Capítulo 3: Eu amo dançar.

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Me escorei na parede atrás de mim, observando-a deixar a bebida na bancada, com um leve curvar desagradável nos lábios. Quando se virou pra mim, corou quando percebeu que meus olhos estavam seguindo os movimentos dela. Mas ela era bonita demais pra estar ali sozinha.

—E você tem idade pra beber? —Indaguei, erguendo uma das sobrancelhas, vendo os lábios dela tremerem quando ela ameaçou sorrir.

—Já tenho 18 anos. —Afirmou, com uma convicção que quase me fez acreditar nela. Ela não parecia nova demais, mas eu tinha quase certeza de que tinha menos de 18 anos, o que era uma pena pra mim.

—Onde estão suas amigas? —Indaguei, observando-a olhar ao redor e dar de ombros, como se não tivesse a mínima ideia. —Gostou do jogo?

—Ah, sim, eu amo beisebol. Gostei de ir assistir. —Ela abriu um sorriso largo, que fez algo quente atravessar meu peito. Bonita demais. Com um sorriso ainda mais bonito. —Meu irmão me falou que iria ter um jogo, então resolvi ir assistir antes de ir embora da cidade.

—Você não é daqui então. —Constatei, vendo-a confirmar com a cabeça, sem tirar os olhos de mim, assim como eu não tirava os olhos dela, sentindo vontade de me aproximar mais, enquanto meu coração martelava no meu peito, porque os olhos dela eram quase hipnotizantes.

—Estou só passando as férias. —Esclareceu, enquanto eu assentia, observando que ela estava mais perto de mim, os olhos brilhando em ansiedade e nervosismo, como se ela esperasse alguma coisa de mim.

—Desculpe pela bola mais cedo. Você ainda está com ela, não está?

—Já guardei nas minhas coisas. —Afirmou, desviando os olhos de mim para as pessoas que dançavam, com uma expressão pensativa. —Eu te desculpo, se você me levar pra dançar.

—Lá no campo eu pensei que você fosse tímida. —Estendi minha mão pra ela, observando-a rir de uma forma muito inocente, enquanto segurava minha mão. A pele gelada contra minha causou um arrepio por todo meu corpo, mudando o ritmo da minha respiração. —Você ainda não me disse seu nome.

—Elisabeth. —Ela ficou de frente pra mim quando paramos no meio das pessoas que dançavam, engolindo em seco quando segurei a cintura dela e a puxei para perto, enquanto suas mãos se erguiam para envolver meus ombros. O calor percorreu meu corpo quando ela sorriu, com as bochechas muito vermelhas. —Mas todo mundo só me chama de Elisa.

—É um nome muito bonito.

—É em homenagem a uma pessoa importante. —Esclareceu, se inclinando mais para perto de mim, enquanto meus dedos sentiam o calor da sua pele pelo fino tecido do vestido. —E o seu é Caleb, não é? Sua família é bem conhecida na cidade. Escutei eles falando sobre os Carson's no jogo.

—É uma família grande e barulhenta demais pra passar despercebida. —Falei, dando de ombros, o que a fez rir e observar meu rosto, como se estivesse deslumbrada. Talvez eu também estivesse, porque sabia que não passaríamos daquilo ali. Ela realmente era bonita demais pra eu ter tanta sorte.

Afastei o corpo dela no meu e a girei quando chegou uma parte específica da música, escutando ela rir, antes do corpo vir contra o meu de novo, com meus braços a mantendo junto a mim. Seu perfume fez meu corpo inteiro estremecer, enquanto algo dançava na boca do meu estômago. Uma sensação quase de euforia.

—Eu amo dançar. —Sussurrou, passando os braços ao redor dos meus ombros de novo, enquanto soltava uma suspiro de pura satisfação, que fez meu sorriso crescer. —Faço aulas de balé desde muito pequena.

—Você deve ficar linda com aquelas roupas de bailarina. —Afirmei, inclinando meu rosto para perto do dela, adorando ver o quão corada ela ficou com o meu comentário, mesmo que tivesse me dado um sorriso lindo em resposta. —Quer dar uma volta comigo?

