Capítulo 15: É melhor vencer o jogo.

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Encontrei Elisa na manhã seguinte, no rinque de patinação da universidade. Tinha olhado no Instagram dela e perguntado para algumas pessoas chave, até conseguir saber onde ela estava. Ela estava na sua segunda semana na universidade, mas já era mais conhecida do que eu poderia imaginar. Tinha certeza que isso era graças ao seu pai. Ou aos seus amigos.

Olhei para dentro do gelo, onde ela deslizava com os patins, ao lado de uma garota de cabelos castanhos que eu não conhecia. Não era nenhuma das suas duas amigas daquela vez. Esperei alguns minutos, achando que ela poderia ir embora e eu encontrá-la no caminho, fingindo uma grande coincidência. Mas quando percebi que ela poderia demorar e eu não tinha tempo, peguei um par de patins e entrei no rinque pronto pra uma batalha.

Deslizei na direção das duas, escutando-as soltar algumas gargalhadas. Meu estômago deu um nó quando me aproximei mais, antes de eu respirar fundo e abrir um sorriso. Eu costumava ser super confiante, mas por algum motivo estava ficando nervoso com qualquer coisa relacionado a ela. Mas não podia deixar isso me afetar.

—Meu irmão jogou um balde de gelo na cabeça dele pela janela, quando ele se recusou a ir embora querendo falar comigo. —A amiga de Elisa falou, me arrancando uma careta, enquanto eu me perguntava quem tinha sido o pobre coitado a sofrer na mão do irmão dela.

—Ele mereceu essa, com toda certeza. —Elisa afirmou, mas estava rindo. Aproveitei aquele momento para chegar ao lado dela, lhe dando um susto.

—Eu também mereço um balde de gelo na cabeça? —Indaguei, abrindo um sorrisinho pra ela, enquanto seu sorriso desaparecia por completo quando ela olhou pra mim e quase caiu, se não fosse pela amiga dela ter a segurado, em meio a uma risada engasgada. —Opa, te assustei?

—Quem é esse? —A amiga indagou, enquanto Elisa ajeitava os cabelos que tinham caído no seu rosto e olhava pra mim.

—O estagiário do meu pai. —Afirmou, como se eu realmente fosse só isso. —E pelo visto ele está me seguindo.

—Foi você que apareceu no meu quarto ontem a noite. —Retruquei, fazendo as bochechas dela se pintarem de vermelho, enquanto os lábios da amiga se abriam em um sorriso enorme.

—O que você foi fazer no quarto dele? —Ela questionou, com um tom malicioso, fazendo Elisa comprimir os lábios e me lançar um olhar afiado, porque eu estava com um sorriso convencido no rosto.

—Eu errei o número. Tinha ido no quarto do Minho encontrar ele e o seu irmão. —Elisa esclareceu, fazendo a amiga torcer os lábios em decepção, como se estivesse esperando por outra coisa. —O que você quer?

—Uau, cansou de fingir ser simpática comigo? —Indaguei, estalando a língua e negando com a cabeça, para fingir ter ficado ofendido com aquilo. —Quero te fazer um convite. Pra você e pra sua amiga.

—Estamos ocupadas. —Elisa foi rápida em me responder, me fazendo soltar uma risada, porque eu meio que já esperava que ela não fosse facilitar.

—Mas ele nem falou o que era e quando é. —A amiga reclamou, fazendo Elisa lançar a ela um olhar indignado, enquanto eu mordia o lábio para não soltar uma gargalhada da interação das duas, quando a menina se inclinou e sussurrou, mesmo que alto o suficiente pra eu ouvir. —Por que está agindo assim, toda esquisita?

—Ela gosta de fingir que não vai com a minha cara. —Falei, chamando a atenção das duas. Elisa me encarou com os lábios comprimidos, como se quisesse me matar. —O convite é para um jogo de beisebol.

—Eu não...

—A gente ama beisebol. É claro que a gente vai. —A garota cortou Elisa, fazendo -a se encolher e olhar com uma expressão traída pra ela. —Não sei o que está acontecendo aqui, mas é um prazer. Eu sou a Taylor.

—Caleb. —Me apresentei, abrindo um sorriso pra Taylor, pensando que talvez conseguisse uma aliada ali.

—Caleb? —Taylor repetiu, se virando para olhar para Elisa, que parou de patinar quando chegou na trava de proteção, com uma expressão toda disfarçada. Taylor olhou pra mim de novo, erguendo as sobrancelhas. —Carson? O rebatedor?

—Eu mesmo. —Confirmei, querendo rir quando Elisa ficou mais rígida que uma árvore quando Taylor olhou pra ela de novo, com um sorriso muito grande e uma expressão que deixava claro que agora ela entendia tudo. —Então, o jogo é meu, contra nosso maior rival. É só um amistoso, mas é super importante. Vou mandar o horário e o dia pra você.

—É claro. —Elisa abriu um daqueles seus sorrisos doces, como se tivesse se recuperado, além de exibir um brilho de animação nos olhos, que me deixou com um pé atrás, enquanto Taylor olhava de mim pra ela, como se fôssemos uma peça de teatro muito interessante. —Como a Taylor fez questão de deixar claro, a gente vai, sim.

—Que bom. Vai ter uma festa depois, na casa de um amigo meu. Vocês duas estão mais do que convidadas também. —Afirmei, sentindo algo se agitar dentro de mim quando Elisa riu, antes de comprimir os lábios. Fiquei me perguntando se aquilo era um sinal bom ou ruim, porque era difícil saber quando ela estava tirando com a minha cara ou não.

—Uma festa? —Elisa ergueu as sobrancelhas, fingindo por um momento que estava pensando. —Hm... não tenho certeza se vou. Da última vez que eu fui, alguém fez uma questão enorme de me dedurar.

—Talvez a pessoa não tivesse feito isso, se você não fosse menor de idade. —Retruquei, porque senti a alfinetada e não ia deixá-la passar de graça. —Ou se não tivesse mentido.

Elisa riu, torcendo os lábios logo em seguida, enquanto os olhos verdes flamejavam na minha direção, me deixando quase sem fôlego, porque ela não tinha desviado os olhos de mim e nem eu dela. Quase vi a faísca atravessar o ar entre nós dois, quando nenhum de nós abaixou a cabeça, como uma guerra prestes a se iniciar. Uma faísca de algo bem maior.

—Omissão também é um tipo de mentira. —Sibilou, com um sorriso afiado, enquanto se afastava dá trava de proteção e passava perto demais de mim, sem desviar os olhos dos meus, o que fez minha pulsação acelerar muito rápido. —Valeu pelo convite, estagiário. É melhor vencer o jogo, ou vou ficar decepcionada.

Ela empurrou meu ombro ao se afastar, levando Taylor junto com ela, que parecia prestes a explodir ao presenciar toda aquela cena entre nós dois.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now