Capítulo 18: Ela não fez isso.

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Caleb

Não havia nada mais importante pra mim quanto o dia de um jogo. Eu tentava me concentrar ao máximo, porque minha posição exigia muito isso de mim. Eu não conseguia pensar em mais nada além do meu time. Éramos uma equipe, se jogássemos juntos como uma, venceríamos na certa. Eu tinha alguns problemas com colegas de time, mas sempre deixava isso de lado quando entrava em campo.

Eu estava observando o rebatedor do time adversário tentar acertar os lançamentos, enquanto a torcida gritava atrás de mim. Estava sempre olhando uma vez ou outra pra trás, procurando por um par de olhos verdes inconfundível, mas não havia os encontrado ainda, o que me dava certeza de que ela não iria aparecer.

Tirei o boné e puxei meus cabelos para trás com força, porque nunca tinha me sentido tão frustrado quanto naquele momento. O que e precisava fazer pra ela olhar na minha cara e parar de agir como se eu fosse insignificante? No final das costas, chamar ela pro jogo tinha sido uma péssima ideia, porque só serviu pra eu ser ignorado mais uma vez.

—Caleb? —Olhei para a tela atrás do meu banco, vendo Adam chegar ali com as minhas irmãs. Abri um sorriso e fui até eles, recebendo um olhar de alerta do treinador, porque já estava chegando a minha hora de jogar. —Desculpa o atraso. Como estamos?

—Empatados por enquanto. —Falei, fazendo Adam exibir uma careta e olhar para o campo atrás de mim. —Por acaso vocês viram a Elisa quando estavam chegando?

—Ela tá cagando pra você, né? —Hannah soltou uma risada ao dizer aquilo, quando eu bufei e neguei com a cabeça. —Quer que eu vá conversar com ela?

—Pra vocês duas ficarem rindo da minha cara pelas minhas costas? Não, obrigado. —Soltei, fazendo Hannah exibir uma expressão inocente, como se aquilo fosse a última coisa que ela pretendesse fazer.

—Eu ia tentar te ajudar, porque pelo visto você não está dando conta sozinho.

—Para com isso. —Hazel lançou a Hannah um olhar atravessado, antes de se virar pra mim e abrir um sorriso. —Não liga pra ela. Olha, eu sei que você ta tentando consertar as coisas. Mas eu realmente acho que você está pedindo desculpas do jeito errado. Não ta acertando o verdadeiro problema.

—Como eu vou fazer isso se ela nem mesmo veio pro jogo que eu a convidei? —Exclamei, escorando o taco de beisebol no meu ombro, esperando que Hazel tivesse alguma coisa que pudesse me ajudar, sem ser aquela lista. Mas minha irmã deu de ombros, exibindo uma expressão desanimada, como se realmente quisesse me ajudar, mas não soubesse como.

—Caleb? Eu acho que... —Olhei para Adam, vendo-o fazer uma careta e coçar a cabeça, como se estivesse sem graça. —Ela... meio que veio pro jogo sim.

—É? E onde ela está? —Questionei, porque não tinha a visto em lugar nenhum.

Adam exibiu uma careta, antes de apontar para o outro lado do campo, onde estava a torcida adversária. Olhei pra lá na mesma hora, enquanto escutava o treinador me chamando. O sangue latejou na minha cabeça, enquanto minha respiração ficava tão pesada que eu podia sentir meu peito subindo e descendo. Abaixei o taco, o apertando com tanta força, até sentir meus ossos doerem.

—Ela não fez isso. —Sussurrei, mas Elisa tinha feito sim. Tinha ido pra torcida adversária, além de estar usando a camiseta do arremessador principal. Ela estava gritando e acenando na direção do cara, como se os dois tivessem alguma coisa.

—Rebatedor! —O juiz chamou, já que eu ainda estava parado, vendo pontos vermelhos na minha direção, de tão furioso que eu estava naquele momento.