Ela balançou a cabeça que sim quando a música acabou e outra começou. Entrelacei meus dedos aos dela, puxando-a pelo meio de todas aquelas pessoas até a porta dos fundos. De relance, vi Adam, Hannah e Hazel jogando beer pong juntos. Adam olhou na minha direção, erguendo as sobrancelhas quando viu que eu estava acompanhado, me lançando um sorriso muito animado.

—Aquelas são suas irmãs? —Elisa indagou, enquanto passávamos pela porta para ir até o jardim nos fundos, que também estava cheio de pessoas.

—É, a Hannah e a Hazel. —Falei, olhando pra ela de relance, me perguntando se ela tinha ouvido fala das minhas irmãs quando estava assistindo o jogo também. —O seu irmão veio com você pra festa?

—Não. Meu irmão odeia festas. —Afirmou, parando na minha frente quando chegamos até uma árvore. Os olhos de Elisa procuraram os meus, com um brilho tão bonito que era quase difícil de ignorar. Ela abriu a boca para dizer algo, antes de hesitar.

—Ei, a gente estava te procurando! —As amigas dela surgiram do meio das pessoas, rindo como se tivessem bebido mais do que deveriam. As duas quase tropeçaram no chão e caíram quando me viram com ela, antes de a encararem com os olhos arregalados e um sorriso difícil de disfarçar. —O seu irmão não para de te ligar.

—Ah, eu vou falar com ele. —Ela pegou o celular que uma das amigas estava estendendo, antes de me lançar um sorriso sem graça e se afastar um pouco, enquanto mandava uma mensagem pra alguém.

—Vocês duas beberam? —Indaguei, vendo-as confirmar com a cabeça, soltando risadinhas. —E vocês tem idade pra isso? —Elas trocaram um olhar demorado, deixando claro que eu estava certo no final das contas. —Estão sozinhas?

—A gente estava com o irmão da Elisa, mas ele precisou ligar pro senhor Graham e a gente aproveitou pra sair. —Uma delas disse, dando de ombros, enquanto eu ficava rígido, sentindo algo gelado escorrer pelo meu sangue quando ouvi aquilo.

—Senhor Graham?

—É, o pai da Elisa. —A garota falou, como se fosse óbvio, antes de rir junto com a outra e as duas desaparecerem de novo.

Olhei para Elisa, vendo-a se aproximar de mim com um sorriso tímido, enquanto se encolhia contra o ar frio da noite. Tirei minha camisa e coloquei sobre os ombros dela, ganhando um sorriso que poderia muito bem fazer meu coração disparar, se não fosse pela sensação amarga na boca do meu estômago. Conhecia aquele sobrenome. E, principalmente, conhecia alguém que tinha aquele sobrenome e uma filha chamada Elisa.

Como eu posso ser tão azarado?

—Eu preciso ir no banheiro. Pode me esperar aqui? —Indaguei, vendo-a confirmar com a cabeça, enquanto apertava minha camisa fechada. —Eu não vou demorar. Não sai daqui.

—Não vou a lugar nenhum. —Prometeu, me seguindo com aqueles olhos verdes enquanto eu me afastava. E por algum motivo eu sabia que ela estava falando a verdade.

Entrei na casa e segui até o banheiro, me fechando lá e esfregando a mão na testa com força, sentindo uma frustração muito grande, que eu nem sabia ao certo de onde vinha. Estava meio óbvio pra mim que ela era mais nova. Mas não estava esperando ouvir aquele sobrenome e ligar os pontos tão rápido. Tinha certeza que conhecia perfeitamente o irmão dela e sabia porque ele não estava na festa.

Puxei meu celular do bolso, abrindo os contados e procurando pelo nome dele. Não demorei para encontrar, sentindo aquela sensação amarga no meu estômago subir para minha garganta. Cliquei no ícone de ligar e levei o celular a orelha. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer naquele momento, quando ele atendeu o telefone.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now