Capítulo 19: Qual o seu problema?

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Elisa pareceu um pouco abalada quando ficou de frente pra mim e eu passei minha outra mão pela sua cintura, quando começamos a dançar. Mas foi rápido, porque ela se recuperou, exibindo uma expressão tensa quando tocou meus ombros, me encarando com uma expressão desconfiada. Eu ainda estava sorrindo, porque ela podia saber como me atingir, mas eu também sabia como a atingir de volta.

—O que você está fazendo? —Questionou, olhando ao redor, como se não conseguisse encarar meus olhos, já que eu não parava de observá-la, gostando de ver suas bochechas coradas e sua respiração desregular.

Aquela era uma situação bem diferente da outra festa. Elisa estava mesmo feliz aquele dia, me encarando como se eu fosse o sol no meio da tempestade. Agora parecia que eu era a verdadeira tempestade e ela queria fugir disso. Algo se contraiu dentro de mim com esse pensamento, porque eu só queria vê-la sorrindo pra mim, da mesma forma que sorriu daquela vez, quando tudo que ela queria era me conhecer. Não era uma intenção minha que as coisas acabassem desse jeito.

—Estou procurando uma garota chamada Elisabeth. Ela é uma bailarina lindinha e fofa que eu conheci dois anos atrás. —Afirmei, o que a fez olhar pra mim de novo, com os lábios tremendo como se ela não conseguisse mais controlar as próprias reações. A dúvida nos olhos dela era quase palpável, enquanto ela procurava qualquer traço de piada no meu rosto. —Eu queria encontrar essa garota, mas ela me odeia agora, porque pelo visto eu sou péssimo tentando me desculpar. E sou péssimo, principalmente, quando estou tentando fazer alguma coisa certa.

—Por que está tentando pedir desculpas? —Indagou, usando um tom de voz frio, enquanto eu engolia em seco quando ela ergueu o queixo como se fosse me enfrentar. —Se o grande Luc Graham não tivesse no seu caminho, você pediria desculpas? Você sequer se importaria?

—Por que está agindo como se fosse errado eu me importar com o meu estágio? —Questionei, apertando uma das minhas mãos que estava na cintura dela, vendo-a estremecer na minha frente, com a respiração oscilando quando ela fechou os olhos por um momento, antes de me encarar. —Eu fiz a coisa certa aquela vez.

—Ah, sim, tenho certeza que meu irmão vai concordar com você. Até mesmo meu pai concordaria se ficasse sabendo. —Ela riu. Uma risada fraca e cheia de mágoa, quando a girei e a trouxe de volta pra mim. —Mas ele não sabe, então você não precisa ficar correndo atrás de mim, tentando ganhar alguma coisa do meu pai com isso.

—E quem disse que estou tentando ganhar alguma coisa com o seu pai com tudo isso? —Nos dois paramos de dançar e nós encaramos. Aquela faísca entre nós estava cheia de tensão, porque dessa vez ela não desviou os olhos de mim e me encarou, com uma confiança quase inabalável. —Você acha que me conhece, Elisa, com base nas coisas que você viu durante esses anos que me seguia. Mas você não me conhece de verdade. Quer usar uma camiseta do time adversário pra me atingir? Vá em frente. Isso diz mais sobre o que você espera de mim do que o contrário.

—Você tem razão sobre isso. —Ela afastou as mãos dos meus ombros, dando um passo para trás. Tirei minhas mãos da cintura dela também, mesmo que essa fosse a última coisa que eu quisesse fazer. —Eu não conheço você. O erro é meu em esperar alguma consideração de alguém que só se importa com o próprio umbigo.

—Sério que você acha isso? —Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente, porque estava tão cansado daquela situação. —Se eu não tivesse qualquer tipo de consideração por você, eu não teria ligado pro seu irmão aquele dia. Eu não teria me preocupado com a possibilidade de dar merda pra mim, mas principalmente pra você. Porque você era uma garota menor de idade numa festa cheia de jovens bêbados que não precisavam de muito pra fazer merda.

—Meus parabéns, Caleb. Quer seu prêmio de bom cidadão? —Indagou, tão cheia de ironia que fechei a cara, odiando o tom de condescendência dela.

—Qual o seu problema? —Questionei, balançando a cabeça negativamente, enquanto ela comprimia os lábios. —Eu já pedi desculpas. Estou literalmente correndo atrás de você pra conseguir isso. E tudo que você faz e usar cada segundo perto de mim pra me atacar. O que diabos você quer que eu faça?

—Pode simplesmente fingir que eu não existo. —Sussurrou, me encarando por um momento tão longo que eu não soube o que dizer, quando vi aquela mágoa exposta no rosto dela de novo, quando ela não fez questão de escondê-la, antes de tentar se afastar quando segurei seu braço.

—Eu não queria magoar você.

—Você não magoo, na verdade. —Ela puxou o braço para que eu a soltasse, soltando uma respiração pesada quando me encarou, com os olhos verdes brilhando de uma forma que parecia que ela iria chorar. —Você só fez com que eu me sentisse humilhada. Uma adolescente burra e iludida que não merecia nem mesmo saber que você tinha ligado pro meu irmão e me entregado.

—Elisa... —Eu tentei me aproximar, porque a forma que ela estava me olhando foi mais pesada do que ouvir aquilo. Mas ela ergueu a mão e me parou, com uma expressão de alerta no rosto que eu sabia que não era uma boa ideia tentar toca-la.

—Não vou estragar o seu estágio com meu pai. Não precisa se preocupar com isso. —Prometeu, com tanta confiança que algo desmoronou dentro de mim, porque não era aquilo que eu queria.

Elisa abriu um sorriso depois de um momento, como se tudo aquilo não tivesse qualquer importância pra ela, antes de desviar de mim e se afastar. Me virei para ver aonde ela ia, decidindo se deveria ir atrás ou não, até vê-la ir de encontro a um rapaz de cabelos loiros que estava atravessando a sala. Algo se agitando de forma desconfortável no meu peito quando ele passou o braço ao redor dela e sorriu, antes de a puxar para o lado de fora da casa.

—Caleb? —Hannah chegou até onde eu estava, ainda parado no meio da pista de dança, decidindo se ficava com raiva ou simplesmente me sentia um idiota.

Hannah olhou pra mim e depois pra onde Elisa tinha ido com aquele cara, apertando os lábios com força como se estivesse incomodada. Quando ela fez menção de ir até lá, segurei seu braço, porque sabia que Hannah só ia arrumar mais confusão, quando eu estava tentando acabar com elas.

—Deixa. A gente se resolveu. —Menti, mesmo que Elisa parecesse ter dado um ponto final ali. Hannah me encarou desconfiada, antes de exibir uma expressão resignada.

—Vem, vamos pra casa. Essa festa tá super chata de qualquer forma. —Minha irmã segurou minha mão e me arrastou pra fora dali, enquanto eu tomava uma das decisões mais fáceis de todas, eu deveria ter ouvido Hazel desde o início.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now