—Tente não matar o arremessador com esse taco. —Hannah exclamou, enquanto eu seguia até minha posição, apertando o taco com tanta força, que eu tinha a sensação que poderia partir a bola ao meio se a acertasse.

Parei na minha posição, erguendo o taco e olhando na direção de Elisa uma última vez. Ela me encarou de volta nesse momento, abrindo um sorrisinho pra mim e acenando com a mão de uma forma tão graciosa que me deixou com raiva. Quando me virei para o arremessador, ele estava rindo, como se tivesse entendido tudo e eu fiquei muito tentado em arremessar o taco nas minhas mãos na cabeça dele.

Durante o restante do jogo todo, meu objetivo foi fazer o máximo de pontos que conseguia, olhando na direção de Elisa sempre que conseguia, com minha expressão mais sarcástica possível, mesmo que ela fingisse não se importar nem um pouco. Venci a droga do jogo, deixando o campo sem falar com ninguém do time, porque só tinha uma pessoa que eu queria ver naquele momento.

[...]

Quando cheguei na festa com Adam e minhas irmãs o lugar já estava lotado, a ponto de a gente quase não conseguir entrar, porque não tinha espaço nem pra caminhar. Minha cabeça estava doendo depois do jogo, mesmo que eu tentasse relaxar a todo custo antes de chegar aqui. Não queria que ela visse que tinha conseguido o que queria, me deixar irritado.

—Eu tenho que ficar de baba? —Adam indagou, me fazendo olhar pra ele com as sobrancelhas erguidas. —Só pra evitar que vocês dois não se matem até o final da festa.

—Não se preocupe, não vou colocar minhas mãos nela. —Afirmei, abrindo um sorriso forçado, antes de encontra-la no meio de todos aqueles universitários. Não estava mais com a camisa do time adversário, mas o estrago já estava feito de qualquer forma.

—Vou até lá dar os parabéns pra ela, por quase ter feito você ter um AVC no meio do jogo. —Hannah afirmou, mas eu a segurei, comprimindo meus lábios quando ela riu da minha expressão resignada. —Você está muito estressado, sabia? Vou te arrumar um suquinho de maracujá.

—Você ainda não me viu estressado. —Retruquei, fazendo Hannah rir, antes de eu me virar e seguir na direção de Elisa.

Ela estava escorada no inicio das escadas, observando as pessoas que dançavam com uma expressão pensativa. Foi impossível não me lembrar de quando dançamos juntos e com o quão feliz ela parecia estar naquele momento. Mas quando ela me encarou, percebendo que eu estava me aproximando, não foi felicidade que eu vi lá, era mágoa, como se ela estivesse lembrando do mesmo que eu, antes de tudo desaparecer e o deboche ficar estampado no meu rosto.

—E ai, estagiário, estava começando a achar que você não vinha mais pra festa. —Afirmou, torcendo os lábios em um sorriso maldoso que deixou meu sangue quente, ao mesmo tempo que fez algo se agitar dentro de mim, quando o sorriso desapareceu tão rápido quando havia surgido, quando não parei de andar até estar quase grudado nela.

Elisa se assustou com a minha proximidade repentina, o que a fez tropeçar no degrau da escada quando tentou se afastar de mim. Envolvi a cintura dela com o braço, impedindo que ela caísse, o que arrancou um gritinho de susto dos seus lábios quando a puxei pra mim até o corpo dela ficar grudado no meu. Abri um sorriso quando ela me encarou abalada, mesmo que meu próprio coração estivesse martelando no meu peito ao sentir a respiração dela no meu queixo.

—Vem dançar comigo. —Pedi, usando o tom de voz mais calmo que conseguia naquele momento, porque estava sentindo minha pele se arrepiar inteira com a forma que ela estava me olhando. Sem dar a chance de ela se recuperar e dizer não, a puxei para o meio de todo mundo que dançava.



Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now