisa pra ela, que a fez rir.

Parei de andar quando Adam notou minha presença e indicou algo com a cabeça, erguendo a mão livre para passar nos cabelos escuros. Quando me virei, meus lábios se torceram em desgosto ao ver um cara falando com Hannah, minha outra irmã mais nova. Apertei os dedos ao redor do taco, sentindo a irritação subir pelo meu sangue. Pelos sorrisos que ele lançava a ela, era óbvio que estava flertando.

Adam olhou pra mim e se afastou de Hazel, que balançou a cabeça negativamente ao vê-lo puxar uma bola do bolso da jaqueta. Ergui o taco de beisebol, ajeitando meu corpo na posição certa para lançar a bola para o alvo, antes de abrir um sorrisinho e acenar na direção de Adam. Meu primo abriu um sorriso sarcástico, antes de jogar a bola pra cima e a pegar de novo, girando o corpo e se ajeitando, antes de lançá-la na minha direção com a maior força que conseguia.

Me preparei para recebê-la, lançando o taco pra frente quando ela se aproximou de mim, acertando-a em cheio no ponto certo para fazê-la ir para o lugar que eu queria. Abaixei o taco, vendo-a voar como uma flecha na direção do babaca que dava em cima da minha irmã, acertando em cheio o meio das suas pernas. Escutei Adam explodir em uma gargalhada quando o cara se curvou pra frente com um arquejo de dor, levando as mãos ao meio das pernas enquanto quase caia de joelhos na frente de Hannah.

—Caleb! —Hannah gritou, se virando pra mim com um olhar furioso, sem saber se o ajudava ou me xingava.

—Foi sem querer, maninha. —Falei, abrindo um sorrisinho inocente, mesmo que por dentro eu estivesse rindo.

—Você é um babaca! —Exclamou, se virando para ajudar o cara, que estava vermelho, com as mãos ainda no meio das pernas. —Meu Deus, você está bem? Desculpe, meu irmão fugiu do manicômio, mas juro que vamos leva-lo de volta pra lá.

—Você é péssima tentando fazer piadas. —Cheguei do lado dos dois, recebendo um olhar irritado de Hannah. Ignorei aquilo, porque ela iria me agradecer mais tarde, e apontei na direção de Adam e Hazel. —Você, pro carro, agora.

—Eu te odeio. —Hannah resmungou, me fazendo abrir um sorriso doce pra ela, antes de ficar sério quando olhei pro cara, que engolia em seco, esfregando as mãos no meio das pernas, ainda parecendo com dor, enquanto olhava pra mim.

—Fique longe da minha irmã, ou a próxima coisa que vou acertar em você vai ser esse taco. —Afirmei, vendo-o estremecer quando percebeu que eu estava falando sério. —Vi você ficando com duas garotas diferentes hoje. Minha irmã não vai ser a terceira.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas eu já tinha o dado as costas e caminhado até o carro. Abri a porta e me sentei no banco do passageiro, ao lado de Adam. Hannah estava com uma cara de bunda, com os braços cruzados e encarando a janela, bem diferente de Hazel, que era o esboço perfeito da tranquilidade.

As duas eram irmãs gêmeas e um ano mais novas do que eu, assim como Adam. Mas enquanto Hannah era uma tempestade violenta, Hazel tinha conseguido ficar com toda calmaria pra si. Menos quando resolvíamos aprontar alguma coisa, já que ela se transformava em uma versão pior de Hannah. As duas eram uma cópia da nossa mãe, além de serem idênticas, com cabelos castanhos e os olhos castanhos claro, que haviam puxado do nosso pai.

Eu ainda tinha mais quatro irmãos mais velhos. Zack, Peter, Emma e Kyle. Mas eles já estavam casados e com suas próprias vidas, mesmo que ainda vivessem dentro da casa dos nossos pais, com meus sobrinhos de brinde. E eu tenho muitos sobrinhos, porque é isso que acontece quando se tem vários irmãos e uma família grande.

Adam olhou pra mim, provavelmente me questionando mentalmente se eu ia falar algo para Hannah. Balancei a cabeça, vendo-o ligar o carro e partir. Não iria falar nada, porque até o final da noite ela já não estaria mais com raiva de mim. Ou talvez ela estivesse me odiando mais ainda, dependendo de quantos caras eu precisasse assustar se chegassem perto demais dela. Mas eu podia me preocupar com isso depois.

Continua...